JOGO 6
Edmonton 4-0 Carolina

PROTESTO Este tranco de Moreau em Cole foi contestado pelo jogador do Carolina — que jogou bem, mas não foi ajudado pelo resto do time (Bruce Bennett/Getty Images - 17/06/2006)
por Michael Farber

Se você vai escalar para o jogo 6 das finais da Copa Stanley o equivalente no hóquei a Willis Reed, é bom seu time não jogar como Lou Reed.

Erik Cole foi o convidado misterioso, voltando de uma viagem a Denver no dia livre para uma tomografia computadorizada no pescoço, contundido desde o início de março, e sendo escalado no lugar do contundido Doug Weight, uma surpresa que deveria ter levantado o astral do Carolina Hurricanes e inspirado a melhor atuação do time nos playoffs, permitindo que eles patinassem com a Copa em Edmonton.

Ao invés disso, eles foram total e completamente anêmicos [N. do T.: as metáforas usadas em inglês foram simplesmente deliciosas, mas não têm tradução para o português com o mesmo sentido. O adjetivo usado foi flat, que, em inglês, também significa "chato", "plano". No original: "chatos como uma tortilla, chatos como a Terra pré-Galileu, chatos como a província de Saskatchewan."]. Com tudo o que Cole fez de bom no jogo — e, para um ponta que não jogava havia 14 semanas, ele foi um dos melhores jogodores dos Hurricanes, como apontou o técnico do Carolina, Peter Laviolette, depois do jogo —, ele poderia até ter sido Nat King Cole. O Carolina conseguiu impressionantes 18:31 no gelo de Cole — em igualda-de numérica, um tempão em vantagem numérica e até um pouquinho de tempo matando penalidades —, mas uma decisão de Laviolette e uma teimosa vontade de jogar por parte de Cole — duas coisas que poderiam ter sido geniais —, de repente, tendo em vista a horrível performance dos Hurricanes, foi mais amarga que esperta.

Os Hurricanes se reuniram depois da goleada por 4-0. De acordo com o veterano defensor Glen Wesley, que, fora isso, adotou um comportamento típico de Las Vegas, onde o que foi dito a portas fechadas fica lá dentro, a palavra "envergonhados" veio à tona.

Por que não "humilhados"?

Os Oilers deram mais chutes a gol que o Carolina, 10-3, no primeiro período, e 21-3 com menos de seis minutos faltando no segundo. Mas não foi só a risível disparidade nos chutes. A partida foi jogada com a raça dos Oilers em busca de cada disco sem dono, para ganhar cada corrida, para jogar não só com pernas e corações, mas também com a cabeça. Se alguém precisa de prova da cãibra cerebral coletiva que acometeu os Hurricanes, eles sofreram duas penalidades por homens demais no gelo entre as nove oportunidades de vantagem numérica que eles deram aos Oilers. No início da série, isso não teria importado. Mas o Edmonton come-çou a dar movimento ao disco rapidamente, marcando três gols em vanta-gem numérica e finalmente conseguindo 2-contra-1s no ataque, parecendo perigosos com um homem a mais mesmo quando não convertiam.

O Central do Carolina Kevyn Adams disse que não faltou inspiração ao seu time; ele só não estava ligado em uma noite em que perdeu a margem de erro que tinha acumulado nesta série melhor-de-sete.

Certamente o surpreendente retorno de Cole não incomodou os Oilers, que o atormentaram ao longo da noite — Ethan Moreau deu um tranco particularmente sólido nele no segundo lance do jogo, que foi alvo de protesto por parte de Cole —, assim como de qualquer um que estivesse usando uma camisa branca. Quando viram Cole se aquecer, os Oilers acharam que alguma coisa estava se armando. Quando o nome de Cole apareceu como escalado na lousa antes do jogo — ele jogou no lado direito da linha completada por Eric Staal e Cory Stillman —, o defensor Steve Staios, do Edmonton, disse que "isso não mudava nada" e que os Oilers só estavam "preocupados com sua própria atuação".

"Nem falamos nisso", contou o técnico dos Oilers, Craig MacTavish. "Para mim, ele pareceu uma ameaça. Ele não pareceu tirar o pé e até conseguiu dar alguns trancos."

Cole, que disse não ter se sentido muito bem no terceiro período, pelo menos teve um jogo para desenferrujar. Agora ele pode descansar — ao menos o que uma viagem de cinco horas passando por dois fusos horários permite — antes de tentar ganhar o troféu com que ele diz ter sonhado sua vida inteira.

Ele queria voltar à luta pela Copa, implorando ao técnico para ser escalado depois que Weight se contundiu. Ele não devia nada aos Hurricanes. Mas agora os Hurricanes devem a ele ao menos o mesmo esforço que ele fez pelo time.



Michael Farber é jornalista da revista Sports Illustrated. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.
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Página publicada em 18 de junho de 2006.