A proximidade do dia-limite de trocas levou a uma intensa atividade no mercado nas últimas duas semanas. Entre os dias 14 e 25 de fevereiro, 18 negociações foram concluídas com sucesso, envolvendo 16 equipes, 33 jogadores e 16 escolhas no recrutamento.
O Ottawa Senators promoveu um desmanche em seu elenco, se desfazendo de três jogadores. Saíram os atacantes Chris Kelly (Boston Bruins), Jarkko Ruutu (Anaheim Ducks) e Alexei Kovalev (Pittsburgh Penguins), em troca de escolhas de segunda, sexta e sétima rodadas. É o procedimento natural para um time sem esperança na temporada e que vai tentar se reerguer através do recrutamento, ainda que algumas das trocas sejam apenas para se livrar de jogadores inúteis. Em outra negociação, a equipe inverteu goleiros com o Colorado Avalanche, apostando na recuperação de Craig Anderson, que faz péssima temporada, e mandando Brian Elliot para os Avs.
Outro time ativo no mercado foi o Toronto Maple Leafs. Na ponta vendedora, os Leafs encerraram semanas de especulação trocando Kris Versteeg com o Philadelphia Flyers por escolhas de primeira e terceira rodadas, um ótimo retorno por um atacante que não deu certo em Toronto. Mas nenhum jogador teve o seu nome tantas vezes envolvido em especulação nos últimos anos que Tomas Kaberle. O defensor finalmente foi negociado, para o Boston, em troca de escolhas de primeira e segunda rodadas, além de um prospecto. Kaberle sempre teve os seus dias contatos em Toronto porque não era um jogador de Brian Burke. Na ponta compradora, os Leafs adquiriram o atacante Aaron Voros, ex-Anaheim, por uma escolha de sétima rodada.
Ao adquirir Versteeg, os Flyers aumentaram ainda mais o poder de fogo
do terceiro melhor ataque da temporada, o que possibilitou jogar o apático Nikolai Zherdev na Desistência. Se pelo Toronto Versteeg não foi o mesmo dos tempos de Chicago, é possível que na Philadelphia desenvolva o seu jogo ao ponto de alcançar a terceira temporada consecutiva marcando 20 ou mais gols. Provavelmente não há em toda a liga um time com três linhas de ataque tão boas quanto as do Philadelphia.
Assim como os Senators, os Ducks lideraram o período com quatro trocas realizadas, nenhuma de grande impacto. As saídas de Voros e do defensor Paul Mara não devem ser sentidas pelo time, assim como a chegada de Ruutu. Em uma medida desesperada, o time inverteu goleiros com o Tampa Bay Lightning, enviando Curtis McElhinney em troca de Dan Ellis. O Anaheim teme pelas condições de Jonas Hiller, recentemente afastado por contusão, e não confia plenamente em Ray Emery, contratado como agente livre. Para o Lightning, era a oportunidade de aliviar a folha salarial.
O Montreal Canadiens é o destino de Mara, assim como o de Brent Sopel e Nigel Dawes, que estavam no Atlanta
Thrashers. São dois defensores contratados para suprir as ausências dos titulares contundidos.
O Lightning reforçou a defesa contratando Eric Brewer, que estava no St. Louis Blues, provando que o time almeja fazer uma boa campanha nos playoffs. Ainda que tenha um saldo +/- negativo com mais de três dígitos, Brewer é um defensor de segunda linha, para atuar 20 minutos por jogo e fazer parte dos dois times especiais. Os Blues somente o negociaram, e por tão pouco (um prospecto e uma escolha de terceira rodada), porque o jogador está em seu último ano de contrato.
Como destaque da ponta compradora do mercado está o Boston, que adquiriu Kelly e Kaberle. O defensor terá um lugar fixo no time de vantagem numérica e na segunda linha, deixando os Bruins ainda mais profundos no setor liderado por Zdeno Chara. Em outra negociação, para abrir espaço no teto salarial, o time trocou Blake Wheeler e Mark Stuart com o Atlanta por Rich Peverley e Boris Valabik. Bom para eles, bom para os Thrashers, que recebem os melhores jogadores na negociação.
Outro time que se reforçou no período foi o Pittsburgh, especialmente pela aquisição de James Neal e Matt Niskanen, do Dallas Stars, em troca de Alex Goligoski. A chegada de Kovalev é explicada pelo sentimentalismo. Neal é o ponta que tanta falta fazia aos Penguins para jogar com Sidney Crosby na primeira linha. Ele é comparado a Bill Guerin, por sua força e oportunismo. Niskanen completa a defesa cobrindo o espaço deixado por Goligoski, em quem o Dallas apostou com tanta vontade a ponto de abrir mão de dois jogadores. Talvez os Stars tenham visto no defensor alguém para liderar o time ofensivamente a partir da linha azul, já que em seu elenco não há nenhum defensor com pontuação expressiva na temporada.
Ainda não se sabe por que Carolina Hurricanes e San Jose Sharks fizeram duas trocas distintas no mesmo dia. Na primeira, o Carolina prometeu pagar futuras considerações pelo defensor Derek Joslin. Na segunda, os Sharks adquiriram Ian White em troca de uma escolha de segunda rodada. Será que liberar White seriam as futuras considerações ou os Hurricanes ainda vão ceder uma escolha no recrutamento como pagamento por Joslin? Em outra negociação, os Canes trouxeram de volta o atacante Cory Stillman, que estava no Florida Panthers, em troca de Ryan Carter e uma escolha de quinta rodada. O time da Carolina frequentemente traz de volta jogadores do seu passado.
Na última das 18 trocas do período, o Florida adquiriu o defensor Alexander Sulzer do Nashville Predators por uma escolha condicional.
E na maior troca da temporada, que pode entrar para a história das equipes envolvidas, o Avalanche recebeu Erik Johnson, Jay McClement
e uma escolha de primeira rodada em troca de Chris Stewart, Kevin Shattenkirk e uma escolha de segunda rodada. Johnson foi a primeira escolha geral do recrutamento de 2006, o que já faria dessa uma troca notável, mas, além disso, Stewart também é proveniente da primeira rodada de 2006, tendo sido selecionado na 18.ª posição geral.
Johnson era considerado um dos defensores mais promissores de sua geração, um nome em volta de quem os Blues deveriam reconstruir seu time. No entanto, ele nunca foi tão bom quanto deveria ser, assim como o time nunca o ajudou. Sua segunda temporada na liga foi perdida graças a uma polêmica contusão provocada por um carrinho de golfe. Stewart se destacou no Colorado na temporada passada, quando marcou 28 gols e 64 pontos, números admiráveis para um atacante no segundo ano de sua carreira. Sua produção ofensiva continuava no mesmo ritmo neste ano, com 13 gols e 30 pontos em 36 jogos, provando que 2009-10 não foi um lampejo. Shattenkirk, defensor nunca recrutado, está em sua primeira temporada na NHL, tendo participado até do Jogo das Estrelas entre os novatos. Com características ofensivas, somava sete gols e 26 pontos até trocar de time, atuando quase 20 minutos por jogo.
A troca rendeu críticas para os dois lados, mas é preciso reconhecer a coragem dos gerentes gerais envolvidos. Caso Johnson se transforme em um grande defensor, Doug Armstrong ficará marcado como o gerente que o mandou embora de St. Louis. E se Stewart enfileirar temporadas acima dos 30 gols, Greg Sherman é quem vai levar a má fama no Colorado.
No primeiro momento, maior risco correu Armstrong, mas após uma semana os números dos jogadores em seus novos times estão a seu favor.
Stewart marcou seis gols em cinco jogos pelos Blues e Shattenkirk somou três assistências, enquanto Johnson marcou um gol em três jogos pelos Avs.
Essa é uma das trocas para levantar o torcedor da cadeira. Na segunda-feira, dia 28, muitas outras podem acontecer, mas os últimos onze dias de intensa movimentação podem esvaziar o dia-limite de trocas.
Humberto Fernandes queria que o dia-limite fosse na semana que vem, durante o carnaval, para poder acompanhá-lo ao vivo.