OK, a ficha caiu. Demorou, mas caiu. Pouco adiantou criticar os Penguins. Tudo bem, até concordo que a franquia não jogou nada nos jogos 1 e 2 da série. Mas em casa, com uma Mellon Arena totalmente a seu favor, os Pens, mesmo vencendo o jogo 3, não conseguiram em momento algum ser superiores aos Wings — a não ser no placar, uma vez que começaram os jogos 3 e 4 na frente. Este quarto confronto da disputa pela Copa Stanley mostrou que a série é isso mesmo. A diferença de Wings para Pens, que não ficou muito aparente na temporada regular, não é pequena. E o mais doloroso é observar que esta diferença não se dá basicamente pela defesa, mas sim lá na frente, onde os Pens pareciam ter um poder de fogo semelhante, ou pelo menos parecido, com o dos Wings. Eu gostaria de listar aqui um problema, talvez básico, que ajude na queda de rendimento dos Penguins nesta Copa Stanley. Prefiro adiar.
Os Pens bem que se esforçaram. Ganharam o primeiro faceoff do jogo — não que isso valha alguma coisa — e cederam um icing logo em seguida. Essa pressa, aos 16 segundos de jogo, contrasta muito com a tranqüilidade dos Red Wings, que chega a ser gritante. Sidney Crosby é afobado no rinque. Apressado demais, preocupado demais com o jogo alheio e parece pensar em, sempre, chamar uma penalidade. Evgeni Malkin está desligado. E tudo isso é um consenso aqui na revista, não falei nada mais que o que eu mesmo e muitos outros já dissemos nas quatro edições dedicadas às finais. Mas eu, pessoalmente, não havia chamado tanta atenção para o quanto isso contrasta com Henrik Zetterberg e Pavel Datsyuk. Não dá para comparar Crosby e Malkin ainda a esses dois jogadores bem mais experientes. Citei apenas para mostrar onde está a diferença de potencial de ataque dos dois times.
Foram apenas 23 chutes do Pittsburgh contra 30 do Detroit. Diferença que sobe quando contabilizamos também os chutes perdidos. Somando tudo, os Wings deram 44 chutes contra 29 dos Pens. O time da casa, neste sábado, não teve consistência ofensiva.
Lá atrás tudo parecia ocorrer bem, pelo menos dentro das possibilidades. O duro trabalho de parar o ataque dos Wings foi feito, ou pelo menos tentado. Só que nem sempre funcionou. Mas os Pens estavam dispostos a se arrebentar bloqueando os adversários ou tentando pará-los com trancos. É mais difícil quando você tem que parar Johan Franzen ou Zetterberg e não Joffrey Lupul ou Sean Avery. Mas Ryan Malone e Brooks Orpik tentaram cumprir esse papel nada fácil. Ryan Whitney e Sergei Gonchar fizeram o melhor que puderam quanto a este assunto. Apenas seu melhor não foi o bastante para parar o melhor time da Liga, definitivamente.
Não posso dizer que a realidade do outro lado era diferente, porque Niklas Kronwall e Nicklas Lidström foram menos exigidos. O ataque desta vez não foi completamente ausente como nos jogos 1 e 2. A Mellon Arena estava completamente lotada e os Penguins se esforçaram para dar o melhor que podiam aos presentes. Novamente, o melhor não foi o bastante. Talvez se houvesse defensores como Brian Rafalski e Brad Stuart do lado de lá a coisa seria diferente. Uma cobertura bem feita ao ataque é essencial para o aumento considerável de chutes, de tentativas de ataque — e, conseqüentemente, de maior probabilidades de gol.
Stuart, aliás, merece elogios, mais uma vez, como um dos melhores no rinque. Foram 21 minutos no gelo de ataque e defesa. É impressionante sua capacidade de exercer funções defensivas e ofensivas com a mesma facilidade. Uma peça que fez falta aos Penguins em todos os quatro jogos da série. Um movimento determinante para a conquista de vitórias com certa facilidade. Trabalho feito no jogo 4 com a mesma maestria exercida nos primeiros jogos do confronto.
E, nunca custa lembrar: os Wings têm uma mula, um animal de carga disposto a fazer todo o trabalho que ninguém mais consegue fazer exatamente do modo que o treinador exigiu. Franzen deve ser o jogador mais citado em TheSlot.com.br nesta pós-temporada. Foi mais um belo trabalho realizado neste jogo 4 e o central pode adicionar mais crédito em sua conta pessoal com os torcedores dos Wings e com os amantes do hóquei no gelo em geral.
Fica até difícil apontar um destaque nos Pens olhando todos os pontos positivos dos Wings e não encontrando nenhuma correspondência do outro lado. Acho que Jordan Staal esteve bem. Orpik, Gonchar, Malone, Roberts... todos vêm fazendo um trabalho satisfatório dentro das expectativas. Marián Hossa esteve bem e, para não ser injusto, foi o melhor jogo de Malkin até aqui. Ou pelo menos o que ele esteve mais presente — coisa que deveria ter feito constantemente, como na temporada regular.
Mas quer saber? De nada adiantaria. A diferença de potencial é gritante e disso todo mundo sabia. Mas não dava para imaginar que fosse tanto...