Na última temporada, a pior campanha da Conferência Oeste, e, na recém-iniciada, a melhor. Neste surpreendente início de temporada, o Colorado
Avalanche tem a melhor campanha da liga. Tudo isso apenas seis meses
depois de terminar a temporada como um dos favoritos a conseguir a primeira
escolha no recrutamento.
O que aconteceu para o clube conseguir essa façanha? A resposta é simples: o time de pior ataque do último ano, o único na liga a marcar menos de 200 gols na temporada, está marcando uma média de um tento a mais por jogo. Já a defesa, uma das piores em 2008-09, está tomando um gol a menos por partida. Quando time marca mais gols do que sofre e seus times de vantagem e desvantagem numéricas finalmente voltam a funcionar, as vitórias aparecem trazendo junto à boa campanha. Simples assim.
Agora a pergunta difícil: como o Avalanche conseguiu esse feito?
A resposta começa com um clichê: "Todo grande time começa com um grande goleiro". Craig Anderson tem sido o grande goleiro deste grande time. Adquirido como agente livre no começo da temporada depois de um bom ano no Florida Panthers, Anderson chegou para preencher a vaga deixada por Patrick Roy em 2003, já que desde a aposentadoria do 33 o Avalanche não teve nenhum goleiro com boas atuações por uma temporada inteira.
Com o Avalanche possuindo uma das defesas menos vazadas da liga, mesmo sendo o time que mais permite disparos a gol dos adversários, já há membros da mídia e torcedores em Denver dizendo que o Colorado finalmente preencheu a sua vaga entre as traves e que este fato foi percebido após a última vitória contra o Detroit Red Wings, quando Anderson defendeu 48 disparos a gol na vitória por 3-1.
Assim como "uma andorinha só não faz verão", um bom sistema defensivo não é feito apenas de um goleiro. Mesmo com apenas uma novidade entre os seis defensores que terminaram a última temporada, a defesa está mais segura. Isso se deve a uma mudança de atitude que pode ser vista em algumas situações de jogo, como por exemplo o bloqueio de disparos a gol. Talvez devido a uma falta de confiança nos últimos goleiros, os jogadores de Colorado tinham a tendência a bloquear os disparos sempre que possível. Agora, depois de sucessivas contusões, o número de bloqueios diminuiu bastante. Mesmo gostando quando um disparo é bloqueado, o próprio Anderson disse que esta atitude facilita algumas defesas, pois ele consegue ver toda a trajetória do disco.
Outro dado que deixa a campanha do Avalanche tão surpreendente é o fato de que 13 dos 28 jogadores no elenco têm 25 anos ou menos. No ataque está a maioria desses jogadores — são nove , sendo que dois deles têm 18 anos. Nunca o Avalanche teve esta quantidade de jogadores novos. Mesmo com essa inexperiência toda, os garotos vêm dando conta do recado. Dos quatro jogadores com mais pontos no time, três estão entre estes 13 jogadores mais novos.
Entre eles está Ryan O'Reilly, um dos que têm 18 anos. Além de ser um dos artilheiros do time, o novato escolhido na segunda rodada do último recrutamento, é o terceiro na liga em +/-, possui um dos melhores aproveitamentos na disputa do cara-a-cara do Avalanche e teve uma sequência de sete jogos marcando pontos. Como se isso não bastasse, ele também é um dos principais membros do time de desvantagem numérica, mostrando uma maturidade e uma versatilidade não encontrada em muitos veteranos.
O'Reilly era um jogador do qual não se esperava muito. Para falar a verdade, não se esperava nem que ele estivesse no elenco principal nesta temporada. Mas de outros atletas se esperavam muito e eles não vêm decepcionando, como Milan Hejduk, um dos líderes do time em pontos e um dos modelos de atleta para esta nova geração, e Paul Stastny, que está só em sua quarta temporada, mas já é um dos principais jogadores do time, tanto que é o atacante com maior tempo médio no gelo.
Depois de uma temporada vergonhosa e cheio de jogadores que ainda têm muito o que provar, o novo Avalanche tem uma grande vontade de mostrar que sabe jogar hóquei, uma atitude vencedora, muito diferente da vista seis meses atrás, e o técnico Joe Sacco é o responsável por motivar o elenco. Além de trazer a paixão pelo jogo de volta para os jogadores, Sacco, por conhecer vários dos atuais atletas do Avalanche da época em que treinava o time afiliado, conseguiu combinar as peças certas em suas linhas.
Assim, o Avalanche vem mostrando que mesmo depois de um ano desastroso é possível dar a volta por cima quando se acha o piloto e as peças certas que faltavam num carro ruim e mal dirigido.
Mas a pergunta mais difícil de todas é: será que o Avalanche vai conseguir manter esse ritmo até o fim da temporada?
No papel, o Avalanche não tem um dos melhores time da liga e por isso a sua presença no topo da tabela de classificação pode ser considerada uma ilusão e dificilmente será mantida nos próximos meses. Entretanto, um início de temporada como este anima qualquer torcedor e motiva qualquer jogador. Agora, um time que era apontado novamente como candidato a uma das primeiras posições no recrutamento já passa a ser visto como um dos que vai brigar por uma vaga na pós-temporada.
Seria muita pretensão dizer que o Avalanche vai lutar pela sua terceira
Copa Stanley, mas se Sacco conseguir manter o elenco motivado e confiante
em suas capacidades, mas cientes de suas limitações, se o ataque continuar
entrosado, se o elenco conseguir permanecer saudável, e se Anderson
continuar jogando bem, o Avalanche certamente vai brigar por uma das
oito vagas do oeste na pós-temporada.
Doug Pensinger/Getty Images |
Richard Wolowicz/Getty Images |
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