29 de maio de 2002
Giesbrecht: Não é para rir?

Por Alexandre Giesbrecht

O Washington Capitals já virou motivo de brincadeira em Pittsburgh. No que parece ser um ritual anual, os Caps já se cansaram de perder para os Penguins, de todas as maneiras possíveis. Não, espere aí: eles ainda — ainda! — não perderam uma série para os Pens depois de fazer 3-0 — claro, eles nunca fizeram 3-0 numa série contra os Pens. Como a lista é longa, é melhor eu começar logo, senão a página vai ficar muito pesada:

1991 -- O primeiro jogo de playoffs da história entre os dois times terminou com vitória dos Caps em Pittsburgh, 4-2, válido pelas finais da Divisão Patrick (hoje seriam as semifinais de conferência). Aliás, vencer o primeiro jogo é algo até comum para eles. Vencer a série é que tem sido o difícil, como já mostrou esta primeira. O segundo jogo foi dos Pens, 7-6 na prorrogação, mas depois disso o Washington marcou apenas um gol em cada um dos outros jogos e os Pens levaram a série por 4-1 — e o título, um mês depois.

1992 -- Em 1992 os Caps possuíam um grande time. Aliás, a então Divisão Patrick teve os dois melhores times da liga, os Rangers e os próprios Caps. Mas, como todos já devem saber, o título acabou mesmo com os Pens, que eliminaram os Caps na primeira fase. Foi difícil e os Pens precisaram tornar-se um dos poucos (hoje são 16) times a virar uma desvantagem de 3-1 na série. Nos dois jogos em Washington, boa vantagem para os Craps, que venceram ambos. No jogo 3, 6-4 para os Pens, mas o jogo 4 pareceu ser praticamente definitivo: sonoros 7-2 para o time da capital americana. Com dois jogos em Washington, a coisa parecia feia, mas os Pens ganharam os jogos 5 e 6, forçando o sétimo, também vencido por eles.

1994 -- Depois de um hiato de um ano, Pens e Caps voltaram a se enfrentar nos playoffs. Depois de uma vitória de cada lado em Pittsburgh, os Caps venceram os dois jogos em casa, jogando muito bem na defesa. Os Pens, segundos colocados na Conerência Leste, ainda deram um último suspiro no jogo 5, vencido com muita dificuldade por 3-2, mas sucumbiram no jogo 6, levando seis gols. Esta foi a única vitória do Washington nos confrontos em playoffs.

1995 -- Pela terceira vez seguida os Pens, terceiros do Leste, saíram atrás dos Caps, 3-1. Novamente, cada time ganhou um jogo em Pittsburgh e, em Washington, show dos Caps, com duas vitórias por 6-2. No jogo 5, Luc Robitaille deu a vitória aos Pens na prorrogação, depois de um passe do inexpressivo François Leroux, garantindo a sobrevida do time por mais um jogo, só que fora de casa. Quando todos esperavam uma repetição da situação do ano anterior, os Pens partiram para cima do goleiro Jim Carey (sim, com o nome quase igual ao do astro do cinema), fazendo 2-0 logo de cara. Carey saiu, dando lugar a Olaf Kolzig — que era quem a imprensa gostaria de ter visto no gol desde o início da série —, que se contundiu poucos segundos depois. Com Carey de volta ao gol, a vitória veio fácil para os Pens: 7-1. O jogo 7 foi uma mera confimação do que já estava previsto, com um 3-0 que foi ainda mais fácil do que o placar indica, incluindo um gol do zagueiro Norm Maciver, que partiu da frente de seu goleiro até o gol adversário sem sequer ver algum adversário à sua frente.

1996 -- Outra série histórica. Depois dos dois primeiros jogos, em Pittsburgh, os Caps já tinham 2-0 e pareciam dispostos a varrer os Pens, mais uma vez segundos no Leste, dos playoffs. Mas o goleiro Tom Barrasso teve uma atuação espetacular no jogo 3, garantindo a vitória por 4-1. No jogo 4, o famoso jogo das quatro prorrogações. Os Caps tinham 2-0 no placar, jogavam em casa e Mario Lemieux havia sido expulso. Ainda assim, os Pens conseguiram empatar a partida, com gols de Petr Nedved e Jaromir Jagr, levando-a à prorrogação. Depois de três períodos sem gols, Nedved marcou no finzinho do quarto tempo extra, empatando a série em 2-2. Com o momento todo do lado do Pittsburgh, os Caps não ofereceram resistência no jogo 5 (ou seria mais uma prorrogação?) nem no 6, caindo por 4-2.

2000 -- Os Caps não foram aos playoffs em 1997 e 99, chegando às finais em 98, quando os Pens foram eliminados pelo Montreal na primeira fase. Em 2000, novamente a rotina: Pens x Caps na primeira fase. Esta foi, talvez, a série mais fácil: os Caps eram os terceiros na Conferência (graças ao fato de terem vencido a fraca Divisão Sudeste) e tinham o mando de gelo. Grande coisa: os Pens venceram o primeiro jogo por 7-0. Como o MCI Center, em Washington, e a Mellon Arena, em Pittsburgh, tinham problemas de datas, os dois jogos seguintes foram em Pittsburgh. Com uma vitória na prorrogação e outra em um jogo equilibrado, os Pens fizeram 3-0. No jogo seguinte, vitória dos Caps em casa, 3-2. No jogo 5 também no MCI Center, os Pens fecharam a série em 4-1, com um 2-1 — gol da vitória de Jagr.

2001 -- De novo os Caps venceram sua Divisão. De novo enfrentariam os Pens. No primeiro jogo, uma performance quase sem erros da defesa dos Caps garantiu a vitória por 1-0 em casa, mas no jogo seguinte Lemieux deu a vitória por 2-1 aos Pens. No jogo 3, em Pittsburgh, foi a vez de a defesa dos Pens jogar perfeitamente: 3-0. O jogo 4 foi decidido na prorrogação, com um gol de Jeff Halpern para os visitantes. Jogo 5, nova vitória dos Pens fora, de novo com gol decisivo de Lemieux. O jogo mais equilibrado da série foi o 6, que acabou decidido somente na prorrogação, depois que o zagueiro Sergei Gonchar, do Washington, tropeçou no próprio patim, perdendo o disco para Martin Straka, que, sozinho contra Kolzig, deu a vitória por 4-3 no jogo e 4-2 na série para os Pens. Um fato curioso que marcou a série foi o bloqueio do site dos Caps para venda de ingressos para torcedores da região de Pittsburgh, imposto pelo dono do time. Pelo que se viu, de nada adiantou.

Ou seja, dos sete confrontos os Pens venceram nada menos que seis. E já estão esperando pelo próximo: alterando ligeiramente o sentido do ditado "se não pode vencê-los, junte-se a eles", os Caps, depois da última derrota, foram atrás de Jagr e o trocaram por três prospectos. O problema foi que, nestes playoffs, ambos os times acabaram ficando de fora. Não importa. É bem provável que no ano que vem vejamos mais um duelo.

Alexandre Giesbrecht, torcedor dos Penguins, acompanhou de perto as últimas quatro vitórias (e a derrota) contra os Caps, principalmente as três últimas, depois do advento da Internet.
ROTINA Tyler Wright, então nos Pens, comemora, enquanto Jeff Halpern (11) lamenta, e os Caps são eliminados no jogo 5 de 2000 (Nick Wass/AP - 21/04/2000)
 
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Página publicada em 27 de maio de 2002.