Por: Alexandre Giesbrecht

Em uma série de sete jogos todos têm sua importância. Dizem por aí que o segundo jogo é o mais importante, pois seu vencedor nas finais da Copa Stanley leva o título em uns dois terços dos casos. Fala-se também do sétimo jogo, pois vira basicamente uma série de um jogo só, mas é razoavelmente raro que uma série precise ir ao limite. Ou do sexto, que ou decide uma série ou leva-a para o sétimo jogo, dando moral para seu vencedor.

Mas, dependendo do placar dos dois primeiros jogos, o terceiro jogo pode ser determinante para o sucesso ou fracasso de um time. Em uma semana em que tivemos de esperar os jogos 3 para sairmos, o que só pôde ocorrer no sábado, vale a pena refletir sobre isso, até porque tivemos dois cenários de terceiro jogo.

Ainda é cedo para falar em sucesso ou fracasso, pois nenhuma das séries está decidida, mas já é possível falar em um quase sucesso na decisão do Oeste, onde os Blackhawks abriram três jogos a zero. Depois de 35 anos, na fase anterior tivemos um time virando tal placar adverso, e o intervalo entre tais proezas já mostra quão ínfimas são as chances de os Sharks reverterem sua situação. Sem dúvida o time sabia disso antes do jogo 3, e sabia que uma derrota praticamente lhes tiraria as chances de lutar pela Copa. Pressão adicional em uma série que já tinha pressão demais, especialmente para o San Jose, um time que não é conhecido pelo seu sucesso na pós-temporada.

Enquanto isso, no Leste, os Flyers, que também tinham aberto 2-0 na série — e de maneira impiedosa, com dois shutouts —, chegaram para o jogo 3 também com a consciência de que uma vitória os aproximaria muito das finais da Copa. É claro que, por estarem em vantagem, usariam o discurso de que mesmo com uma vitória nada estaria decidido, ainda mais tendo fresco em sua memória o feito que haviam alcançado menos de uma semana antes.

Com o total domínio dos dois primeiros jogos, eu já estava imaginando onde tinha ido parar o equilíbrio que se viu especialmente na primeira fase. Ao menos em tese, as fases finais deveriam ser mais equilibradas que as iniciais. Ora, se a primeira fase fora tão parelha, as finais de conferência deveriam ser uma verdadeira briga de foice decidida na vigésima-quinta prorrogação do jogo 7.

Se no Oeste as vitórias dos Hawks foram até apertadas, especialmente a primeira, no Leste não houve dúvidas sobre os resultados. Se havia um time a ter três jogos de vantagem, teria de ser o Philadelphia, não o Chicago. Mas, como não estamos na previsível liga de bola-ao-cesto, os Habs impuseram seu jogo em casa e, ao invés de ficarem caídos aos pés do adversário à espera do tiro de misericórdia, estão a uma vitória em casa de chegar ao empate na série.

Mesmo o Oeste não estando decidido, não é difícil imaginar que os Sharks tenham menos tempo de vida pela frente do que uma planária. Já do outro lado do continente, é impossível fazer um prognóstico. Qualquer palpite não será mais do que um... bem, do que um palpite.

Alexandre Giesbrecht, publicitário, .
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Página publicada em 22 de maio de 2010.