Todos esperavam um duelo particular entre duas grandes promessas da liga. É sempre assim quando Penguins e Capitals jogam, não? Mas o que se viu teve pouco a ver com apenas dois jogadores.
O que se viu teve ingredientes de um jogão, salpicados com uma virada histórica. Sidney Crosby e Alexander Ovechkin tiveram boa participação (dois pontos cada, e Ovechkin ainda marcou o único gol dos Caps na disputa de pênaltis), mas quem decidiu o jogo não foi nenhum deles. Nem de um lado nem de outro.
Três jogadores marcaram para os Capitals (Chris Clark duas vezes), que abriram 4-0 antes da metade do segundo período. E quatro jogadores dos Penguins empataram a partida. Não se pode dizer que Evgeni Malkin fez a diferença, mas ele marcou os dois gols que podem ser considerados os mais importantes do jogo.
O primeiro deles foi o gol que empatou a partida, aos 3:20 da
etapa final. Ele pegou um rebote na boca do gol e decretou o que
viria a ser o resultado até o fim da prorrogação.
Na decisão por pênaltis, ele marcou o gol decisivo,
com uma finta de corpo que enganou o experiente Olaf Kolzig.
Mas ainda vai demorar um bom tempo para Crosby e Ovechkin serem meros figurantes em um jogo entre Pens e Caps. Mesmo com seus colegas tendo grandes atuações. "Vai ser algo grandioso, não vai?", perguntou o gerente geral dos Caps, George McPhee, antes de o jogo começar.
É, não deve ser fácil para os jovens Ovechkin, de 21 anos, e Crosby, de 19, segurar a barra de tentar ressuscitar duas franquias em cidades que ou não demonstram grande interesse pelo esporte (caso de Washington, cujo público na segunda-feira foi de apenas 14.793 pagantes) ou estão ameaçadas de perder sua franquia (caso de Pittsburgh, cuja decisão sobre uma nova legislação de cassinos, que deve sair ainda neste mês, pode salvar o time ou fazer a torcida ter de aguardar mais algum tempo até saber se o time fica ou não).
Por isso, eles devem ter ficado aliviados ao ver que ao menos naquele dia eles não precisaram atrair os holofotes sozinhos — embora os holofotes tenham-nos seguido de qualquer forma. Um jogo como aquele, em rede nacional (nos EUA, é claro; aqui, só via TVU, agora limitado apenas à Vs. depois da nova "jogada de marketing" da NHL), certamente não foi uma má propaganda. Afinal, quem sintonizou para assistir ao duelo Crosby x Ovechkin viu um jogão.
Não era mais questão de dois garotos atormentando
os goleiros adversários, mas, sim, dois clubes que na temporada
passada tiveram campanhas sofríveis tentando provar que
podem começar a sonhar com os playoffs. Que mudança
de direção em relação ao ano passado!
Um ano atrás, por exemplo, os Capitals tinham dez pontos
a menos e sete derrotas a mais. Os Penguins tinham nove pontos
a menos e cinco derrotas a mais. Não é de se surpreender
que tenham terminado, respectivamente, na 14.ª e na 15.ª
posições no Leste.
Ovechkin é um dos jogadores mais explosivos da liga, mas
isso já era esperado. Os Capitals estão melhores
nesta temporada por causa de seus jogadores secundários,
como Matt Pettinger, Brian Sutherby, Shaone Morrisonn e Mike Green,
que se desenvolveram muito mais rápido do que o time imaginava.
Kolzig tem sido fantástico, parando mais chutes que qualquer outro goleiro da NHL. Mas ele não tem de trabalhar tanto quanto no ano passado, simplesmente porque sua defesa tem menos furos hoje. E o reserva dele, Brent Johnson, não tem jogado mal quando é chamado.
No caso de Pittsburgh, a coisa é parecida. Crosby está um ano mais experiente, e o fato de ele estar em terceiro na artilharia da liga comprova isso. Mas a recuperação dos Pens não pára por aí. O goleiro Marc-André Fleury finalmente começa a demonstrar consistentemente a forma que lhe valeu ser a primeira escolha do recrutamento de 2003. Malkin chegou para esta temporada e não precisou de mais de 14 milésimos de segundo para se adaptar à NHL. A defesa está mais equilibrada.
Não, nenhum dos dois times tem grandes chances se conseguir se classificar aos playoffs, mas tudo isso demonstra que estão no caminho certo. E isso já está reavivando também esta velha rivalidade, criada ao longo de seis confrontos na pós-temporada entre 1991 e 2001.
Crosby disse depois do jogo de segunda-feira que não acha que ele e Ovechkin tenham a missão de salvar a liga ou seus respectivos times. "Acho que há outros jogadores, além de Alex e eu, que vão ajudar", disse. "Há um cara do meu lado que traz bastante emoção." Ele estava falando de Malkin.
De qualquer maneira, nem Crosby nem Ovechkin estão decepcionando na tal "missão de salvamento", ainda que ela não exista oficialmente.
Alexandre Giesbrecht, 30 anos, viajou 1.200 km (ida e volta) no último fim de semana para o casamento de sua cunhada.
SOB OS HOLOFOTES DOS DOIS No jogo de segunda-feira, Crosby e Ovechkin chamaram os holofotes, mas jogadores como Kris Beech (à direita) e Evgeni Malkin (à esquerda) também ajudaram a produzir um jogão.
(Toni L. Sandys/Washington Post - 11/12/2006)