Por Alexandre Giesbrecht

Não foi um jogo comum. Nem poderia ter sido, com o resultado final. Quer dizer, nem tanto o resultado do jogo em si, mas o resultado da série, encerrada com o gol de Andrew Brunette aos 3:25 da prorrogação. O gol deu a vitória ao Minnesota Wild no jogo por 3-2 e na série por 4-3. Ah, sim, o adversário: o todo-poderoso Colorado Avalanche.

A série só ganhou alguma atenção no primeiro jogo, em Denver, vencido pelo Wild. Nos três jogos seguintes, contudo, a lógica prevaleceu, com os Avs comandando, 3-1. Faltava só o golpe de misericórdia, justamente aquele golpe que o Colorado parece ter esquecido como se dá. Quando o Minnesota ganhou o jogo 5, parecia apenas uma pedra no sapato. Quando ganharam o jogo 6, pareceram mais uma lombada mal-feita em alguma estrada perdida no interior do Brasil.

Mas quando Brunette enganou a lenda Patrick Roy e chutou o disco para dentro do gol, a zebra foi consumada. Ninguém esperava, mas o impacto acabou não sendo tão grande, graças à derrocada dos Wings frente aos Ducks, em ainda menos jogos.

Sim, o gol de Brunette acabou de vez com os Avs, mas o gol que garantiu que isso acontecesse foi ainda mais importante: a 4:28 do final do jogo, Marian Gaborik marcou durante vantagem numérica, empatando o jogo que Joe Sakic tinha desempatado apenas 2:17 antes. Sim, quando Sakic marcou, parecia que tinha selado o compromisso com os Canucks.

Parecia. Mas Gaborik pegou o rebote do chute de Filip Kuba e acabou com a festa que já se formava no Pepsi Center. A equipe de vantagem numérica do Wild já tinha contribuído no primeiro gol, que também acabou com uma festa que se formava. Depois do chute de Sergei Zholtok, quase sem ângulo, Pascal Dupuis apareceu de trás do gol e marcou.

Apesar dos esforços dos artilheiros, quem foi o herói do jogo foi mesmo o goleiro Manny Fernandez. Quando o jogo ainda estava 0-0, ele segurou o empate com várias defesas difíceis, incluindo uma com a ponta do taco, quando Sakic tinha metade do gol livre à sua frente. Seu parceiro Peter Forsberg saiu um pouco do seu estilo para derrubar Gaborik com um suro tranco, mas acabou sendo dele o gol que abriu o placar, já no segundo período, embora a resposta tenha vindo apenas 1:22 depois. E os Avs ainda acertaram a trave de Frenandez outras duas vezes no período.

O jogo continuou duro, com muito mais pressão por parte do time da casa, mas Fernandez segurava tudo. Sua única falha veio no segundo gol dos Avs, quando, à Ronaldo (aquele ex-goleiro), preferiu ficar arrumando confusão, ao invés de acompanhar a jogada. Sakic aproveitou-se disso para mandar de primeira um passe de Alex Tanguay para dentro do gol e fazer 2-1.

Esse gol realmente de nada adiantou, já que Gaborik viria a empatar novamente, durante uma penalidade estúpida que Rob Blake havia cometido contra Darby Hendrickson. O domínio territorial dos Avs já não era sequer o mesmo. O Wild pressionava mais, dando trabalho a Roy. A torcida, já irritada, pressentia o pior.

E o pior veio. Zholtok dominou o disco na zona neutra e avançou contra dois zagueiros. Percebendo a entrada de Brunette, fez o passe. Brunette deu seqüência à jogada patinando na direção de Roy. Levou o disco para o forehand, tirando do já caído goleiro, e mandando-o para o fundo das redes.

Nada mais perfeito para o Wild. Nada mais doloroso para os Avs.