"No
centro do gelo" reúne comentários a respeito
de diversos assuntos do mundo do hóquei.
Um sonho russo
Imagine-se assistindo a alguns dos maiores jogadores
de hóquei de todos os tempos, disputando uma partida em
um rinque a céu aberto na Praça Vermelha, tendo
ao fundo o Kremlin, respirando toda a história da nação
mais intrigante do planeta.
Foi a sensação experimentada por dois mil felizardos
no último sábado, que tiveram a honra de ver de
perto a grande homenagem ao hóquei russo, comemorando seus
60 anos, o 50.º aniversário da primeira medalha de
ouro da União Soviética no hóquei e o 25.º
aniversário da criação da famosa Linha KLM,
a melhor que esse esporte já viu.
"Os Cinco Grandes" do hóquei soviético
— Vladimir Krutov, Igor Larionov e Sergei Makarov, e os
defensores Viacheslav Fetisov e Alexei Kasatonov — enfrentaram
um Time do Mundo — formado por Doug Brown, Paul Coffey,
Thomas Sandstrom, Jari Kurri e Peter Stastny, entre outros —,
treinado pela lenda Scotty Bowman. Viktor Tikhonov, o homem que
reuniu "Os Cinco Grandes", treinou a seleção
soviética.
"Esse é um evento histórico — vir para
a Rússia e jogar na Praça Vermelha," declarou
Bowman. "É uma honra ter todos esses grandes jogadores
para jogar aqui a tempo de homenagear a história do hóquei
soviético e russo."
A seleção russa utilizou a camisa da União
Soviética durante o primeiro e segundo períodos
de 15 minutos, e no último período vestiu a camisa
da Rússia.
O jogo terminou empatado em 10-10. Coffey converteu um pênalti
a dois segundos do fim para garantir o empate. Larionov marcou
quatro dos sete gols de sua linha.
"Foi como nos velhos tempos," disse Larionov. "Nosso
entrosamento estava excelente e nossos passes muito precisos.
Foi ótimo."
"Rússia: um país onde coisas que simplesmente
não acontecem acontecem."
— Pedro, o Grande
As duas mil pessoas presentes ao evento certamente se esqueceram
que a história daquela praça se mistura com a história
da União Soviética. Graças ao hóquei.
O que é ruim nem sempre tem que piorar
Decepcionado com a campanha do St. Louis Blues, o presidente John
Davidson sabia que algo precisava ser feito para que o time pudesse
retomar seu caminho. No fim de semana Davidson demitiu o treinador
Mike Kitchen após três temporadas de trabalho.
O treinador assumiu em fevereiro de 2004, após a demissão
de Joel Quenneville. Com Kitchen os Blues foram eliminados na
primeira rodada dos playoffs pelo San Jose Sharks.
No ano seguinte, os antigos donos da equipe reduziram o elenco
a pó, trocando Chris Pronger e Doug Weight, entre outros,
para facilitar a venda da franquia. Conseguiram. Porém
os Blues amargaram a última posição da liga
e não se classificaram para os playoffs pela primeira vez
desde 1979.
Na atual temporada Kitchen e sua equipe ocupavam novamente a última
posição da liga, acentuada pela sequência
de sete derrotas seguidas. O treinador, que passou mais de seis
anos na franquia como assistente técnico, expressou sua
frustração após a derrota para o Detroit
Red Wings na noite de homenagem a Brett Hull.
"Como você pode não estar pronto para o jogo
de hoje?" ele disse naquela noite. "Olhe ao redor. A
arena está lotada, há muita eletricidade no ar e
eles não estão prontos para jogar? Vamos lá!"
Outro fator contrário a Kitchen foi a ascensão dos
rivais de divisão Columbus Blue Jackets e Chicago Blackhawks
após trocarem seus treinadores. Os Blues quiseram experimentar
a mesma receita.
Sabiamente Davidson contratou Andy Murray, a melhor opção
disponível no mercado. Murray treinou o Los Angeles Kings
até março, quando foi demitido. Na ocasião
os Kings ocupavam a sétima posição, mas após
a saída do treinador não se classificaram para os
playoffs.
Murray é o recordista de vitórias da franquia da
Califórnia e venceu dois campeonatos mundiais pelo Canadá,
em 1997 e 2003. Hoje os fãs dos Kings sofrem nas mãos
de Marc Crawford e seu pupilo Dan Cloutier, respectivamente o
pior treinador e o pior goleiro da NHL.
Com Murray no comando os Blues vão melhorar, mas não
o suficiente para chegar aos playoffs, é claro. Apesar
de passar os últimos meses desempregado, ele está
entre os treinadores mais competentes e inteligentes da liga.
Fica a dúvida: por que Davidson não tomou essa decisão
antes?
A estréia de Murray nos Blues somente não foi feliz
porque o personagem da nota abaixo também fazia sua estréia...
Enfim contratado
Peter Bondra saiu da fila de aposentadoria para o primeiro
vôo com destino a Chicago, onde assinou contrato com os
Blackhawks. Dois meses depois do início da temporada, finalmente
um time se interessou pelos serviços do atacante de 38
anos.
O gerente geral Dale Tallon ressaltou a velocidade e a habilidade
do jogador, além da experiência para ajudar os demais
atletas do time. O baixo salário do eslovaco, $ 500 mil,
auxiliou na decisão de contratá-lo.
Logo em sua estréia, Bondra marcou um gol, o primeiro dos
Hawks na vitória por 3-2 contra o St. Louis Blues. Foi
o 499.º gol de sua carreira.
No anêmico ataque do Chicago, o quinto pior da conferência,
Bondra pode novamente se destacar, principalmente se mantiver
seu foco em jogar hóquei. O risco corrido pelos Hawks é
mínimo e o retorno pode surpreender.
Conquistando seu espaço
Após consagrar-se como artilheiro da principal
liga júnior de Quebec, marcando 61 gols e 152 pontos em
62 jogos, e liderar o Quebec Remparts ao título, Alexander
Radulov esperava garantir seu lugar como titular do Nashville
Predators nessa temporada.
Mas tanto a gerência quanto o treinador Barry Trotz acreditavam
que o melhor para o russo de 20 anos era iniciar a temporada na
AHL, jogando pelo afiliado menor, o Milwaukee Admirals.
Radulov respondeu à sua maneira. Na primeira semana da
temporada foi eleito o melhor jogador da AHL. Na terceira semana
de outubro fez sua estréia na NHL e marcou dois gols em
seis partidas. Não foi o suficiente para convencer Trotz
a mantê-lo como titular.
O jogador sabia que o problema não era seu jogo, mas sim
o time. "Às vezes não é porque você
não está pronto," afirmou Radulov. "É
por causa da situação do time. Eles tinham muitos
bons jogadores."
Menos de três semanas depois, Radulov foi novamente chamado
para o time principal, em parte graças às contusões
de titulares. E aí fez as coisas se complicarem para Trotz.
Em 11 jogos, marcou sete gols, três de vitória. Com
metade dos jogos de seus companheiros, o russo é o segundo
maior goleador do time.
Moral da história: os Predators já avisaram o jogador
para encontrar um lugar para viver em Nashville, porque ele está
definitivamente no time.
"Eu realmente estou gostando do tempo que estou aqui,"
disse ele. "Eu me sinto muito bem. É a melhor liga
e era meu sonho fazer parte dela. É inacreditável."
Radulov inspira o time. "Se nós não o expulsássemos
do gelo todos os dias, ele ficaria por lá por três
ou quatro horas," declarou Trotz. "Ele ama jogar."
Evgeni Malkin que se cuide. Há mais um russo brilhando.
Restrição ao Center Ice
Em uma palavra, a definição de Marketing talvez
seja "troca". Pensando nisso, o que a NHL tem oferecido
aos fãs para receber em troca sua atenção,
lealdade e, principalmente, dinheiro? Desprezo.
Mesmo contando com jogadores de diversas partes do mundo, o Departamento
de Marketing da liga não consegue emplacar a venda do seu
produto. E quando uma idéia interessante aparece, como
a transmissão dos jogos via Internet, a liga decide proibi-la.
Nós no Brasil não temos acesso aos jogos. Na Europa,
onde nasceu grande parte das maiores estrelas da liga, não
é diferente. Até no Canadá a cobertura dos
jogos é questionável. Segundo um fã de Montreal,
somente 40% da população tem acesso aos jogos locais
dos Canadiens.
Não me admira o fracasso da liga em popularidade. Esconder
o produto não é uma política racional para
empresas — justamente o que faz a NHL. As ferramentas de
Marketing têm por função, entre outras, atrair
novos clientes e fidelizar os já existentes.
Quando você não é bem atendido em uma empresa
ou recebe um produto ou serviço de qualidade inferior,
simplesmente muda de fornecedor e passa a comprar do concorrente.
O fim da transmissão de jogos via Internet é mais
uma porta que se fecha para os fãs. Não fosse o
hóquei no gelo uma paixão, certamente procuraríamos
outra empresa, porque o que a NHL fez agora e faz há anos
é nos desprezar.
A página da NHL na ESPN.go.com está promovendo
uma pesquisa para revelar "A maior linha de todos os tempos".
Funciona da seguinte forma: o torcedor tem um formulário
em branco para preencher com 12 atacantes dentre os 50 disponíveis,
desde Wayne Gretzky, Mario Lemieux e Gordie Howe até Jaromir
Jagr, Eric Lindros e Sidney Crosby.
As minhas linhas:
Mario Lemieux - Wayne Gretzky - Gordie Howe
Brendan Shanahan - Mark Messier - Brett Hull
Luc Robitaille - Steve Yzerman - Mike Bossy
Ted Lindsay - Sid Abel - Bobby Hull
Clique aqui
para votar. A pesquisa termina no dia 20 de dezembro. E não
se esqueça de comentar no Blog
da Redação as suas escolhas.
Curiosidades
O goleiro Henrik Lundqvist, do New York Rangers, ainda
não sofreu gols em decisões por pênaltis nesta
temporada. Foram 22 defesas em 22 chutes, as últimas no
dia 7 contra o Pittsburgh Penguins, parando Malkin e Crosby.
Chad Kilger, do Toronto Maple Leafs, quebrou o recorde do chute
mais forte da história da NHL no desafio de habilidades
dos Leafs. Kilger chutou a mais de 171 Km/h. O recorde anterior,
de 169 Km/h, pertencia a Al Iafrate.
Humberto Fernandes foi a Juiz
de Fora no sábado ver o heptacampeonato de futsal da Seleção
de Ubá. Em oito anos, sete conquistas.
MÃE
RÚSSIA Não há no mundo uma
praça como essa para se disputar um jogo de hóquei
no gelo. Em tempo: diretamente da redação de TheSlot.com.br,
Humberto Fernandes e Eduardo Costa amaldiçoavam o caos
nos aeroportos brasileiros que impediu a presença dos
colunistas no evento.
(Alexei Sazonov/AP - 09/12/2006)
OS MAIORES
Esse baixinho aí do meio jogaria em qualquer time da
NHL ainda hoje. Seu apelido é "O Professor"
e durante sua carreira venceu a Copa Stanley três vezes.
(Ivan Sekretarev/AP - 09/12/2006)
DE CARA NOVA
Chega de Mike Kitchen. O St. Louis Blues precisa
de um treinador de verdade. É aí que entra o competente
Andy Murray.
(Tom Gannam/AP - 12/12/2006)
PROBLEMA?
Alexander Radulov esquentou a cabeça do treinador Barry
Trotz. Não há como deixar o garoto russo fora
do Nashville Predators. Radulov é gol!
(Bruce Bennett/Getty Images - 29/11/2006)
FUTURO DA NHL
Dois fãs solitários acom-panham a partida entre
Blackhawks e Blues em St. Louis. A NHL faz por merecer a falta
de interesse do público.
(Tom Gannam/AP - 12/12/2006)
SENHORA FERNANDES
Karolina Kurkova, top model, prova que a República Tcheca
não vive apenas de Jaromir Jagr e Dominik Hasek. Ei,
tem um artigo aí do lado.
(Papa Luc/Brainpix)