Boston Bruins
Quem chegou: C Steve Begin, D Derek Morris, G Dany
Sabourin.
Quem saiu: C Stephane Yelle, D Aaron Ward, D Steve Montador.
Finalmente os Bruins saíram de uma vez por todas da sombra de Joe Thornton.
Depois de sofrer por anos a fio para se recompor da perda do seu jogador-símbolo,
os Bruins voltaram com uma outra forma. E baseando-se em um outro tipo
de jogador. A chegada de Zdeno Chara e a valorização do novo xodó da
torcida, o brutamontes Milan Lucic, só confirmam isso. Está de volta
a era dos Big Bad Bruins. Mesmo com toda a nova popularidade adquirida,
e as consequentes demandas por salários mais altos, o gerente geral
Peter Chiarelli mostrou uma habilidade ímpar adquirida quando assistente
em seus tempos de Senators: deixou Phil Kessel, um jogador talentoso,
mas com substitutos a altura, disponível como isca. Funcionou, com os
Leafs mordendo e pagando caro para tê-lo. Agora os Bruins podem seguir
em frente com sua absurda profundidade e capacidade distribuída. Jogadores
como Marc Savard e Patrice Bergeron continuarão a dominar no ataque,
e uma defesa que tem por símbolos Chara e Tim Thomas não tem nada a
temer. A adição de Derek Morris serve para aliviar um dos pontos fracos
do time, a capacidade da defesa em mover o disco com qualidade e velocidade
para o ataque, deficiência exposta contundentemente na eliminação frente
aos Hurricanes na última temporada. Se não se encontra no patamar de
Penguins ou Flyers, grandes favoritos do Leste a avançar rumo à Copa
Stanley, os Bruins são carta certa nos playoffs, como prováveis campeões
da Divisão Nordeste. Conseguir superar a última herança deixada por
Jumbo Joe, a incapacidade de elevar o jogo quando importa, já é uma
história totalmente diferente.
Buffalo Sabres
Quem chegou: D Steve Montador, P Mike Grier.
Quem saiu: G Mikael Tellqvist, P Max Afinogenov, D Jaroslav
Spacek, D Teppo Numminen.
Apesar de duas temporadas de insucesso consecutivas, os Sabres pouco
fizeram para mudar sua posição atual. Em grande parte, ainda sofrem
pelas decisões questionáveis tomadas logo após a visita à final de conferência
duas temporadas atrás: dispensar Chris Drury e Danny Brière e aceitar
cobrir a excessiva oferta dos Oilers por Thomas Vanek. Com o teto auto-imposto,
o impacto do salário dele tem sido grande transtorno na evolução da
equipe. Apesar disso, não é o fim do mundo para os Sabres. Na última
temporada até que Ryan Miller, símbolo da franquia, se machucasse e
perdesse o restante da temporada, os Sabres brigavam ferrenhamente por
uma vaga, sendo um dos favoritos. A menos que haja uma mudança considerável
na conferência, isso não deve mudar. A defesa dos Sabres, agora sem
um verdadeiro número 1, pode apresentar uma indesejada queda. Apesar
disso, o grupo de apoio segue sólido e subvalorizado na liga. Craig
Rivet, Henrik Tallinder e Toni Lydman são capazes de complementar o
top 4. É necessário ainda verificar quem pode assumir o posto de protagonista,
ao menos até que Tyler Myers esteja pronto em definitivo. O ataque,
pouco mudado, segue tendo como características boa profundidade e distribuição
ofensiva. Vanek, Jason Pominville, Derek Roy e Tim Connolly (se saudável)
são capazes de distribuir o poder ofensivo dos Sabres e torná-los uma
equipe que oferece perigo a qualquer instante. Se conseguirem fazer
com que todas as suas peças funcionem simultaneamente, os Sabres poderão
oferecer perigo na equilibrada Divisão Nordeste. Mas depender da boa
saúde e do bom momento de tantos jogadores ao mesmo tempo é sempre um
risco - nesse caso grande demais para uma equipe que pode ficar de fora
dos playoffs pela terceira temporada seguida. .
Montreal Canadiens
Quem chegou: C Scott Gómez, D Paul Mara, D Hal
Gill, P Brian Gionta, P Mike Cammalleri, D Jaroslav Špacek, P Travis
Moen.
Quem saiu: C Saku Koivu, P Alexei Kovalev, P Alex Tanguay,
D Mike Komisarek, D Mathieu Schneider, C Chris Higgins, P Tom Kostopoulos.
O plano de cinco anos do gerente geral Bob Gainey acabou. Apesar da
promissora evolução, os Habs mostraram sinais de fraquejo na última
temporada, e o resultado foi o de sempre: queda do técnico e corte das
cabeças dos principais líderes da equipe: o capitão Saku Koivu, Mike
Komisarek e Alex Kovalev. A saída dos três fez os Habs modificar seu
estilo de jogo a fundo. A chegada de Jacques Martin, treinador que preza
jogo defensivo e talento, contribuiu na escolha de quem formará o núcleo
da equipe: Mike Cammalleri, Brian Gionta e Scott Gómez, todos talentosos,
mas avessos ao jogo físico, tanto pelo tamanho quanto pelas características.
A essa base junta-se um bom, mas irregular elenco de apoio ofensivo.
Os irmãos Kostitsyn, Maxim Lapierre, Tomáš Plekanec e o recém-contratado
Travis Moen. Se conseguirem reviver a mágica de duas temporadas atrás,
a profundidade dos Canadiens permitirá rodar da segunda à quarta linhas
sem prejuízos. A defesa segue ancorada por Andrei Markov, um dos grandes
e pouco reconhecidos defensores da liga. Outras peças certas são os
recém-chegados Jaroslav Špacek, Paul Mara, Hal Gill e o veterano Roman
Hamrlík, grupo capaz de mover o disco sem oferecer riscos defensivos.
O gol representa a grande dúvida na temporada, mesmo não apresentando
mudança significativa. Após uma excelente temporada de calouro, Carey
Price sucumbiu à pressão de jogar em Montreal, com atuações irregulares
ao longo do ano. Caso siga inconstante, o menos brilhante, porém mais
regular Jaroslav Halák está pronto para assumir o posto. Com essa composição,
os Habs têm tudo para brigar por uma vaga nos playoffs e têm chances
até de brigar pelo mando de gelo. O resultado final vai depender muito
mais de quanto tempo será necessário para que essa equipe crie entrosamento
do que da qualidade do elenco formado.
Ottawa Senators
Quem chegou: P Milan Michalek , P Alex Kovalev,
P Jonathan Cheechoo.
Quem saiu: P Dany Heatley, C Mike Comrie, G Alex Auld.
Mesmo vivendo um inferno astral, os Sens vão ter que conseguir descobrir
como é a vida após Dany Heatley. Desde que o trem da capital canadense
descarrilou, já se foram três treinadores em menos de duas temporadas,
a rescisão do contrato de um goleiro cabeça-de-vento e agora uma demanda
de troca por parte de seu grande artilheiro, peça fundamental de uma
das linhas mais perigosas desta década. Deparado com uma situação imposta,
o gerente geral Bryan Murray apostou em livrar-se do que poderia se
tornar mais um show particular, trocando Heatley por Milan Michalek
e Jonathan Cheechoo, que devem chegar para oferecer mais profundidade
ofensiva, já aumentada com a chegada prévia de Alex Kovalev. Esses três,
somados ao capitão Daniel Alfredsson, Jason Spezza, Mike Fisher e Nick
Foligno, devem oferecer aos Sens algo que não conheciam a algum tempo:
o que é ser um time de mais de uma linha. A defesa, por outro lado,
tem espaço para melhorias. Apesar de ter um grupo extremamente sólido
com os veteranos Filip Kuba e Chris Phillips, e os novos Brian Lee e
Anton Volchenkov, a ausência de um defensor capaz de assumir a responsabilidade
de número 1 pode prejudicar a equipe. Soma-se a isso o grande ponto
de interrogação no gol: Pascal Leclaire, já reconhecido com talento
nato, mas incapaz de manter-se saudável por longos períodos. Assim,
acumulam-se dúvidas em Ottawa. Apesar de tudo, a saída de Heatley pode
acabar sendo uma bênção ao invés de maldição. O fim da linha de 20 milhões
de dólares, que já não mostrava a mesma eficiência, pode dar lugar a
uma quantidade de jogadores ofensivos e perigosos em duas ou até três
linhas, a depender dos desempenhos de Ryan Shannon e Foligno. Falta
saber se o novo técnico Cory Clouston será capaz de conduzir a remendada
carruagem, agora que começa a temporada sob pressão de retornar aos
playoffs.
Toronto Maple Leafs
Quem chegou: G Jonas Gustavsson, P Phil Kessel, D Mike
Komisarek, C Wayne Primeau, P Colton Orr, D François Beauchemin.
Quem saiu: C Ryan Hollweg, P Brad May, D Pavel Kubina, G Martin
Gerber, G Curtis Joseph.
O sucesso da estratégia ainda está por ser verificado. Mas não se pode
negar que o gerente geral Brian Burke, em curtíssimo espaço de tempo,
conseguiu imprimir nos Leafs a sua marca. O primeiro passo foi assinar
com os talentosos Tyler Bozak e Christian Hanson (sim, sobrinho de um
dos caras do filme Slap Shot original), ambos bem sucedidos jogadores
da liga universitária. Até agora, junto a Victor Stalberg formam a linha
mas eficiente da pré-temporada do Toronto, já batizada prematuramente
de Frat Line. Completando os garotos contratados, chegou Jonas Gustavsson,
mais conhecido como "Monstro", devido a seu tamanho e técnica. Ele precisará
de tempo para adaptar-se ao jogo mais veloz praticado na NHL, mas, uma
vez aprendido, deve roubar a vaga de Vesa Toskala como titular. Outro
passo foi a contratação de defensores com perfil bem diferente do que
lá havia. Se já havia se livrado de Bryan McCabe, Burke fechou a conta
ao livrar-se do bom, mas sobrepago Pavel Kubina. Em substituição, assinou
com dois defensores casca-grossa, capazes de despertar medo nos atacantes
adversários: Mike Komisarek e François Beauchemin. Ambos devem se somar
ao idolatrado Luke Schenn e a Tomas Kaberle para compor um bom top-4.
Para fechar com chave de ouro, Burke deu um polêmico passo: contratou
a peso de ouro o insatisfeito Phil Kessel, que não estava disposto a
renovar com os favoritos Bruins por um ano. Até pelo preço, ele chega
para ser o símbolo da renovação do time, ainda que só venha a atuar
após novembro, devido a uma cirurgia no ombro. Com tantas mudanças,
fica difícil prever qual será o resultado para os Leafs. É inquestionável
a evolução, tanto em nível físico quanto de talento, ao redor do elenco.
Porém, o preço a ser pago pelos riscos assumidos pode sair caro. Agora
é a hora de Burke provar se realmente é um gênio da nova NHL ou se apenas
teve sorte nos seus tempos de Ducks.