JOGO 6
Edmonton 4-0 Carolina

CANSAÇO Será que acabou o gás dos Hurricanes de Kevyn e Craig Adams? (Paul Chiasson/CP/AP - 17/06/2006)
por Scott Burnside

E então a teoria do "Carolina Hurricanes feito de monóxido de carbono" dá lugar a "desculpe, acabou o gás". De uma maneira absolu-tamente dominante, o Edmonton Oilers está perto de fazer história depois da vitória por 4-0 no jogo 6, placar este que, se fosse refletir a desigual-dade da partida, teria sido 24-0.

E, dada a maneira que os outrora inabaláveis Hurricanes implodiram ontem, vai ser necessária uma dramática virada na segunda-feira à noite, no jogo 7, em Raleigh, para impedir que os Oilers escrevam uma das mais históricas páginas da história da Copa Stanley.

"Hoje não houve dúvidas. Eles jogaram melhor, e nós saímos envergonha-dos. Isso diz tudo", reconhece o veterano defensor Glen Wesley, do Carolina. "No fim das contas, temos de superar isso."

Foi tão completo o domínio dos Hurricanes por parte dos Oilers que o vestiário do Carolina permaneceu fechado aos jornalistas por alguns minutos a mais enquanto os jogadores faziam uma reunião.

"Sim, nós conversamos. Mas não vou elaborar a respeito", comfirmou Wesley. "O que está lá fica lá, e vocês [jornalistas] não precisam saber."

Os Oilers já eram o primeiro oitavo colocado a chegar às finais da Copa Stanley. Agora eles estão prestes a se tornar apenas o segundo time a virar uma série que perdia por 3-1 e vencer a Copa. Só a versão de 1942 do Toronto Maple Leafs, que virou depois de perder os três primeiros jogos da série, conseguiu o feito.

"Lá no vestiário, falamos em acreditar. Falamos sobre a urgência e a von-tade de vencer, e de nunca desistir durante todo o jogo", conta Ryan Smyth, que acabou com qualquer esperança de mais uma virada do Carolina, com um gol em vantagem numérica aos 3:04 do terceiro período, que deu aos Oilers uma vantagem de 3-0. "E, sabe, são poucos que che-gam aqui em sua carreira, então é óbvio que vamos aproveitar a oportuni-dade e dar o máximo para colocarmos nossos nomes na Copa."

No início destas emocionantes finais, o técnico do Edmonton, Craig MacTavish comparou os talentosos Hurricanes ao monóxido de carbono — discreto, mas extremamente mortal. Agora, de volta a Raleigh para um jogo decisivo, os Oilers fizeram o ataque dos Canes parecer mais hélio. Os Hurricanes perderam em chutes por 10-3 no primeiro período, que termi-nou sem gols, e não deu o seu primeiro chute no segundo até a marca dos 14:11.

Àquela altura, os Oilers já tinham 21 chutes contra o goleiro do Carolina, Cam Ward, e tinham 2-0 no placar, com gols de Fernando Pisani e Raffi Torres. Pouca coisa que os Hurricanes tentaram funcionou, incluindo a es-calação milagrosa de Erik Cole pela primeira vez desde sua contusão no pescoço, em 4 de março. A equipe de vantagem numérica mais poderosa da NHL de repente foi neutralizada, desperdiçando suas seis oportunida-des.

A mais crucial delas veio no final do segundo período, quando os Oilers foram penalizados duas vezes segudas. Mas, apesar de uma pressão ra-zoável do Carolina, os Hurricanes não conseguiam achar o caminho do gol. Naquela vantagem numérica incluiu-se um momento reminiscente do jogo 1, quando o capitão Rod Brind'Amour aproveitou-se de um lapso do goleiro do Edmonton para dar a vitória a seu time no último minuto. Neste caso, entretanto, Brind'Amour não conseguiu controlar o disco com o goleiro do Edmonton, desta vez Jussi Markkanen, fora de posição. A chance passou.

"Se que temos de jogar melhor se quisermos vencer", disse Brind'Amour. "O time confia bastante em mim, e eu não fiz nada nos últimos dois jogos. Muitas vezes, o time segue o meu ritmo, e eu não estou cumprindo meu papel agora. Este não foi um jogo típico nosso, e eles jogaram muito bem."

Mesmo a defesa da série, executada por Cam Ward, parando espetacular-mente com a luva um chute de Radek Dvorak em um 3-contra-1 no início do terceiro período, não conseguiu fazer os Hurricanes pegar no tranco, e eles pareceram conformados com a derrota depois de seis jogos sendo espancados pelos Oilers. No jogo 6, os Oilers deram mais trancos que os Hurricanes, 23-11, e o jogo físico é um dos principais motivos por que o Carolina pereceu não agüentar mais ontem.

Quão dramática tem sido esta virada desde que os Hurricanes abriram 3-1 na série? No jogo 6, foi a antes sonolenta equipe de vantagem numérica dos Oilers que pareceu dominante, com um aproveitramento de 3 de 9 oportunidades, e foram os Hurricanes os indisciplinados e frustrados. Os Canes não cometeram apenas oito penalidades menores, eles também cometeram duas penalidades de banco por jogadores demais no gelo.

Laviolette raramente cometeu erros nestes playoffs. Ele alternou Ward e Martin Gerber no gol do Carolina durante as séries contra Montreal e Buffalo e foi imensamente recompensado por sua intuição. Mas é de se imaginar se ele não abusou das cartas à sua disposição no jogo 6.

Cole estava tendo uma grande temporada quando se contundiu e certa-mente estava desesperado para voltar ao time desde que voltou a patinar, quase um mês atrás. E enquanto Laviolette dizia que Cole tinha sido, na sua opinião, o melhor atacante de seu time nos dois primeiros pe-ríodos, em retrospecto talvez fosse mais prudente escalar o atacante reserva Chad LaRose, que participou de 20 dos 24 jogos na pós-temporada, ou um defensor como o veterano Oleg Tverdovsky para substituir o contundido Doug Weight.

Claro, talvez Laviolette tenha imaginado exatamente este cenário e esca-lar Cole para o jogo 6 pode resultar em mais produção dele no jogo 7.

"Estou ansioso para melhorar no jogo 7", revelou Cole, que admitiu não ter se sentido muito bem no terceiro período.

A derrota foi apenas a segunda vez nestes playoffs que os Hurricanes perderam dois jogos seguidos. Eles tinham perdido as duas primeiras partidas da primeira fase, contra o Montreal, e têm sido um modelo de eficiência e de alegria desde então. Mas a derrota de ontem parece ter refutado a convicção de Laviolette de que embalo é um mito nos playoffs e que cada jogo é uma entidade separada com quase nenhum efeito recorrente.

Nas próximas 48 horas, Laviolette terá de convencer seu time de que o embalo é um bicho-papão dos playoffs, algo que só existe em suas cabeças, e que é só voltar para casa e começar de novo.

"Quais são as opções que temos?", perguntou Laviolette. "Falta apenas um jogo na Copa Stanley e é em nossa casa. Não há nenhum lugar em que preferíssemos estar. Ganhamos um monte de jogos lá neste ano."

O atacante Ray Whitney, do Carolina, enfureceu-se com a sugestão de que acabou o gás de seu time.

"Não, não está acabando o nosso gás. Não gastamos nada dele [ontem], então deveremos ter bastante à nossa disposição na segunda-feira", ex-plicou Whitney.

Talvez o veterano atacante Kevyn Adams tenha explicado melhor.

"Existe um motivo por que é uma melhor-de-sete. Não é para ser fácil", disse. "Às vezes, se você não faz seu trabalho, tem a esperança de um novo dia. Nós temos. E é hora de nós realmente jogamos nosso melhor hóquei. Jogo 7 em casa. Poderíamos perdir mais?"



Scott Burnside é jornalista do site ESPN.com. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.
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Página publicada em 18 de junho de 2006.