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25 de abril de 2003
Terça-feira de êxtase na NHL

Por Marcelo Constantino

Nada menos que três jogos decisivos de playoffs da NHL na última terça-feira. Duas séries já eram tidas como as mais equilibradas desta primeira fase: Canucks x Blues e principalmente Maple Leafs x Flyers. Mas havia ainda o surpreendente Minnesota Wild de Jacques Lemaire e aquele detestável -- porém eficiente -- esquema defensivo vencendo duas partidas seguidas contra o favorito Avalanche e forçando um improvável jogo 7.

Enfim, uma terça-feira de emoções prometidas como poucas vezes se viu na liga.

Terminada a noite, duas da madrugada no Brasil, a maior das surpresas, sem dúvida, foi ouvir os comentaristas da ESPN anunciando o gol do Minnesota na prorrogação. Inacreditável. Eu já custava a crer que eles haviam empatado logo depois dos Avs marcarem 2-1 com Joe Sakic, quando faltavam 6:45 para o jogo acabar. Claro, está muito longe de ser o vexame protagonizado pelos Wings, mas quem ousaria apostar no Wild contra o Avalanche?

Aliás, que grandes jogos foram os dois últimos entre Wild e Avalanche! No jogo 6 o Wild vencia por dois gols de diferença até que os Avs marcaram duas vezes nos últimos quatro minutos e empatarem. Richard Park garantiu o jogo 7 com o gol na prorrogação para o Minnesota.

No disputadíssimo jogo 7 os subvalorizados jogadores do Wild conseguiram reagir e empatar o jogo para, novamente, vencerem mais tarde na prorrogação.

Com a ação ofensiva resumindo-se a Sakic e Peter Forbserg, com a providencial ajuda de Milan Hejduk, e Steven Reinprecht sendo parado por Manny Fernandez por duas vezes quando entrava livre, que saudades a torcida deve estar sentindo de Chris Drury e seus gols salvadores em jogos decisivos!

Time que joga com esquema da armadilha da zona neutra definitivamente não me agrada, mas tenho de admitir que o que o Wild fez é algo como realizar um sonho quase impossível. Terceiro ano de vida e classificação para os playoffs. Parar por aí? Não. Perdendo por 3-1 na série para um dos maiores favoritos da liga, viraram a série e venceram. Isso dá filme.

Hitchcock ofensivo? --
Logo no início da noite tivemos a goleada dos Flyers sobre os Leafs. Inesperada, dado que três jogos da série foram pelo menos para a segunda prorrogação.

Ed Belfour, que vinha sendo o grande MVP do time -- nos playoffs e na temporada regular -- estava invicto nos últimos quatro jogos 7 que havia disputado, mas falhou neste jogo decisivo e aceitou seis gols em 36 chutes. Mais que isso, os dois gols no período inicial que ele levou podem ter sido definitivos para o resultado final. Quando até Keith Primeau marca um gol é realmente sinal de que há algo de anormal no ar.

Chechmanek fez defesas importantes do outro lado no primeiro período, quando a partida foi mais estudada, e isso deu a tranqüilidade necessária ao Philadelphia, que não pareceu se abater com a derrota na terceira prorrogação do jogo 6.

Os Maple Leafs pareciam não ter ciência de que estavam disputando um jogo 7, a despeito dos esforços do capitão Mats Sundin. A contusão de Mogilny no jogo 2 parece não ter sido resolvida em definitivo e isso afetou a ofensividade da equipe.

Nenhum time foi mais prejudicado por contusões que o Toronto.

Canucks com trancos e gols na TV --
A ESPN transmitiu ao vivo a partida entre Vancouver e St. Louis. Ótimo jogo 7, assistimos a um Vancouver jogando um hóquei estritamente de playoffs. Trancos sempre que possível, com o defensor Ed Jovanovsky à frente fazendo grande partida. Velocidade e ousadia para partir para o ataque mesmo quando em desvantagem numérica.

Do lado dos Blues, o velho conhecido Chris Osgood sem culpa na derrota, mas aceitando gols que um grande goleiro não aceitaria; Al MacInnis sem condições plenas de jogo; Chris Pronger muito aquém do que deveria; Barret Jackman projetando um futuro brilhante para a defesa do time; Pavol Demitra sumido e o Keith Tkachuk de sempre.

Não consegui entender como é que os Blues se submeteram, sem reagir, ao jogo físico dos Canucks. Começaram a partida marcando logo com um minuto de jogo e pararam por aí. Tal qual os Leafs, pareciam fora do espírito de um jogo 7, e isso transbordava nos jogadores do Vancouver. Que partidaço de Trevor Linden, este subvalorizado jogador tão importante para os Canucks!

Etc. --
O campeão e outrora temido Detroit Red Wings foi o único time a não vencer uma partida sequer nestes playoffs. O vexame do time pode ser explicado por diversas coisas -- e há texto suficiente nesta edição dissecando este assunto --, mas também pela incrível capacidade do Anaheim Mighty Ducks em vencer jogos apertados com diferença de um gol, com escrevi em fevereiro deste ano.

Entretanto o técnico dos Ducks Mike Babcock explicou de forma definitiva: "Os deuses do hóquei premiam aqueles que trabalham com mais afinco"

Marcelo Constantino engrossaria as estatísticas da indigência se tivesse de viver dos seus palpites.
  MOMENTOS DO GRANDE DIA:
 
  AH, CANADÁ! Jogadores do Toronto Maple Leafs, time da torcida mais fanática no Canadá, ouvem o hino nacional canadense antes da partida em que seriam eliminados por definitivos 6-1 frente ao Philadelphia Flyers (Doug Pensinger/Getty Images - 22/04/2003)
   
 
  SEMPRE ELIMINADOS Chris Osgood mal deve ter visto o chute de Henrik Sedin, que empatou a partida e abriu caminho para outros três gols dos Canucks na vitória de 4-1 (Jeff Vinnick/Getty Images - 22/04/2003)
   
 
  EXPLOSÃO Andrew Brunette fica eufórico com seu gol na prorrogação do sensacional jogo 7 contra o Avalanche. O Wild perdia a série por 3-1, mas conseguiu virar e surpreender toda a NHL (David Zalubowski/AP - 22/04/2003)
   
 
  NOVAMENTE NUM JOGO 7 Patrick Roy e o Colorado têm um largo histórico em jogos 7. Até serem derrotados pelos Wings no ano passado, geralmente venciam essas batalhas (Brian Bahr/Getty Images - 22/04/2003)
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Página publicada em 24 de abril de 2003.