Resuma
a campanha do Colorado Avalanche em uma única palavra. Fácil!
Inconsistência. E isso não se resume a um setor apenas. Do goleiro
ao ataque, passando pela defesa e os times especiais, o Avalanche
vem oscilando altos e baixos durante toda a temporada.
Em quase todos os jogos o Avalanche varia de um time dominante
e com chances de brigar até por uma final de conferência para
um time medíocre que não consegue nem ir para os playoffs. Essas
variações chegaram ao ponto de o Colorado perder um jogo depois
de dominar inteiramente o começo dele -- num caso mais impressionante
--, chegando até a abrir quatro gols de vantagem, ou encostar
no placar numa partida que estava praticamente perdida pela vantagem
do adversário. Em números, os Avs saíram na frente do adversário
em 20 de seus 30 jogos desta temporada, liderando a NHL nessa
"categoria", porém deixaram escapar a vitória em sete desses jogos.
Nenhum time permitiu tantas viradas assim neste ano.
Quem mais oscila são os goleiros. David Aebischer, depois de uma
boa primeira temporada como goleiro titular, conseguiu seu recorde
pessoal de vitórias consecutivas (7), mas já foi substituído no
meio do jogo por duas vezes, todas elas ainda no primeiro período.
Numa dessas vezes, Abby tomou três gols em oito disparos, sendo
um desses gols de um chute da zona neutra. Toda essa alternância
entre gols fáceis sofridos num jogo e defesas espetaculares noutro,
erros primários e partidas impecáveis, forçou o treinador Joel
Quenneville a usar o reserva Peter Budaj mais freqüentemente,
mas o novato não atuou de forma muito diferente. Os mesmos problemas
de inconsistência foram repetidos por Budaj. A situação é tal
que já começou a surgir rumores de que o Avalanche já estaria
de olho numa troca para adquirir um goleiro titular, e o nome
mais cotado nessa lista era o de Roberto Luongo, do Florida Panthers.
Mas Pierre Lacroix, gerente geral do Colorado, não tem jogador
para oferecer numa troca desse porte.
Mesmo sem troca, a gota d'água veio na derrota em casa para o
Buffalo Sabres, onde Aebischer foi substituído ainda no primeiro
período, depois tomar quatro gols, e Budaj, que entrou em seu
lugar, falhou no gol que deu a vitória ao Sabres. No dia seguinte
o Avalanche recrutou o goleiro Vitaly Kolesnik do seu time afiliado
na AHL. Kolesnik estreou com uma vitória sobre o bambo Boston
Bruins e na partida seguinte não tomou nenhum gol na decisão por
pênaltis contra o New Jersey Devils (enquanto Budaj, em três decisões
por pênaltis, não conseguiu fazer nenhuma defesa). A situação
está tão ruim para Aebischer e Budaj que Kolesnik nem descansou,
como é comum em partidas ocorridas em dias seguidos, e jogou contra
o Pittsburgh Penguins na noite seguinte à vitória sobre o Devils.
Nem a defesa que, tirando a saída de Adam Foote e a chegada de
Patrice Brisebois, permaneceu a mesma, consegue manter boas atuações
tão constantes quanto na última temporada. O setor defensivo do
Avalanche é um dos que mais dá suporte ao ataque em toda a NHL.
Rob Blake e John-Michael Liles, principalmente, têm apoiado muito
bem o ataque, especialmente nas situações de vantagem numérica.
Porém, a defesa tem pecado muito na sua tarefa mais óbvia, que
é a de defender. Falhas graves, como a dificuldade para limpar
a zona quando um dos goleiros dá rebote, entregar o disco de graça
para o ataque adversário com erros de passes e, pior, dar muito
espaço aos atacantes, que muitas vezes nessa temporada conseguiram
gelo aberto para avançar livres em direção ao gol, têm ocorrido
em quase todos os jogos. Todos esses erros tornam o Avalanche
detentor da décima pior defesa da liga em gols sofridos.
E, de todos os setores, quem vem sendo o mais regular é o ataque,
e isso só ele for visto como um todo, porque se for olhar jogador
por jogador, quase todos vêm alternando altos e baixos. Por exemplo,
Milan Hejduk passou oito jogos sem marcar nenhum gol e, nesse
mesmo período, a linha um, formada por ele, Alex Tanguay e Joe
Sakic, marcou sete gols. Porém, nesses mesmos oito jogos o Avalanche
marcou 34 gols. Nessa época a produção ofensiva ficou por conta
da segunda e da terceira linhas de ataque. Nos últimos jogos,
especialmente depois da contusão que tirou Steve Konowalchuk da
temporada, essas linhas pararam de produzir muito, ao passo que
Sakic, Tanguay e Hejduk começaram uma ascensão nessa montanha
russa que é o Avalanche.
Além da irregularidade, o ataque agora vai ter que enfrentar esse
desfalque de Konowalchuk, que vinha jogando bem numa linha com
Pierre Turgeon e o novato Marek Svatos. Sem querer desmontar a
linha formada por Andrew Brunette, Ian Laperriere e Antti Laaksonen,
Quenneville colocou Brad May no lugar de Konowalchuk, mas o fato
dele não ser um atacante cujo ponto forte é a habilidade, influenciou
negativamente na produtividade de Svatos e Turgeon. O Colorado
carece de um jogador habilidoso para preencher essa linha e Lacroix
pode usar os quase dois milhões de dólares de folga na folha salarial
do seu time para conseguir alguém.
Rafael Roberto volta
a escrever depois de um bom tempo.
GOLEIRO NOVO
A inconsistência de Aebischer e Budaj forçaram
Quenneville a chamar Vitaly Kolesnik para ser o novo titular
do Avalanche. Em seus primeiros jogos o cazaquistanês
vem correspondendo (Gene J. Puskar/AP)