Não deve servir de consolo para os homens de máscara, mas os goleiros da National Hockey League devem saber que não são as únicas vítimas de Jarome Iginla.
Esta temporada, o capitão do Calgary está tornado hábito o fato de também "implicar" com as lendas dos Flames.
Em novembro, Iginla deu uma "cotovelada" em Al MacInnis, tornando-se o líder de todos os tempos em número de partidas disputadas na história da franquia.
Agora, se fizer só mais um gol, o número 12 ultrapassa o ex-colega de time Theoren Fleury para ser o líder isolado na lista de maior artilheiro dos Flames em todos os tempos. Enquanto esperamos pelo número gol de número 365, vamos destacar alguns dos mais importantes dentre os 364.
Número 1: Na verdade, esse deveria ser um gol do tipo 1A. Depois de completar sua temporada como júnior em Kamloops, Iginla estreou nos Flames durante os playoffs de 1996 e marcou em uma de suas duas aparições diante do Chicago Blackhawks.
Entretanto, o primeiro gol que realmente ficou marcado na história veio em 5 de outubro de 1996, em Vancouver. Iginla vestia o número 24 — dois meses depois, após a troca de Paul Kruse, é que ele viria a usar seu familiar número 12 (antes utilizado por Kruse).
"Peguei um passe do Corey Millen," relembrou Iginla no início desta temporada, "e ele me deixou com o gol praticamente vazio. Foi emocionante marcar o primeiro gol em temporada regular, ainda mais que minha pré-temporada tinha sido muito fraca. Acho que fiz só uma assistência em oito jogos."
Número 100: Iginla alcançou a marca centenária durante a vitória dos Flames por 7-2 sobre o Carolina Hurricanes, em 9 de dezembro de 2000, no Saddledome. O gol que deu a ele dígitos triplos foi um chute de backhand que passou por Arturs Irbe.
Número 121: Iginla atingiu a marca dos 30 gols na temporada pela primeira vez em sua carreira no dia 25 de março de 2001, em Chicago. Ronald Petrovicky, que naqueles dias jogava na primeira linha, deu o disco a Marc Savard, que deixou Iginla pronto para o chute após dar um belo giro que entortou o defensor Stephane Quintal, dos Blackhawks.
"Esse foi um dos mais fáceis," disse Iginla. "Mas foi um belo trabalho da nossa linha."
O marca alcançada deu início à atual corrida de Iginla pela sétima temporada seguida com pelos menos 30 gols marcados.
Número 161: Em 24 de março de 2002, no meio da temporada em que explodiu de vez, Iginla conseguiu o primeiro hat trick de sua carreira, e isso em um dos grandes palcos do esporte — o Madison Square Garden, em Manhattan. Até então, em 21 ocasiões, Iginla anotara exatamente dois gols em uma só partida.
"Acho que Jarome foi, provavelmente, o jogador da NHL com mais gols que teve menos hat tricks," disse Craig Conroy naquela noite. "Estávamos falando sobre isso naquela noite mesmo, após o segundo período. Foi legal vê-lo conseguir aquele feito finalmente. E também foi um ótimo chute."
O terceiro gol da noite veio quando Savard deu um passe perfeito para Iginla. O destinatário pegou o disco já em alta velocidade, passou como uma flecha pelo defensor e provável membro do Salão da Fama Brian Leetch, para então bater o goleiro Mike Richter, também um potencial Hall-of-Famer.
"Na verdade, vínhamos conversando sobre colocar em prática aquela jogada, eu e Jarome," disse Savard. "(Paul) Kariya e (Teemu) Selanne constumavam fazê-la em Anaheim. Quando peguei o disco, já sabia o que ele iria fazer, e meu trabalho foi apenas colocar o disco na posição certa."
Número 172: Iginla tornou-se o primeiro jogador dos Flames em dez anos a alcançar os 50 gols em uma única temporada quando disparou um foguete que passou por Jocelyn Thibault, goleiro dos Blackhawks, no United Center, em Chicago, no dia 7 de abril de 2002. Deixe só os registros mostrarem que na verdade foi Craig Berube que empurrou o histórico disco para o fundo das redes...
Com um bom pressentimento para aquela partida, os Flames levaram quatro jogadores lesionados para Nova Iorque — Denis Gauthier, Steve Begin, Dave Lowry e Clarke Wilm — para que pudessem testemunhar aquele momento.
"Ele gastou muito do seu tempo se esforçando para ficar cada vez melhor — 50 gols é o resultado de todo esse esforço," disse Gauthier, um colega de time de longa data. "Sabíamos que isso iria acontecer."
"Estava muito ancioso por este momento," disse Iginla logo após o feito. "Quando penso sobre isso, fico até arrepiado. Sempre sonhei em estar na NHL e assisti a muitos jogadores alcançarem os 50 gols. Espero que no próximo ano eu possa atingir novamente essa marca, mas imagino que não é toda temporada que essa oportunidade aparece."
Efetivamente, essa continua sendo a única temporada em que Iginla alcançou os 50 gols.
Números 199, 200, 201 e 202: Iginla nos presenteou com várias performances memoráveis ao longo de suas 11 temporadas na NHL, mas existe uma pequena unanimidade de que sua mais fantástica atuação aconteceu em 23 de fevereiro de 2003, em Phoenix. Esse foi o jogo em que Iginla marcou quatro gols — um em vantagem e outro em desvantagem numérica, um com as equipes completas e o último em rede vazia — faltando apenas um gol de pênalti para alcançar o feito de Mario Lemieux.
"Bem," sorriu Iginla, "Não posso ser muito ganancioso."
Ao longo de sua carreira, Iginla assistiu ao acúmulo de elogios recebidos pelos seus colegas de time, mas se houve um jogo em que ele deixou isso tudo para trás e agiu no melhor estilo "Sou eu que mando aqui," foi esse. Dois gols foram feitos sem precisar de assistências e um terceiro contou com a "ajuda" do goleiro Roman Turek.
Número 249: Em 31 de março de 2004, noite em que os Flames deram fim a uma seqüência de sete anos sem ir aos playoffs, foi Iginla, apropriadamente, que marcou o único gol da vitória por 1-0 sobre os vistantes Coyotes. Parece estranho pensar nisso agora, mas o grande momento daquela noite vem sempre à tona quando começa-se aquelas especulações esporádicas se os Flames poderiam estar melhor sem Iginla.
"Sei que seria agraciado pelos meus amigos e (antigos) colegas de time se eu tivesse sido trocado," disse Iginla, "mas seria uma péssima sensação assistir ao esforço de todos, atravessar por todos aqueles momentos difíceis e depois não estar lá com eles no fim da jornada. Nossos torcedores foram fantásticos. Foi um longo tempo de espera para eles. Foram muitos anos de insucesso, onde era difícil torcer para um time que nunca ia aos playoffs."
Número 250: No último dia da temporada regular de 2003-04, Iginla não apenas atingiu uma nova marca como também acabou dividindo o Troféu Rocket Richard como o artilheiro da liga. Seu 41.º gol na temporada — diante de Jean-Sebastien Giguere, do Anaheim — colocou o capitão dos Flames em empate triplo no topo da artilharia, junto de Ilya Kovalchuk, do Atlanta, e Rick Nash, do Columbus.
"Estou muito feliz pelo empate," disse Iginla, que venceu o Troféu Rocket Richard sozinho em 2001-02. "Não me importo em dividir o prêmio, mas adoraria ter outro troféu desses na prateleira, para ser honesto."
Número 300: Iginla não teve muito o que comemorar, apesar de ter alcançado masi um número histórico no total de gols em sua carreira. Isso por que os Flames perderam por 3-2, na disputa de pênaltis, para o Wild, em 7 de dezembro de 2006, em St. Paul, Minnesota.
Número 315: Os Flames venceram uma difícil partida no Saddledome, em 24 de fevereiro de 2007, passando pelos Sharks por 7-4. Iginla anotou duas vezes e tornou-se o segundo maior artilheiro na história dos Flames. Curiosamente, com esse gol ele passou Joe Nieuwendyk, o homem por quem ele foi trocado.
Números 363 e 364: No último sábado, Iginla empatou com Fleury após bater os Coyotes mais uma vez. O primeiro de seus dois gols acabou sendo o da vitória, o 61.º de sua carriera. Ao longo de suas quatro últimas temporadas, Iginla liderou todos os jogadores da NHL em número de gols decisivos. Depois, acabou marcando mais um e empatou com Fleury nos 364.
Herald Archive/Getty Images (01/03/2008) |
Herald Archive/Getty Images |