Que me perdoem os torcedores do Chicago Blackhawks e do San Jose Sharks, mas a atenção da NHL no momento é maior quanto ao que acontece na Conferência Leste. Não que os times de lá sejam melhores (não creio que sejam, mas ambos já demoliram uma avalanche de previsões contrárias), mas porque trata-se de um confronto inesperado entre dois mega-azarões, os dois últimos classificados na temporada. No Oeste é o confronto previsto talvez desde antes de a temporada começar, entre os dois melhores times da conferência na temporada.
A final entre Philadelphia Flyers e Montreal Canadiens começou cercada de atenções e expectativas, das mais variadas. Se os Flyers fizeram o que fizeram com os Buins na série anterior, como seria contra os Canadiens, que acabaram de derrubar o atual campeão?
Após três jogos, podemos dizer que a série está se saindo conforme os dois times vem trilhando esses playoffs: não há um padrão a ser seguido, não consigo identificar uma clara tendência.
Até o jogo 3 desta série, na quinta-feira, eu estava com uma dúvida sobre o Montreal Canadiens. Basicamente era se a equipe tinha sofrido do mal que ficou como alerta na última frase do artigo da semana passada (“o pior dos cenários para os Canadiens é justamente acreditar que o mais difícil ficou para trás”) ou se o encanto havia sido quebrado. Porque, tendo sido arrasado no jogo 1 por estrondosos 6-0, com direito inclusive a substituição do goleiro Jaroslav Halak, os Habs foram novamente desnorteados no jogo 2 pelos Flyers, sem ainda ter direito a sequer marcar um gol: 3-0 para os laranjas. Michael Leighton, o reserva que supre a ausência de Brian Boucher, suplantava com incrível superioridade o goleiro que, até então, era o principal motivo de os Canadiens estarem onde estão.
Passados os dois primeiros jogos, minha opinião tendia para a segunda opção, a de que o encanto do Montreal havia sido quebrado. O time simplesmente não conseguia marcar, e Halak não era, nem de perto, aquela barreira de aço das séries anteriores. Mas os Habs me mostraram que as coisas não são bem assim quando a série foi para Montreal, vencendo o jogo com autoridade e praticamente devolvendo as derrotas sofridas na Philadelphia. O 5-1 no placar, o amplo domínio na partida e a construção do placar de 4-0 lembraram o Montreal do jogo 7 contra o Pittsburgh Penguins. Era o verdadeiro Montreal que temos visto nesses playoffs.
Se eles conseguirem manter esse padrão para o jogo 4 no sábado, a série volta à estaca zero. O problema é que do outro lado estará um adversário efetivamente superior ao que os Habs encontraram nesses playoffs (isso mesmo, superior aos Capitals e aos Penguins).
O Philadelphia Flyers não é qualquer time. Longe, mas muito longe disso. Estamos falando de um time que conseguiu sua classificação para os playoffs após uma vitória na disputa de pênaltis contra o adversário direto na briga por uma vaga, o NY Rangers. Tivesse perdido aquela disputa, hoje os jogadores estariam de férias ou jogando o Mundial de Hóquei por suas seleções.
O Phladelphia é um time que derrubou com notável facilidade um dos supostos favoritos ao título logo na primeira fase. Um time que derrubou um adversário para o qual perdia por 0-3, tanto na série quanto no jogo 7 (ver mais abaixo). O Philadelphia talvez seja a mais espetacular história de um time nos playoffs desde que TheSlot.com.br existe. Ainda mais que o Anaheim Mighty Ducks de 2003, ou Calgary Flames de 2004, ou Edmonton Oilers de 2006 — desde que ao menos chegue às finais da Copa Stanley.
Mantidos os padrões de cada time, ainda aposto que é série para ir a sete jogos.
Boston x Philadelphia Nunca antes em nossas vidas — na minha, na de TheSlot.com.br e na sua — havíamos presenciado o que o Philadelphia Flyers fez na série contra o Boston Bruins. O jogo 7 foi numa sexta-feira, dia de cerveja, então não assisti ao vivo. Vi no dia seguinte, sábado à tarde, já sabendo do resultado — e recomendo a cada um de vocês: assistam, nem que seja um resumo prolongado. Foi um jogo 7 absolutamente espetacular, um dos melhores jogos de todos os tempos. Não apenas pelo jogo em si, mas evidentemente também pelo histórico da série.
Histórico da série que, aliás, repetiu-se com perfeição no próprio jogo 7: o Boston abrindo 3-0 (no jogo e na série) e parecendo absoluto dono das ações (no jogo e na série). Mas aos poucos o Philadelphia veio descontando e crescendo, a ponto de virar, tanto o jogo quanto a série. O Boston ruiu. É daquelas coisas inacreditáveis, mas que felizmente estamos vivos para presenciar. Um dia você poderá contar a seus filhos, ou quem quer que seja, que você viu aquilo acontecer.
Desde já é pra ficar gravado como um os momentos mais sensacionais da história da NHL, do hóquei e dos esportes em geral.
Marcelo Constantino recomenda Lucas Figueiredo, sempre. No momento, “Olho por olho”.