Todos os times enfrentam lesões, isso não é desculpa para más atuações ou campanhas ruins. Mas poucos foram tão atingidos por contusões nas últimas temporadas quanto o Detroit Red Wings. Desde a temporada 2007-08, pelo menos oito titulares absolutos perdem um mínimo de cinco partidas devido a lesões.
Neste momento, os Red Wings não contam com os serviços dos centrais Mike Modano e Pavel Datsyuk, dos pontas Dan Cleary e Tomas Holmstrom, do defensor Brad Stuart e dos goleiros Chris Osgood e Jimmy Howard. Exceto Howard, nenhum desses deve voltar ao gelo antes do Jogo das Estrelas.
Embora muitos tentem justificar essas contusões com a alta média de idade do elenco de Detroit, essa claramente não é a razão, em virtude da forma como aconteceram. Modano foi atingido por um patim no pulso que danificou nervos e tendões, Datsyuk quebrou a mão ao cair em cima dela, Cleary foi acertado por um chute no tornozelo e Holmstrom na mão, Howard levou um disco no único lugar não coberto por equipamentos em seu joelho. Todos eles acidentes que podem acontecer com qualquer um, independentemente da idade.
Já Stuart foi vítima de uma cotovelada criminosa que só rendeu seis jogos de suspensão a Tom Kostopoulos, dos Flames. Enquanto isso, Stuart passou por uma cirurgia na mandíbula, que está fechada por linhas e placas de metal. Das lesões que aconteceram mais cedo na temporada, Brian Rafalski ficou de fora por um mês para corrigir um problema que tinha no joelho desde os 18 anos e Jonathan Ericsson deu um mau jeito nas costas, do alto de seus 26 anos.
As únicas contusões que podem ser creditadas à idade são as de Osgood e, mais cedo, de Kris Draper, ambos com problemas na virilha. Mas nem assim podemos considerar apenas a idade, já que o jovem central Valtteri Filppula já perdeu jogos com dores na virilha e Henrik Zetterberg sofre com problemas crônicos nas costas, apesar de ter apenas 30 anos.
Os Wings estão conseguindo se safar com tantas lesões nos últimos anos, já que nas temporadas mencionadas o time chegou a duas finais de Copa Stanley, ganhando uma delas e perdendo a outra no jogo 7. No ano passado, quando até nove titulares estiveram de fora de alguns jogos, Detroit se segurou como pôde até todos ficarem saudáveis, após as Olimpíadas, e daí para frente o time atropelou a liga e chegou em 5.º na conferência.
O treinador Mike Babcock gosta de dizer que a lesão de um é a oportunidade de outro, e é por isso que o time não é tão afetado quanto deveria ser por tantas ausências. Na temporada passada, Osgood perdeu 13 jogos por contusão e Howard se aproveitou, fazendo por merecer a titularidade. Neste ano, os jogadores de quarta linha Darren Helm e Patrick Eaves estão ganhando mais tempo de gelo e aproveitando a chance, conquistando papéis mais ofensivos.
Além disso, as estrelas que não se machucaram estão segurando o time no topo. Henrik Zetterberg tem 20 pontos nas últimas 15 partidas, e o defensor Nicklas Lidstrom, aos 40 anos, tem uma das melhores temporadas da carreira com 41 pontos nas 44 partidas disputadas. Johan Franzén está chegando mais perto daquilo que se espera dele e tem 18 gols em 43 jogos.
Nesta temporada, as lesões ocorreram após a equipe construir uma boa vantagem na liderança da Divisão Central e se posicionar bem na Conferência Oeste, o que dá mais liberdade para arriscar, diferente da temporada passada, quando as lesões ocorreram mais cedo e o time se viu obrigado a disputar a 8.ª vaga até fevereiro. Sem muita pressão, os Wings conquistaram 14 dos últimos 20 pontos disputados e se mantém na briga pela liderança da liga mesmo não jogando tão bem.
O provável é que a equipe se mantenha entre as primeiras, mas perca um pouco de espaço na divisão. A partir da volta dos melhores jogadores, fica a critério do time trabalhar duro para ganhar a maior quantidade possível de pontos ou jogar o resto da temporada em banho-maria para se não desgastar para a pós-temporada, desgaste que acabou com as chances de título no ano passado.
Fato é que, mesmo com tantas lesões, o Detroit Red Wings tem a profundidade para se manter perto do topo e, quando chegarem os playoffs, eles devem estar saudáveis para, mais uma vez, ser um dos grandes favoritos a ganhar a Copa Stanley.
Guilherme Calciolari fechou esta matéria antes do jogo de sábado e torce para que não precise remendá-la.
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