Os dois jogos em Pittsburgh foram bem melhores que os disputados em
Detroit. Afinal, foram equilibrados, emocionantes, disputados, corridos,
brigados. Foram jogos dignos de Copa Stanley, com dois times jogando
e com dois resultados apertados, refletindo dois jogos apertados. Uma
vitória para cada lado, o que, para um deles, foi ótimo negócio.
Tendo vencido os dois primeiros jogos em casa, o Detroit Red Wings agora joga para fechar a série em casa, nesta segunda-feira. A suada vitória de 2-1 no jogo 4 mostrou que o time vence qualquer um e em qualquer lugar.
Tabus foram demolidos ontem à noite. O Pittsburgh Penguins não perde em casa? Perdeu. Quem faz o primeiro gol sempre ganha o jogo? Perdeu.
O momento emblemático do jogo 4 foi a chance de ouro que o Pittsburgh teve perto do fim do terceiro período, quando já perdia por 2-1. Era uma vantagem numérica de dois homens. E por cerca de 1:30. Muitos passes, poucos chutes, tenta daqui, tenta dali, Zetterberg salva, defesa alivia, e... nada de gol. Chance desperdiçada. Ainda havia o restante da VN. Também desperdiçada.
É o tipo de chance que um time precisa necessariamente converter em gol, dadas as circunstâncias — melhor que isso só mesmo um pênalti. Perdendo por um gol de diferença, no período final, e com uma vantagem de dois homens, a obrigação é toda sua de marcar. E, pior, se não marcar, você estará enchendo o adversário de moral. Foi isso que os Pens fizeram ontem com os Red Wings.
Jogando sem Thomas Holmstrom, contundido, e numa noite em que jogadores como Nicklas Lidstrom e Nicklas Kronwall erraram mais do que estão habituados, o Detroit não teve como herói da noite o seu goleiro, ou seu capitão, ou mesmo o autor do gol da vitória — o subvalorizado mas pontualmente produtivo Jiri Hudler. O herói foi Henrik Zetterberg, um monstro defensivo na partida de ontem.
Zetterberg parecia estar no gelo vez por outra. E estava, com mais de 23 minutos de jogo. Cobra-se muito — dele e da linha dele — mais produtividade ofensiva, tamanho é seu tempo de jogo. Mas a verdade é que a linha de Zetterberg e Pavel Datsyuk é também a melhor linha de marcação do time. Seja para atacar, seja para defender, Henrik Zetterberg tem sido quase sempre a primeira opção. E ontem, embora não tenha pontuado, foi o herói do time primordialmente por seu jogo defensivo.
Mesmo com Marian Hossa voando no gelo e Evgeni Malkin bem melhor que nos jogos anteriores — ainda que sem produzir —, os Pens não conseguiram mais do que o gol inicial. Sidney Crosby batalhou o jogo inteiro, como tem feito durante toda a série, mas também não conseguiu aquele golzinho que faltou ao time. E os Pens não conseguiram não foi por conta de Chris Osgood. Mais importante que ele no gol dos Red Wings é o sistema defensivo do time, que visivelmente forma uma muralha à frente do goleiro quando a coisa começa a ficar realmente perigosa. O resultado é o trabalho magnífico da equipe quando a pressão dos Pens aflorou, na segunda metade do terceiro período.
Agora resta aos Penguins mostrar que os dois primeiros jogos em Detroit
foram atípicos. Vencer e levar a série de volta para casa é a missão
dos comandados de Michel Terrien, o ranzinza-chororô da cidade do aço.
A alternativa é partir para a fila de apertos de mão. Em Detroit os
Red Wings entrarão para matar a série de vez.
Marcelo Constantino teve de madrugar para baixar, assistir e logo depois escrever sobre este jogo 4.