Por: Thiago Leal

O capitão Ryan Getzlaf machucado, o ainda jovem Bobby Ryan evoluindo e os veteranos Teemu Selanne e Saku Koivu sem a mesma explosão de anos atrás. Nesse panorama nada favorável, Corey Perry desponta como principal jogador do Anaheim Ducks, lidera o time em pontos e é a principal arma na franquia na briga pela nunca fácil classificação aos playoffs no Oeste.

Os Ducks não têm um ataque tão positivo assim. Em 54 partidas jogadas são apenas 146 gols marcados e 150 gols sofridos. Embora o Nashville Predators tenha apenas 141 gols marcados, sofreu bem menos: 124. Equipes da parte de baixo da tabela somam mais gols que o Anaheim, como o Phoenix Coyotes (153), Los Angeles Kings (149), Calgary Flames (154), Chicago Blackhawks (167) e Colorado Avalanche (164).

Perry é o coração desse fraco ataque, com 28 gols marcados, ainda que com o generoso apoio de Ryan, autor de 23 gols. O restante se divide entre Selanne, Getzlaf, Koivu e demais atacantes e defensores. Sua melhor temporada em gols até aqui foi 2008-09, com 32 gols marcados em 78 jogos, recorde que deve ser quebrado nos próximos jogos. Na última partida disputada, um confronto contra o Colorado Avalanche em Denver, Perry marcou todos os gols do shutout por 3-0 dos Ducks. Um hat trick, sendo o último gol na rede vazia.

Não é de hoje que Perry se notabiliza como um grande pontuador. Recrutado como 28ª escolha geral de 2003, após o vice-campeonato dos Ducks, Perry jogou por mais duas temporadas no London Knights, seu time na OHL. No total, foram quatro temporadas jogadas por Perry em London, onde colecionou títulos e prêmios pessoais. Seus números na OHL totalizam 140 gols e 240 pontos. Por duas vezes fez parte do primeiro time das estrelas da liga juvenil. Em outra ocasião foi segundo time das estrelas e em sua temporada de estreia fez parte do time dos calouros.

Na temporada 2004-05, já com seus direitos detidos pelo então Mighty Ducks of Anaheim, Perry levou os Knights à Copa Memorial. Nesse ano o ponta conquistou o Troféu Red Tilson de melhor jogador da temporada regular da OHL, Troféu Memorial Eddie Powers de maior pontuador da OHL, Troféu Wayne Gretzky 99 de jogador mais valioso dos playoffs da OHL e o Troféu Memorial Stafford Smythe de jogador mais valioso da Copa Memorial.

Profissionalmente, Perry começou sua carreira nos playoffs da temporada 2003-04 da AHL, jogando pelo Cincinnati Mighty Ducks nos playoffs daquele ano. Marcou dois pontos em três jogos disputados. Após sua melhor temporada na OHL, que culminou com a conquista da Copa Memorial, Perry ainda serviu ao Portland Pirates na AHL. Foram 34 pontos em 19 jogos e vaga definitiva no time de cima, onde se juntaria a jovens promessas como Joffrey Lupul, Dustin Penner e Ryan Getzlaf.

A carreira de Perry com os Ducks foi progressiva. Seu desempenho melhorava a cada ano, tanto em temporada regular quanto em playoffs. A princípio um coadjuvante para o time onde as estrelas maiores eram os defensores Scott Niedermayer e Chris Pronger. Com a passagem do tempo Getzlaf evoluiu como líder natural do time, herdando o posto de capitão. Ryan encantou em seus primeiros anos como calouro e dominou as notícias de esportes no condado de Orange após a polêmica a respeito da renovação de seu contrato. Este, aparentemente, é o debute de Perry como principal estrela dos Ducks.

Perry se notabiliza principalmente pelas mesmas características de Getzlaf. É um jogador alto e forte, capaz de exercer presença física nos lances e encarar trancos de defensores carrancudos. E é um jogador decisivo: marcou seis gols vencedores, sendo o quarto colocado na liga neste critério, e marcou dez gols em vantagem numérica, também o quarto colocado neste quesito. Talvez não chute tanto a gol assim, pelo menos não tão acima da média, mas tem um bom índice de aproveitamento em seus tiros, conhecidos por serem rápidos e fortes.

O próprio Perry já opinou sobre as qualidades ofensivas dos Ducks ao dizer que o time tem obtido vitórias por fazer pressão no ataque. Aparentemente ele, Perry, é o melhor em fazer esse tipo de pressão e não teve marra o suficiente por assumir os méritos sozinho. Até porque seria exagero, levando em contra o papel de Selanne, Lubomir Visnovsky (vide nota no fim deste artigo) e Cam Fowler. Mas Perry pode assumir boa parte dos créditos.

No final das contas, o camisa #10 de Anaheim pode ser entendido como um jogador de hóquei clichê: alto, forte, bom pontuador e não hesita em jogar sujo quando pode e acha que deve. Numa liga onde o bom-moço Sidney Crosby e o arrogante Alexander Ovechkin são as principais estrelas, o Anaheim avança com um jogador ao estilo Patrick Kane de anti-herói. E se Kane não tem sido suficiente para levar os Blackhawks para frente, os Ducks têm colocado as vitórias na conta do seu.

Destaque também na Seleção Canadense
Perry esteve ao lado de Getzlaf na Seleção Canadense Sub20 de 2005, que ganhou a medalha de ouro no Mundial de Grand Forks. Crosby também estava neste time, que teve como principal estrela Patrice Bergeron, MVP do torneio. Mas a dupla Perry e Getzlaf se destacou por seu estilo aguerrido de jogar — Getzlaf, inclusive, foi o segundo maior pontuador do torneio.

A dupla Getzlaf e Perry se destacou nos Jogos Olímpicos de Inverno 2010, principalmente nas quartas-de-final contra a Rússia e na semi-final contra a Eslováquia.


Defensor surpreendente
Em tempo, já que o assunto é Anaheim Ducks, uma breve nota sobre o melhor defensor do time.

Não, não estou falando de Cam Fowler, embora seu desempenho, para um calouro, também seja sensacional. Mas alguém aí esperava que Lubomir Visnovsky tivesse um papel tão importante para o Anaheim Ducks? Todo grande defensor se notabiliza por sua constante presença ofensiva aliada a sua função básica, de proteger o goleiro, e Visnovsky tem sido o melhor em Anaheim em aliar essas características. São 43 pontos (35 assistências) e um bom índice de +/-. Os Ducks jogam melhor quando Visnovsky está no gelo.

Thiago Leal voltou a usar seu Twitter.
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Página publicada em 6 de fevereiro de 2010.