Quando o St. Louis Blues recrutou Erik Johnson com a 1.ª escolha geral do recrutamento de 2006, Doug Armstrong, gerente geral da franquia do Missouri, esperava que o defensor vindo do programa nacional de desenvolvimento, situado em Ann Arbor (Michigan), virasse um atleta de elite e desse estabilidade para sua defesa nos seguintes anos da carreira dele. Mas o tiro saiu pela culatra e o mesmo GG tão esperançoso quanto a carreira de Johnson mandou o atleta junto com o atacante Jay McClement para o Colorado Avalanche em troca do jovem defensor Kevin Shattenkirk e de Chris Stewart, forte homem de frente.
Johnson foi um dos únicos dois jogadores de defesa recrutados com a primeira escolha do recrutamento nos últimos dez anos (o outro foi o goleiro Marc-Andre Fleury, do Pittsburgh Penguins, em 2003) e foi o único dessas dez escolhas que realmente não mostrou o que esperavam dele. Erik foi destaque da defesa americana nos dois ouros seguidos no Mundial Sub-17 em 2005 e 2006, inclusive sendo eleito o melhor jogador da seleção em sua segunda oportunidade. Além disso, no Mundial Sub-20 de 2007, o defensor ajudou os americanos a chegar ao bronze e foi um dos três maiores pontuadores do torneio.
Apesar do sucesso no nível júnior, Johnson ainda não conseguiu se firmar no nível profissional. Um pouco de seu desenvolvimento foi freado por uma lesão que o forçou a ficar fora de uma temporada inteira, mas apesar disso ele ainda é um defensor muito cru em sua zona. Contudo, ele vem anotando bons números no ataque, mas não o suficiente pra justificar seu status de 1.ª escolha geral do recrutamento
Junto com Johnson, Jay McClement foi para Denver. Uma bela adição, visto que o central canadense é muito bom nos faceoffs e chega para um fechar um sólido grupo de centrais junto com Paul Stastny, Matt Duchene e Ryan O'Reilly. Enquanto isso, o St. Louis Blues recebeu Kevin Shattenkirk, defensor com um grande potencial ofensivo, posição na qual os Blues estavam necessitados, e Chris Stewart, mais um atacante forte que marca gols.
No fim, acabou sendo uma troca igual, válida para os dois lados, apesar de que surgiu uma opinião bastante contrária. Peter Stastny, pai de Paul Stastny (atual jogador do Colorado) e ex-jogador do Quebec Nordiques (o antigo nome do Avalanche), detonou o gerente geral do Colorado pela troca. Transcrevendo as palavras de Peter para Adrian Dater, que cobre o time de Colorado para um jornal da região: "Esse time jovem estava pronto para tentar disputar a Copa Stanley nesta temporada. A única coisa que eles precisavam é de mais entrosamento e trabalho conjunto. Ao invés disso, eles destruíram o time. Para mim, essa foi uma troca que favoreceu apenas um lado.
"O Sr. Armstrong (GG dos Blues) parecerá um gênio. Eu não sei o que estavam pensando na organização do Colorado. Eu não deveria dizer isso, mas eu estou realmente bravo com que eles fizeram com esse time. Eles moveram o time para mais ou menos três anos atrás." Talvez Peter esteja com a razão em dizer sobre o retrocesso do time, mas não era um time pronto para lutar pela Copa Stanley. E com essas declarações, ele pode ter deixado seu filho em maus lençóis dentro da organização, ainda mais perto de um dia-limite de trocas, onde sabemos que tudo pode acontecer.
Mas a polêmica sobre a transação só aumentou quando o Avalanche foi até St. Louis para disputar um jogo adiado contra os Blues, em razão de uma nevasca. Na manhã do jogo, após o treino habitual, Erik Johnson deu uma entrevista à mídia dizendo que faria Armstrong, o gerente geral do Blues, se arrepender por trocá-lo. Naquela noite, Erik Johnson marcou seu primeiro gol vestindo a camiseta do Avalanche e desempatou o jogo que estava 2 a 2. Durante sua intensa comemoração, ele teve que ouvir o órgão do Scottrade Center tocando a música "F**k you" do cantor americano Cee-Lo Green. Apenas coincidência ou uma clara mensagem da organização para Johnson? Tire sua conclusão assistindo o vídeo aqui.
No fim, acaba sendo uma troca onde os dois lados ganharam, onde os dois times conseguiram suprir necessidades. Continuam sendo dois times sem chance de Copa Stanley nesse ano, mas não dá pra dizer que não são times que conseguiriam chegar bem aos playoffs. Mas só vamos descobrir quem vai sair ganhando depois de esperar o desenvolvimento dos jogadores, que são todos jovens.
Matheus Rocha voltou a falar de futebol nos Estados Unidos na Trivela.