JOGO 4
Edmonton 1-2 Carolina

SÓ ELE Ales Hemsky marcou o único gol em vantagem numérica dos Oilers (Jim McIsaac/Getty Images - 12/06/2006)
por Michael Farber

O vôo fretado dos Oilers para Raleigh sofreu um atraso em Edmonton hoje por várias horas, devido a problemas mecânicos, provando que há pelo menos uma coisa em Alberta funcionando pior que a vanta-gem numérica do time.

Para os fanáticos por estatísticas que me lêem, a vantagem numérica dos Oilers tem um aproveitamento de 4% — um gol em 25 oportunidades —, muito abaixo da Linha de Mendoza (N. do T.: aproveitamento de 25% no beisebol, considerado como um mínimo de produtividade aceitável de um rebatedor) que, ao menos no hóquei, é considerada bem mais que aceitável.

O Edmonton jogou no lixo três vantagens de cinco contra três nas finais da Copa Stanley (nos velhos tempos, um time não teria tantas em quatro fases, quanto mais em quatro jogos), incluindo uma que durou 1:12 no primeiro período do jogo 4. O único gol que os Oilers marcaram em vantagem numérica foi num ataque em velocidade de Ales Hemsky, o que prova ainda mais que os Oilers não têm conseguido armar jogadas no ataque e criar grandes oportunidades de gol.

O técnico Craig MacTavish percebeu no início da série que, se a vantagem numérica não começasse a funcionar, seu time teria sérias dificuldades para vencer a série. Agora na Carolina do Norte para o jogo 5, e diante da dura missão de ter que ganhar três jogos seguidos, incluindo dois fora de casa, suas palavras parecem até proféticas.

Para os Oilers, as declarações de MacTavish  têm sido às vezes a única coisa que dá certo. Seu técnico tem sido constantemente um azougue. Ele comparou o Carolina a envenenamento por monóxido de carbono, um gás letal que faz a pessoa desmaiar antes de perceber o que a atingiu. Ele entrou nas brincadeiras direcionadas a Ryan Smyth depois que o ponta esquerda marcou o gol da vitória no jogo 3, lembrando que, quando Smyth chuta a gol, ainda dá para ler a assinatura do comissário Gary Bettman no disco. Ele tem feito tudo menos lembrar aos repórteres que eles devem sempre dar os 10% para os garçons.

Só depois de outro lapso em vantagem numérica no jogo 4 é que MacTavish ficou impaciente. Ele enfureceu-se com a idéia de que o elegan-te Hemsky preferiria ficar enfeitando a jogada a chutar a gol e polidamente zombou da idéia de colocar o intimidador Georges Laraque na frente do gol adversário durante a vantagem numérica. Laraque é grande e pode bloquear a visão do goleiro do Carolina, Cam Ward, e até bloquear a passagem do Sol. MacTavish indicou que estava bastante satisfeito com Smyth pressionando a área, mas disse que estava aberto a sugestões so-bre como melhorar sua vantagem numérica. Cinicamente, é claro.

Mas, já que ele falou nisso…

Os Oilers deveriam declinar da penalidade. No 5-contra-5 eles tocam o disco como os Globetrotters, mas, quando passam a ter o homem a mais, eles têm sido impressionantemente imprecisos, passando de backhand, forçando o destinatário do passe a se desdobrar para poder fazer alguma coisa com ele.

Contratem Paul Coffey. Ele tem acompanhado o time. Não há quarto-zagueiro de vantagem numérica melhor na história dos Oilers, e ele dá a impressão de que ainda consegue patinar.

Sugiram a Chris Pronger que ele pressione a área de vez em quando. Ele tem sido magnífico nestes playoffs, claramente o melhor defensor. Mesmo se os Oilers perderem em cinco jogos, ele provavelmente merece uma vaga nos top 3 da cédula de votação para o Troféu Norris. Mas ele tem acertado mais chutes nas bordas que no gol e impedindo que chances em desvios sejam criadas.

Pela primeira vez nos playoffs, Pronger pareceu um pouco cansado no jogo 4. Seu passe errante para fora da defesa, roubado pelo marcador Cory Stillman, resultou no gol da vitória do Carolina. Ele pode tentar andar mais pela linha azul, na direção do meio do gelo, para criar ângulos diferentes. Mas MacTavish e o assistente técnico Craig Simpson, que tem sofrido as maiores críticas pelas falhas em vantagem numérica, são qualificados para descobrir tudo isso.

O negócio é que, se os Oilers estivessem com um aproveitamento de 4% em qualquer parte da temporada regular, seria só mais uma etapa de um ciclo que provavelmente iria melhorar. Mas, no contexto das finais da Copa Stanley, é simplesmente o apocalipse.

"Quanto aos nossos matadores de penalidade, acho que tem muito a ver com a estrutura", observa o técnico do Carolina, Peter Laviolette, cuja equipe de desvantagem numérica tem pressionado com sucesso a linha azul do Edmonton. "Acho que você tem de ter tarefas e caminhos para executar essas tarefas. Você tem de estar disposto a pagar um preço ao bloquear um chute — com a cabeça, se tiver de ser assim. E acho que a coisa mais importante é a execução."

Em Edmonton, é exatamente isso que alguns torcedores imaginam que Simpson merece.



Michael Farber é jornalista da revista Sports Illustrated. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.
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Página publicada em 13 de junho de 2006.