Há cerca de três meses, a torcida dos Senators se mostrava aflita. Repentinamente, um time que era considerado como coadjuvante frente às grandes folhas salariais de outras equipes da liga, como os Leafs, os Wings ou Rangers, se tornou uma equipe com grandes restrições, não por falta de dinheiro, mas por estar perto ao teto salarial da liga.
Explica-se: os Sens são facilmente uma das três equipes mais talentosas na liga e conseguem distribuir esse talento por quatro linhas. Mas, com tantas estrelas, estava claro que a folha salarial ficaria pequena para abrigar a todos. Ou seja, alguém teria que sobrar.
Houve algumas trocas menores. Prusek e White saíram a preço de banana para as equipes de Columbus e Minnessota, respectivamente. Mas o maior impacto com certeza foi a saída de Marian Hossa e Greg de Vries para Atlanta, em troca de uma grande incógnita da liga. O time da capital canadense perdia um dos mais consistentes marcadores de gols em troca de um jogador que, apesar do talento, estava marcado por acidentes num passado recente.
Dany Heatley teve uma temporada que ele gostaria de esquecer para sempre. Antes mesmo de começar a temporada de 2003/04 acabou envolvido em um acidente junto com Dan Snyder, companheiro de Thrashers e um dos seus grandes amigos em Atlanta. As conseqüências do acidente foram trágicas: Snyder acabou ficando inconsciente e morrendo dias depois devido a sérios danos sofridos na área cerebral. Heatley acabou “levando a melhor”, sofrendo apenas com um maxilar quebrado e danos no joelho.
Os problemas se prolongaram por toda a temporada de 2003/04. Heatley atuou apenas em 31 dos jogos, marcando somente 25 pontos. Muito pouco para um jogador que havia sido MVP do último Jogo das Estrelas e de quem se esperava uma campanha brilhante para ajudar os Thrashers a finalmente chegar à pós-temporada.
Nada saiu como se esperava, e Dany decidiu que o melhor para dar continuidade na sua carreira seria escapar de seus demônios, o que só poderia acontecer fora de Atlanta. Don Waddell, GG dos Thrashers, apesar de hesitar se viu em uma situação agradável, ao trocar sua estrela por uma outra estrela e um sólido defensor.
A aposta de John Muckler em Dany acabou funcionando. Unido a outra revelação das novas gerações, Jason Spezza, e seu companheiro de Binghamton — Brandon Bochenski — Heatley encontrou química imediata logo na pré-temporada, formando uma das linhas mais dinâmicas da liga.
O momentum foi carregado para a temporada regular, e Heatley desde então se mostra ferramenta fundamental nos novos Senators. Com 18 pontos em somente dez jogos, ele é um dos grandes responsáveis pelo sucesso obtido pela equipe de Ottawa neste início de temporada. Além de pontuador perene, Heatley marcou em todos os shootouts de que participou até o fechamento desta matéria.
O renascimento dessa fênix da NHL foi coroada com uma atuação de gala frente ao maior rival dos Senators, o Toronto Maple Leafs. Autor de 4 gols, incluindo um hat trick natural, o novo jogador já leva a torcida canadense a questionar “Hossa quem?”
Apos a brilhante atuação, Heatley só pôde dizer uma coisa: “Eu estou me divertindo muito esta temporada, atuando com meus novos companheiros”. Pode ter certeza que todos nós, fãs dos Senators e do bom hóquei, também estamos nos divertindo muito.
Há cerca de três meses, a torcida dos Senators se mostrava aflita. Repentinamente, um time que era considerado como coadjuvante frente às grandes folhas salariais de outras equipes da liga, como os Leafs, os Wings ou Rangers, se tornou uma equipe com grandes restrições, não por falta de dinheiro, mas por estar perto ao teto salarial da liga.
