Por: Thiago Leal

Um ataque que possui Mike Modano, Brenden Morrow, Jere Lehtinen, Joel Lundqvist, Steve Ott, Mark Parrish, Mike Ribeiro e Brad Richards. E aí chegam Sean Avery e a sensação sueca Fabian Brunnström, pronto pra estourar na NHL. A defesa tem Stephane Robidas, Sergei Zubov e o retorno de Darryl Sydor. É... o Dallas Stars enganou muita gente, inclusive este que escreve o presente artigo.

Nos tradicionais pitacos de TheSlot.com.br, tivéssemos palpitado antes do início da temporada eu, sem dúvida, cravaria Stars como campeão do Oeste e até mesmo da Copa Stanley. Nosso excelente colunista Eduardo Costa chegou a chamá-los de Segundo ataque mais forte do Oeste no Guia do Pacífico. Quer dizer... favoritismo não faltava aos Stars. E a montagem do elenco, a princípio, dava a entender isso aí. Mas o que tivemos foi um resultado falso-positivo — termo genérico usado para um exame que acusa você portador de determinada doença quando, na verdade, você não o é.

Mas o que aconteceu com os Stars, que vinham tão bem na temporada passada? Isso é... bem mesmo não vinham... mas estavam recuperando sua força. Tiveram um belo dia-limite de trocas quando trouxeram Brad Richards para o Texas. Na pós-temporada, eliminaram os Ducks e em seguida os Sharks. E olha que isso "tudo" sem ninguém os considerar favorito a nem uma coisa nem outra. E com as movimentações da pré-temporada, acreditava-se que os Stars realmente viriam fortes para a atual temporada, sendo um dos supostos principais rivais dos Wings no Oeste.

Chega a pré-temporada e, de cara, os Stars seis dos sete amistosos que disputou. Tudo bem, pré-temporada não conta — taí os Ducks, que fizeram boa pré-temporada e não estão fazendo uma temporada regular das melhores, muito embora estejam se recuperando. Mas se o Dallas era realmente tudo isso, poderiam ter feito na pré-temporada um papel melhor que apanhar em seis jogos. Até porque a pré-temporada vem colada ao início da temporada regular, e em 11 jogos disputados em outubro, os Stars perdem sete e vencem apenas quatro. E quando você toma de 6-1 d os Blues, alguma coisa realmente está errada.

Talvez seja o ataque que não produza bem. Os 55 gols do Dallas não os colocam como o pior ataque do Oeste — Phoenix, Minnesota, Colorado, Los Angeles e Edmonton têm números piores. Mas quando você põe esses dados junto à pior defesa da Conferência e a segunda pior da Liga, com 74 gols sofridos, realmente, 55 marcados parecem poucos.

Onde está essa turma para bloquear chutes e proteger Marty Turco?

Er... aí é que está. Os Stars perderam Mattias Norstrom, que se aposentou. E tem, no gelo, um monte de defensores já aposentados — Zubov é um deles e Sydor está chegando lá. Tudo bem que Robidas é um bom nome, mas quem vai segurar as pontas junto com ele? Trevor Daley? Mark Fistric? Matt Niskanen? Realmente, acho que não. Aí você querer que Sydor e Zubov agüentem 20 minutos de gelo depois dos 35 anos de idade é esgotá-los fisicamente e, depois, ainda fazê-los ouvir/ver/ler críticas horríveis a seus respeitos. Robidas faz o trabalho sujo que a molecada não corresponde. Isso gera 74 discos no fundo da rede de Turco e a última colocação da Liga. E, obviamente, você credencia os jogadores mais experientes a jogar menos partidas, devido ao cansaço físico. Assim, você só terá Zubov em oito jogos e Sydor em 11. Porque temos que considerar que Zubov já tem 38 anos e Sydor 36. Isso soma-se aos 35 de Lehtinen, aos 38 de Modano, aos 33 de Turco.

Pensando dessa forma, de que adianta trazer Abery de Nova York e buscar Brunnström lá na Suécia? Para ter, respectivamente, dois e seis gols a mais — numa conta de apenas 55 em 20 jogos? Sem falar que nos principais nomes ofensivos do Dallas temos muito mais assistências que gols. Talvez isso não seja algo necessariamente negativo, mas Ribeiro, Richards, Modano e Morrow são quem deveriam assumir a responsabilidade dos gols nesse momento crítico. E, para piorar, o mesmo Morrow se machuca e entra numa lista de ausência que inclui Lundqvist e Ott.

Parece que o planejamento de Brett Hull junto com Dave Tippett não foi dos melhores e agora a franquia paga o preço. E obviamente, quem não paga é o torcedor, contribuindo para um American Airlines Center cada vez mais vazio. Em apenas metade dos jogos em Dallas tivemos mais de 18 mil torcedores presentes à arena. Quem quer sentar para assistir o time perder? Nem a sensação de "quase ganhar" o torcedor tem, já que em nove jogos em casa, os Stars saíram na frente apenas três vezes, e em apenas um deles venceu — contra o Wild, por 4-2. Aliás, os Stars venceram apenas duas partidas jogando em sua arena.

Agora que chegamos a tal situação, a única solução evidente é remontar o time pensando na temporada 2009-10. Para isso, precisa de defensores no auge da idade (entre os 28, 29...) e bons, de preferência. Uma defesa mais segura que permita menos gols e mais liberdade para a criação ofensiva. E, principalmente, livrar-se de peso morto, até porque a folha salarial do clube está cheia e com um saldo negativo.

A temporada acabou para os Stars. Não há o que fazer para se recuperar do baque que assolou o time em outubro e novembro. E dois meses é muito tempo para quem quiser ir à pós-temporada.

Thiago Leal escuta e indica o disco Mclusky do Dallas do Mclusky.
Bruce Bennett/Getty Images
Mike Modano marca, mas essa atitude tem sido rara...
(24/11/2008)

Bruce Bennett/Getty Images
Turco toma mais um: cena repetida 74 vezes.
(24/11/2004)

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Página publicada em 26 de novembro de 2008.