É natural que diante da boa campanha do Anaheim Ducks procuremos responsáveis pelo sucesso do time. Geralmente, Teemu Selanne e seus 94 pontos na temporada regular, Chris Pronger e Scott Niedermayer, defensores tanto físicos quanto técnicos que pontuam e seguram os ataques adversários, e Jean-Sebastien Giguere e Ilya Bryzgalov, dois bons goleiros que se revezam na condição de titular são apontados como responsáveis pelo sucesso.

Além dos nomes óbvios, Andy "BigMac" McDonald, quase sempre escalado na primeira linha, François Beauchemin, Samuel Pahlsson e "o outro" Niedermayer, o irmão Rob, também são constantemente reverenciados por seu trabalho no clube.

A grande diferença para os Ducks talvez não esteja nos jogadores acima citados. Claro que o primeiro parágrafo, de fato, tratou dos nomes mais fortes do time e carregados da responsabilidade de levar o Anaheim a uma sonhada Copa Stanley. Mas boa parte do "trabalho sujo" vem sendo feita pela chamada "Linha Juvenil" do Anaheim: Ryan Getzlaf, Corey Perry e Dustin Penner.

Corey Perry
Perry, 28.ª escolha geral em 2003, está em sua terceira temporada numa liga profissional. Jogou parte de 2005-06 no Portland Pirates, clube menor da AHL filiado ao Anaheim, e no mesmo ano subiu para a NHL. Jogou 56 partidas pelos Ducks, incluindo 11 de pós-temporada, e somou um total de 28 pontos. Nada mal para um calouro que jogava poucos minutos por noite e não era um dos principais nomes da equipe.

O jovem de Haileybury, Ontário, foi revelado pelo London Knights da OHL e, na temporada atual, já soma 47 pontos, sendo três nos playoffs. É o nome "mais fraco" desta chamada "Linha Juvenil". Tem 21 anos de idade e se notabiliza por boas assistências. Destro, joga na ponta-direita.

Até hoje o seu grande feito foi vencer a Copa Memorial em 2005, o campeonato da Liga Canadense de Hóquei (CHL) disputado entre os clubes campeões da OHL, WHL e QMJHL. Na ocasião, Perry levou de quebra o Troféu Wayne Gretzky 99, prêmio de MVP da pós-temporada na Copa Memorial.

Curiosidade: Adam Perry, irmão de Corey, também campeão da Copa Memorial em 2005 pelo London Knights, foi inscrito no recrutamento 2006 da NHL, mas desistiu antes que o mesmo fosse realizado. Como agente livre, participou da pré-temporada feita pelo Anaheim Ducks, mas ainda não tem vínculo com o time. Adam Perry é xará de um famoso jogador australiano de rúgbi, que atua pelo Canterbury Bulldogs da NRL (Liga Nacional de Rúgbi) da Austrália.

Dustin Penner
Aos 24 anos de idade, é o mais velho do trio.

Penner é um dos casos onde o jogador não precisou ser inscrito no recrutamento da NHL. Aos 20 anos de idade, quando jogava pela Universidade de Maine, o ponta-esquerda assinou como agente livre com o então Mighty Ducks of Anaheim — já a caminho das mudanças que tiraria o time dos domínios da multimídia Walt Disney Company.

Depois de uma temporada no extinto Cincinnati Mighty Ducks, antiga franquia da AHL filiada ao Mighty Ducks of Anaheim, onde somou mais punições que pontos, Penner mudou-se para a nova franquia ligada ao clube da Califórnia, o Portland Pirates. O sol do Pacífico parece ter feito bem ao garoto de Winkler, Manitoba, e sua temporada em Portland teve um rendimento três vezes melhor do que havia acontecido em Cincinnati. Não deu outra. Os 84 pontos na temporada regular da AHL junto com os sete pontos de pós-temporada levaram Penner ao time de cima, o Anaheim, em sua derradeira temporada com nome "poderoso" e uniforme verde-roxo.

Nos Mighty Ducks, Penner disputou 19 partidas de temporada regular e marcou sete pontos. E, claro, o motivo pelo qual veio, a pós-temporada: foram 13 jogos disputados e a boa marca de nove pontos — ao lado de Joffrey Lupul, agora no Edmonton Oilers, Penner fez sucesso ao assinalar quatro assistências convertidas pelo antigo companheiro de ataque, contra o Colorado Avalanche.

Essa participação nos playoffs foi determinante para que Penner ficasse em Anaheim e formasse essa "Linha Juvenil".

Ryan Getzlaf

O melhor dos três jogadores da linha. Central, destro, natural de Regina, Saskatchewan, 21 anos de idade.

Getzlaf foi a 19.ª escolha geral em 2003 quando jogava pelo Calgary Hitmen e era um dos melhores jogadores da WHL, jogando no Time das Estrelas do Leste da Liga. Em suas quatro temporadas pelos Hitmen, marcou 215 pontos só em temporada regular. Disputou e venceu o Campeonato Mundial Sub-20 pelo Canadá. Subiu para o Portland Pirates da AHL onde, em apenas 17 jogos, marcou 33 pontos. Era o que os Ducks precisavam para chamar o menino, ideal para os minutos complementares de terceiro período quando Selanne, R. Niedermayer e McDonald já estivessem cansados.

O menino tinha outros planos e não queria ficar em Anaheim apenas para preencher o elenco. Getzlaf teve oportunidade de provar seu valor em 57 partidas. Fez o que devia, marcou 39 pontos e, em vez de voltar para Portland, seguiu em Anaheim para os playoffs. Jogou mais 16 jogos, marcou sete pontos e garantiu seu pão para a temporada seguinte.

E é justamente na temporada atual que Getzlaf conquistou a torcida local e se tornou o líder da garotada que comandará os Ducks.

Na temporada regular, marcou 58 pontos e chutou 203 vezes — foi o sexto maior pontuador da temporada regular e o quarto jogador a mais chutar no time. Já diria Wayne Gretzky: "Você perde 100% dos chutes que você não arrisca". Getzlaf arrisca.

Em oito jogos disputados nesta pós-temporada, Getzlaf já soma os mesmos sete pontos que somou nos playoffs passados. É o segundo maior pontuador dos Ducks na etapa e se tornou o principal jogador do time ao lado de Chris Pronger. Certamente, um nome promissor na Califórnia e a grande esperança de um futuro bom time do Anaheim.

A Linha Juvenil
Juntos, os três somam 17 pontos dos 58 pontos marcados pelos Ducks nos playoffs. Na temporada regular, marcaram juntos 147 pontos, dos quais 71 foram gols, num total de 258 gols assinalados pelo Anaheim.

A Linha Juvenil teve importância vital na arrancada final que o Anaheim Ducks deu para a conquista da Divisão do Pacífico, assegurando o segundo lugar no Oeste e uma boa vantagem em mando de gelo.

Futuramente, Penner deve centrar um possível capitão McDonald numa futura primeira linha do Anaheim Ducks, enquanto Getzlaf estará logo atrás de "BigMac", como assistente de capitão e um dos líderes da nova cara da franquia.

Sem depositar grandes responsabilidades nas costas dos meninos, certamente o trabalho dos três, por trás de Selanne, McDonald e Chris Kunitz e na frente (literalmente) de Pronger e Niedermayer, está levando o Anaheim Ducks longe. Quem sabe o quão longe poderão chegar. A esperança sempre é grande quando temos garotos com desempenho tão bom. Não é necessário que todos sejam Sidney Crosby ou Evgeni Malkin. Às vezes é sem grande alarde que vemos surgir novos Brad Richards.

Bobby Ryan
Segunda escolha geral de 2005, "o outro", que veio logo abaixo de Sidney Crosby.

Depois de seu recrutamento, Bobby Ryan seguiu com os juvenis da OHL defendendo o Owen Sound Attack, e só no final desta temporada regular subiu para o menor Portland Pirates. Em sua estréia pelos Pirates, contra o Providence Bruins, marcou seu primeiro ponto. Em oito jogos, marcou nove pontos. É cedo para dizer qualquer coisa... mas empolga. Principalmente para um país carente de atacantes como os Estados Unidos da América. Um possível bom nome para Seleção Estadunidense.

• Capa
• Editorial
• Como os Ducks estão dominando os Canucks
• Questão de sobrevivência
• Uma série para a história
• Rússia em busca da glória perdida
• Eles não viram, mas nós vimos!
• Detroit x San Jose: Shaks são melhores
• Os irmaõs "faz-tudo" da NHL
• Patinhos de borracha