Por
Eduardo Costa
1995 -- A temporada 1994-95 da NHL só foi começar
em 20 de janeiro de 1995, em decorrência da famosa greve que paralisou
a liga por longos 103 dias. Com isso, muitos jovens atletas que já
atuavam, mesmo que esporadicamente, na NHL puderam participar do mundial
júnior no início de janeiro. Entre eles o central Jason
Allison, à época jogador do Washington Capitals. Allison
foi um dos principais nomes da competição e ajudou o Canadá
a obter pela primeira vez a campanha perfeita de sete vitórias
em sete jogos. Isso frente a sua torcida em Red Deer, na província
de Alberta.
Marty Murray foi recrutado em 1993, mas foi só após suas
atuações na competição que o Calgary Flames
viu que o central merecia uma chance na NHL. Murray, hoje jogador do
Philadelphia Flyers, liderou o torneio com 15 pontos, sendo seis gols
e nove assistências. E, de quebra, foi eleito o melhor atacante
da competição. Allison, hoje jogador do Los Angeles Kings,
teve o mesmo número de pontos, porém com apenas três
gols. A terceira colocação também ficou com um
jogador canadense, o defensor Bryan McCabe. O atual jogador do Toronto
Maple Leafs marcou três gols e contribuiu com mais nove assistências.
Com isso, também foi eleito o melhor em sua posição.
A segunda colocação ficou com os russos, que tiveram no
goleiro Yevgeny Tarasov seu maior destaque individual. O bronze ficou
com os suecos. A Ucrânia, que fazia sua estréia em mundiais
sub-20, ficou com a lanterna.
1996 -- Para esta edição da competição
houve significativas mudanças. Em vez de oito seleções
jogando entre si em um só grupo, agora eram dois grupos com cinco
seleções cada, com as quatro primeiras de cada grupo se
classificando. As duas seleções que não obtivessem
vaga nos playoffs disputariam duas partidas entre si pra definir quem
iria ser rebaixado para a segunda divisão da competição.
O torneio, disputado em Boston, teve mais uma vez Canadá, Suécia
e Rússia no pódio. Os canadenses conquistaram seu quarto
título consecutivo.
Dois jogadores que disputaram o último Troféu Hart se
sobressaíram na campanha canadense. José Théodore
foi eleito o melhor goleiro e principal responsável pela excelente
marca de apenas oito gols sofridos pela seleção canadense,
igualando a melhor marca da história da competição,
obtida pela União Soviética, em 1975, e pela Finlândia,
em 1980. E o asa direita Jarome Iginla foi o artilheiro do mundial,
com 12 pontos (cinco gols e sete assistências).
O alemão Florian Keller também obteve o mesmo número
de pontos que Iginla e foi escolhido como o melhor atacante da competição.
A Suécia ficou com a prata, ao perder a final para os canadenses
por 4-1, e seu defensor Mattias Ohlund ficou com o posto de melhor em
sua posição na competição. A seleção
dona da casa perdeu a metade de seus seis jogos e ficou na decepcionante
sexta posição. Na luta para permanecer na elite, a Suíça
prevaleceu sobre a Ucrânia.
1997 -- A Suíça foi a sede em 1997. Se os Estados
Unidos decepcionaram atuando em casa um ano antes, agora eles mostraram
força e conquistaram a medalha de prata. Foi também a
primeira final em que uma seleção européia não
ficou entre as duas primeiras posições.
O Canadá conquistou seu quinto título consecutivo, sétimo
em oito anos e décimo no geral com uma equipe cheia de figurinhas
carimbadas, como os goleiros Marc Denis e Martin Biron; os defensores
Chris Phillips, Jesse Wallin e Richard Jackman; e os atacantes Joe Thornton,
Trevor Letowski, Brad Isbister, Boyd Devereaux e Daniel Briere. O treinador
era o atual Mighty Ducks Mike Babcock.
Talvez tenha sido Devereaux o grande herói da conquista, ao marcar
dois gols, inclusive o da vitória, sobre os russos na semifinal.
Na final, disputada na Vernets Arena de Genebra, foi a vez de Denis
manter sua meta intacta e vencer o duelo com o americano Brian Boucher,
sendo fundamental na vitória de 2-0 (gols de Devereaux e Isbister).
Denis foi eleito o melhor goleiro da competição, enquanto
os Estados Unidos tiveram o defensor Joe Corvo como o melhor em sua
posição.
O mundial da Suíça não foi rico em gols, por isso
os maiores pontuadores obtiveram apenas nove pontos cada: o eslovaco
Radoslav Pavlikovsky, o americano Erik Rasmussen e o finlandês
Tommi Kallio. A Rússia ficou com o bronze, mas a equipe tinha
jogadores bons o suficiente para ter ido mais longe. Alexei Morozov
foi eleito o melhor atacante do sub-20. Além dele, Oleg Kvasha,
Sergei Samsonov e Alexei Kolkunin formavam um grupo de atacantes de
respeito.
1998 -- Quem poderia imaginar que o Canadá, que conquistara
os cinco títulos anteriores amargaria sua pior colocação
na história do torneio? Pois é, os canadenses amargaram
uma deprimente oitava posição, ficando atrás até
mesmo do estreante Cazaquistão, após perder para os mesmos
por 6-3 na "disputa" pela sétima colocação.
O time sentiu a falta do capitão Jesse Wallin, que não
participou das últimas três partidas da equipe, com um
pé quebrado, mas, mesmo assim, contava com Roberto Luongo, Eric
Brewer, Vincent Lecavalier e Alex Tanguay, entre outros.
A anfitriã Finlândia venceu sua segunda medalha de ouro
em mundiais sub-20, mas, para muitos, foi a primeira, já que
a anterior foi conquistada devido à batalha entre soviéticos
e canadenses em 1987. A Finlândia, terceira colocada na oportunidade,
"herdou" a conquista após a IIHF suspender as seleções
brigonas.
A conquista de 1998 veio após uma tensa final contra os russos,
disputada frente a fanáticos 13.550 espectadores na Hartwall
Arena em Helsinque. Dimitri Vlasenkov abriu o placar a favor dos russos
no segundo período. O defensor Pasi Puistola empatou ao marcar
o único gol do terceiro período. Pela primeira vez uma
final sub-20 ia para a prorrogação. Olli Jokinen mandou
um chute que desviou no defensor russo Alexei Tezikov e, por último,
no finlandês Niklas Hagman, antes de vencer o goleiro Denis Khlopotnov.
Hagman e Jokinen, que atualmente jogam no Florida Panthers, foram os
destaques ofensivos da Finlândia no torneio; no gol, Mika Noronen
(Buffalo Sabres) também foi decisivo. No banco, o treinador era
Hannu Kapanen, pai de Sami Kapanen, jogador dos Hurricanes. Com a derrota,
os russos amargavam sua maior seca, com seis anos sem a medalha de ouro.
A medalha de bronze foi para a maior zebra do torneio. Quem acompanhou
as matérias anteriores sobre os mundiais sub-20 viu que a Suíça
foi o saco de pancadas histórico da competição.
A redenção veio em 1998. Com quatro vitórias em
sete jogos, apenas 14 gols sofridos e uma soberba participação
do goleiro David Aebischer, os suíços obtiveram a medalha
de bronze ao derrotar a República Tcheca de Ales Kotalik e Patrik
Stefan em uma partida decidida nos pênaltis. Terminaram na frente
de seleções tradicionais, como Suécia e Canadá.
A artilharia do torneio ficou com o americano Jeff Farkas e com Olli
Jokinen, cada um com dez pontos. Jokinen também foi eleito o
melhor atacante do torneio. O defensor tcheco Pavel Skrbek foi eleito
o melhor de sua posição. Após sete torneios figurando
entre a elite, a Alemanha finalmente foi rebaixada.
Na próxima e última parte da história dos mundiais
sub-20, veremos o renascimento da hegemonia russa no torneio. Além
de Maxim Afinogenov, Ilya Kovalchuk e os gêmeos Sedin. E também
a República Tcheca finalmente conquistando um lugar de destaque
no torneio. Até lá.
Colaboraram para essa matéria: Humberto Fernandes e Heiko Lundvall.
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Eduardo Costa agradece aos leitores que tiveram a paciência
de ler essa série de matérias sobre o campeonato mundial
sub-20. |
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GARANTINDO O OURO Marc Denis
defende um chute de Joseph Corvo durante o primeiro período da final
do WJHC de 1997. A vitória de 2-0 deu ao Canadá o quinto título
consecutivo (CP - 1997) |
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A HISTÓRIA DOS MUNDIAIS DE JUNIORES |
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28) |
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