Por: Marcelo Constantino

Craig Rivet nunca foi um defensor de ponta na NHL. A carreira dele bate com o período em que passei a acompanhar a NHL (a primeira temporada cheia dele foi em 1997-98) e, na verdade, nunca dei muita atenção a ele. Tinha na cabeça que se tratava de um bom defensor, mas não muito mais que isso. Defensor defensivo, que brigava quando necessário e fazia seu papel com eficiência (ninguém passa mais de dez anos na NHL se for um jogador medíocre). A imagem dele, na minha cabeça, sempre foi muito atrelada ao Montreal Canadiens, time que defendeu durante a maior parte de sua carreira.

Escolhido pelos Habs em 1992 na terceira rodada daquele recrutamento, Rivet somente seria negociado 15 anos depois, em 2007, para o San Jose Sharks. Jogou o resto da temporada de 2006-07 e a de 2007-08 inteira por lá -- foi a melhor temporada de sua carreira em termos de pontos. Logo depois, foi negociado para o Buffalo Sabres, onde tornou-se capitão do time após uma votação entre os jogadores.

Na quarta-feira passada o Buffalo colocou o seu capitão na Desistência (“waiver”). O gesto, que poderia ser considerado um acinte, é mera conseqüência de uma situação que já se desenrola há semanas: Rivet estava barrado do time há 16 jogos -- desde 11 de janeiro passado. Mais que isso: boa parte da torcida já queria vê-lo longe de Buffalo há algum tempo. A rigor, o que o segurava ao time, além de um mínimo de consideração (o cara era capitão do time!), era o contrato de US$ 3,5 milhões, em seu último ano (e ainda faltam cerca de US$ 1 milhão a pagar). É também o último da carreira do jogador, conforme anunciado (anda que de forma não assertiva) pelo próprio antes de a temporada começar.

O gerente dos Sabres, Darcy Regier, foi bem claro ao dizer que tentou negociar o defensor -- desejo inclusive do próprio jogador --, mas não teve sucesso. Colocá-lo na Desistência, segundo o gerente, é dar a ele uma chance de jogar (ou seja, se ninguém quis via troca, talvez alguém queira de graça). Em outras palavras, ao que tudo indica, não há mais espaço na NHL para Rivet. Caso nenhum time reclame o jogador na Desistência, o Buffalo ainda tentará uma solução amigável (provavelmente um fim de contrato antecipado, com algum desconto nos valores finais).

É claro que é desconfortável colocar um jogador com a bagagem de Rivet na Desistência, colocar o capitão do seu time na Desistência. É constrangedor você ter um peso no time e não ter como se livrar dele em função da história (a bagagem) e do símbolo (o C da camisa) que ele representa. Mesmo o técnico Lindy Ruff, o responsável final por não escalar o defensor no time, fica desconfortável -- embora firme em sua decisão -- ao dar entrevistas sobre o assunto.

O Buffalo segue na briga por uma vaga nos playoffs. Há algum tempo ocupando a 9ª colocação na Conferência Leste, estava a meros três pontos do Carolina Hurricanes, oitavo colocado, na quinta-feira. A campanha do time na temporada é relativamente regular (leia-se, ganha e perde com a mesma frequência), na faixa dos 50% de aproveitamento. A franquia acaba de ser negociada.

Aliás, a mudança de dono dos Sabres parece ter influenciado esta decisão sobre Rivet. Ao que tudo indica, quando Tom Golisano era o dono, sequer era considerada a hipótese de se desfazer do defensor. Terry Pegula, o novo dono, parece ter concedido liberdade para que a gerência assim o fizesse. A poucos dias do dia-limite de trocas, a hora é agora para Rivet. Do contrário, talvez o melhor a fazer seja dar a carreira por encerrada e arrumar um acordo -- isso se os Sabres não rescindirem (buy out) o contrato antes. Dinheiro à parte, juntar-se a Wade Redden na AHL me parece a pior das alternativas.

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Atualização de domingo: no sábado (ao menos foi no sábado que saiu a notícia) o Columbus Blue Jackets resgatou Craig Rivet da Desistência. Na briga por uma vaga nos playoffs, o time precisava de um defensor experiente. Bom para Rivet.

Marcelo Constantino recomenda “O vencedor”.

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Craig Rivet, com a camisa de capitão do Buffalo Sabres.

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Página publicada em 1 de março de 2011.