Por: Alessander Laurentino

Desde a definição do Vancouver Canucks como adversário do Anaheim Ducks, boa parte da imprensa especializada tem indicado os Ducks como francos favoritos na série, que deveriam passar de maneira relativamente fácil pelos Canucks.

 

Depois da primeira partida da série, essa idéia ficou mais forte ainda na imprensa, para desespero e tristeza dos torcedores dos Canucks. O time da Califórnia atropelou os Canucks na abertura, em Anaheim. Apesar de Jeff Cowan ter aberto o placar para os visitantes com menos de oito minutos decorridos no primeiro período, os Ducks não apenas empataram como abriram 3-1 ainda no primeiro período.

 

Andy McDonald registrou um hat trick na partida, e os Ducks deram dez chutes a gol a mais que os Canucks (37 a 27).

 

Apesar de terem tido boas chances durante a partida, os Canucks esbarraram na boa atuação do goleiro dos Ducks, Jean-Sébastien Giguere, que parou 26 chutes adversários. Os Canucks ainda foram prejudicados pelas ausências de titulares da defesa, como o fundamental Sami Salo e o excelente Kevin Bieksa.

 

Já na segunda partida, Roberto Luongo voltou a fazer defesas espetaculares, e mesmo as ausências de Bieksa e Salo não fizeram diferença no resultado final. Mostrando uma melhor organização no gelo e um maior poder ofensivo, além de muita determinação, os Canucks conseguiram colocar pressão na defesa dos Ducks e em Giguere, que encarou 49 chutes a gol, contra os 44 que foram disparados contra Luongo.

 

Até mesmo Markus Naslund voltou a mostrar poder ofensivo e marcou o primeiro gol dos Canucks. Mas a grande estrela da noite pelos Ducks não deixou barato. Teemu Selanne quase marcou pouco depois numa jogada em que avançou sozinho no ataque e quase conseguiu bater Luongo. No rebote da jogada, os Ducks empataram com Travis Moen. Uma pena, porque a jogada de Selanne merecia o gol e, por outro lado, depois da defesa que Roberto Luongo fez, ele não merecia levar o gol no rebote de maneira tão fácil, uma vez que a defesa do time não foi capaz de ajudá-lo.

 

Selanne realmente foi o cara que merecia marcar o gol da vitória dos Ducks. Ele conseguiu ser perigoso e oportunista em diversas oportunidades com chutes a gol que pareciam ter endereço certo e ser indefensáveis. Mas sempre esbarravam em Luongo, e, quando ele não chegava lá, havia a trave.

 

Justamente no lance mais fácil de todos, com Luongo batido e o gol escancarado, Selanne errou o gol vazio. E, talvez por isso, os Ducks receberam o castigo no segundo tempo da prorrogação, quando Jeff Cowan marcou um gol quase impossível aproveitando jogada começada por Trevor Linden. O disco disparado por Cowan resvalou no patin de Giguere e entrou pelo único espaço possível entre seus pés.

 

Com a vitória, o time de Vancouver dava a impressão de que os Ducks teriam muito mais trabalho pelo frente.

 

De certa forma, isso foi verdade. A determinação demonstrada pelos Canucks foi realmente impressionante, e, a partir daí, o time se encontrou novamente na série. Mesmo com importantes desfalques na defesa. A série, que tinha começado de forma muito fácil para os Ducks, de repente não parecia ser tão fácil assim.

 

No jogo 3, já em Vancouver, a torcida lotou o GM Place, como é de costume em Vancouver, e tentou empurrar o time rumo à segunda vitória na série.

 

Não há dúvidas de que a partida foi extremamente disputada, com lances de criatividade e oportunidades de gol para os dois lados. Novamente, viu-se uma batalha entre Luongo e Giguere.

 

Apesar de dominarem no cinco contra cinco, os Canucks não conseguiram aproveitar as diversas oportunidades de vantagem numérica, e isso acabou custando muito caro para os canadenses. Apenas o primeiro gol dos Canucks, marcado por Naslund no final do primeiro período, foi em vantagem numérica. Depois disso, os Canucks desperdiçaram sete oportunidades.

 

Em todo o primeiro período, os Canucks deram 13 chutes a gol, com lances que pareciam que terminariam em gol, mas Giguere estava lá, fantástico, parando tudo. Enquanto isso, os Ducks só precisaram dar dois chutes para terminar o primeiro período com a partida empatada em 1-1.

 

No segundo período, os Ducks equilibraram a partida e fizeram os Canucks pagar caro pela sua ineficiência nos times especiais, quando Beauchemin deu novamente a vantagem para os visitantes, aproveitando vantagem numérica. Os Canucks pareciam ter fôlego para virar a série a seu favor, principalmente quando Daniel Sedin empatou a partida, quase aos 15 minutos do segundo período.

 

Mas a reação canadense ficou por aí. No terceiro período, as equipes puxaram o freio de mão, e cada lado deu apenas sete chutes. Melhor para os Ducks, que passaram à frente antes da metade do período final, novamente em vantagem numérica.

 

Os Canucks só acordaram no final da partida, quando tentaram de todas as formas colocar um disco no fundo das redes defendidas por Giguere. Mas o goleiro dos Ducks não deixou, segurando até mesmo uma incrível seqüência de chutes nos últimos 60 segundos de jogo, quando parecia apenas uma questão de segundos para que viesse novamente o empate e o tempo extra.

 

Tudo bem que os críticos davam como certa uma vitória fácil dos Ducks na série, mas apesar da liderança recém-readquirida, os Ducks não estavam enfrentando moleza nas partidas como no primeiro jogo da série em Anaheim.


E a história se repetiu no jogo 4, quando o time da casa, em pleno GM Place, conseguiu desperdiçar uma excelente vantagem de 2-0, construída com gols de Naslund e Morrison.


Depois de não conseguir aproveitar claras oportunidades para abrir 3-0 e praticamente definir o jogo, os Canucks deixaram os Ducks renascer no terceiro período e empatar uma partida quase ganha. Pronger e Selanne empataram para o time de Anaheim no terceiro período, e os Ducks precisaram de apenas dois minutos de prorrogação para marcar o terceiro, com Moen e cravar 3-1 na série.


Obviamente, a tarefa, que parecia difícil para os Canucks, agora parece impossível. Perdendo na série por 3-1 e tendo a obrigação de vencer os próximos dois jogos para permanecer vivos na série e ainda ter que vencer uma terceira partida seguida para continuar com esperança de disputar a Copa Stanley, parece bastante improvável que os Canucks consigam tal objetivo.


Imediatamente vem a lembrança de que os Stars estavam perdendo por 3-1 na série anterior e conseguiram forçar uma sétima partida, mas os Ducks contam com um time mais bem montado, com jogadores do quilate de Scott Niedermayer, Chris Pronger e Teemu Selanne. Além disso, possuem um excelente goleiro titular e um espetacular reserva de luxo (Ilya Bryzgalov).


Agora, a expectativa em Anaheim — e em boa parte da liga — é que os Ducks encerrem a série na quinta-feira, no jogo 5, frente à sua torcida, e confirmem as previsões de um placar folgado (tipo 4-1) na série, mesmo que pelo menos duas dessas vitórias tenham sido extremamente suadas e difíceis. Entretanto, o que vai ficar para a história é o resultado final, com poucos se lembrando da dificuldade de algumas partidas.
Alessander Laurentino detesta plantão de 24 horas.
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Página publicada em 2 de maio de 2007.