Por: Thiago Leal

Dificilmente algum torcedor vem enfrentanto tantas emoções nessa reta final de temporada regular quanto aquele dos Ducks. Nas últimas rodadas o time da Califórnia vem alternando entre 12º e sétimo lugar, vivendo na linha entre a classificação para a pós-temporada e a eliminação, o que representaria um fracasso total duas temporadas após a conquista da Copa Stanley. Isso faria com que os Ducks repetissem o "fenômeno do hype", vivido por Carolina Hurricanes e Tampa Bay Lightning.

Os Canes jogaram uma final em 2002, apontados como zebra, afinal, o time nunca foi grande coisa depois que se mudou para Raleigh. E olha que jogavam numa Divisão fácil... depois dessa final, o Carolina se manteve fora dos playoffs em 2003 e 2004. Quando voltou, venceu a Copa em 2006. E novamente não tornou a aparecer em pós-temporada. Pelo menos na atual temporada eles vão. Já o Tampa sempre foi uma equipe considerada "menor" na Liga, a exemplo do próprio Anaheim (com a diferença que os Ducks tinham Paul Kariya). Os Bolts só chamaram alguma atenção quando recrutaram Vincent Lecavalier e o nomearam o capitão mais jovem da história da NHL. Mas em 2004 fizeram uma temporada espetacular que culminou com o título da Copa Stanley. Depois de temporadas mais fracas em 2006 e 2007, indo à pós-temporada aos trancos e barrancos, o Lightning ficou de fora em 2008 e ficará agora em 2009 também.

Parece uma espécie de "patologia" sofrida por equipes de menor tradição na NHL, localizadas em cidades que também têm menos tradição (e menos clima, literalmente falando) para com o hóquei no gelo. Tudo não passa daquele momento inspirado que a franquia viveu e contagiou a torcida. Na temporada seguinte o time torna a jogar mal e os torcedores preferem acompanhar os times de futebol americano ou beisebol. Isso também aconteceu, por exemplo, com o Florida Panthers em 1996, embora lá a franquia de Miami não tenha sido campeã, apenas vice.

O retrospecto pós-Copa Stanley
Os Ducks conquistaram sua Copa em 2007 e em 2008 classificaram-se razoavelmente bem aos playoffs, em quarto lugar, mantendo o mando de gelo. Mas caíram com certa facilidade logo na primeira rodada, a exemplo do que aconteceu com o Tampa em suas pós-temporadas subsequentes à Copa Stanley. A atual temporada começou com uma sequência de derrotas absurda — cinco em seis jogos. Em seguida, aconteceu exatamente o inverso: uma sequência de vitórias, também cinco em seis jogos, a maioria delas fora de casa. Essa irregularidade esteve presente em toda a temporada do Anaheim, sendo dezembro e fevereiro os dois piores meses da campanha. Para a sorte do Anaheim, seus rivais de Conferência são patéticos. Los Angeles, Dallas e Phoenix estão eliminados. A briga então se concentra em Anaheim, Nashville, St. Louis, Minnesota e Edmonton. Os Ducks vêm sendo o melhor dos cinco. Sua sequência de oito vitórias nos últimos dez jogos é a melhor da Liga no momento, ao lado dos Canucks, com números semelhantes. Wild e Oilers mesmo só conseguiram quatro vitórias e os Predators cinco. Parece que o interesse é maior em não ir aos playoffs. E isso, que eu saiba, só interessa aos Islanders, ao Lightning e ao Avalanche.

O drama do atual momento
Quando goleou o Colorado em Denver por 7-2, o Anaheim fechava uma sequência de cinco vitórias consecutivas. No total eram dez jogos e seis vitórias no mês de março, que havia começado mal, com uma derrota na prorrogação para o Chicago e mais duas derrotas, para o Dallas, então rival por uma vaga, e Minnesota. As cinco vitórias, que incluiu duas sobre o Nashville, mais um rival direto, colocaram os Ducks de volta no sétimo lugar no Oeste. Com 8 jogos restando para o final da temporada regular, era correto previr que os californianos precisariam de cinco vitórias, pelo menos, para se garantir na pós-temporada. Pela frente, teria, nessa ordem: Oilers, Avalanche, Oilers, Canucks, Sharks, Sharks, Stars e Coyotes. O correto seria planejar que, caso essas três derrotas acontecessem, fossem contra Canucks e Sharks (em dois jogos).

O problema é que os Ducks começaram a campanha final perdendo por 5-3 para os Oilers. Com dois minutos de jogo, o Anaheim já tomava 2-0, sendo um dos gols de Dustin Penner, um ex-jogador dos Ducks que tornou a marcar para os Oilers quando o jogo estava 2-2. E apenas nove segundos depois Kyle Brodziak fez 4-2. Perry ainda diminuiu, mas os Ducks nãi chegaram ao quarto gol e tomaram o quinto nos segundos finais com a rede vazia. O detalhe é que nesta noite os Ducks tomaram 20 chutes. E chutaram 54 vezes. Foi a noite da estrela Dwayne Roloson, que parou 51 chutes.

Então, restariam sete jogos e uma necessidade de cinco vitórias. Não foi tão difícil vencer os Avs em casa, 4-1. Difícil seria ir a Edmonton enfrentar novamente os Oilers e Roloson. Com dez minutos de jogo Andrew Cogliano marcou 1-0. Quatro minutos depois Sheldon Brookbank empatou e do segundo período em diante os Ducks massacraram, abrindo 4-1. Os Oilers diminuíram para 4-3 no último período, mas, com a rede vazia, Rob Niedermayer marcou e devolveu exatamente o mesmo placar de Anaheim: 5-3.

Dos cinco jogos que faltam, os piores serão exatamente os três primeiros: Canucks, que acontece nesta quinta-feira à noite, e os dois contra os Sharks logo em seguida, o primeiro fora de casa e o segundo em Anaheim. Depois os Ducks recebem o Dallas e vão a Phoenix para o último jogo. São dois jogos que os Ducks têm que vencer para poder classificar para a pós-temporada. Levando em conta que o time deve precisar de três vitórias, então é bom bater os Canucks hoje, ou será obrigado a vencer pelo menos uma das partidas contra os Sharks.

Os novos Ducks
Todos os novos contratados, tanto Ryan Whitney quanto os que foram trocados no dia-limite vêm desempenhando grande papel. Nos 12 jogos em que disputou, James Wisniewski, que estreou com gol contra os Stars, marcou oito pontos. Wisniewski vem sendo o melhor jogador dos Ducks nas últimas partidas. Guardadas as devidas proporções, se assemelha a François Beauchemin, tanto em fazer o trabalho sujo e limpar a defesa quanto em apoiar o ataque, assistir e até marcar gols. Erik Christensen tem quatro pontos e Petteri Nokelainen três, ambos também com 12 jogos. Ryan Whitney que disputou 14 partidas tem sete pontos.

Independentemente das pontuações, todos têm sido de grande importância nas últimas partidas dos Ducks e vem permitindo que os veteranos joguem com mais liberdade. Fosse no começo da temporada, esse seria um time perfeito para brigar por uma posição bem melhor no Oeste. Como só veio agora, é correr atrás do prejuízo antes que o drama termine de vez numa patologia de equipes pequenas que tiveram seus 15 minutos de fama.

Thiago Leal, a exemplo de Marcelo Constantino, esteve "em algum lugar atrás no tempo" nesta última terça-feira.
AP
James Wisniewski, o jogador mais importante das últimas rodadas, não permite a passagem de ninguém.
(29/03/2009)

Victor Decolongon/Getty Images
Dwayne Roloson esteve no caminho de Petteri Nokelainen e dos outros Ducks.
(27/03/2009)

Christian Petersen/Getty Images
Dentre seus cinco últimos jogos, os mais difíceis serão contra os Canucks...
(28/09/2008)
Victor Decolongon/Getty Images
... e dois encontros com os Sharks.
(15/03/2009)
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Página publicada em 02 de abril de 2009.