Por
Eduardo Costa
1983 - Outra competição recheada de futuras
lendas do hóquei. A campanha anterior envergonhou o orgulho soviético
e os jovens corresponderam bem à pressão exercida pelos
generais do exército e a imprensa esportiva. A tarefa foi facilitada
já que a competição foi realizada em Leningrado
(hoje St. Petersburg) - sede do primeiro mundial em 1974. Foram sete
vitórias em sete partidas, com melhor ataque (50 gols) e melhor
defesa (13 gols). O soviético Ilja Byakin repetiu o feito do
ano anterior e foi votado para fazer parte da seleção
do torneio. O goleiro Matti Rautianen foi eleito o melhor de sua posição,
mas ninguém chamou mais atenção entre as traves
que o tcheco Dominik Hasek, que levou sua seleção à
medalha de prata. Além de Hasek, outro jogador que brilhou para
a Tchecoslováquia foi Vladimir Ruzicka. Ele liderou a artilharia
da competição com 12 gols e oito assistências em
apenas sete partidas, mas não foi eleito o melhor atacante do
torneio, honra que foi para o sueco Tomas Sandstrom que venceria
a Copa Stanley com os Red Wings em 1997. A Finlândia repetiu a
péssima campanha de 1978 e ficou em sexto lugar. A seleção
canadense, treinada por Dave King, ficou com o bronze. No elenco estavam
três nomes bem conhecidos: Mario Lemieux (10 pontos na competição),
Steve Yzerman (cinco pontos) e Dave Andreychuk (11 pontos).
1984 - A Suécia buscaria sua segunda conquista
atuando em casa no ano de 1984. Mas a cidade de Nykoping viu mais um
show de eficiência da seleção soviética,
que conquistou seu segundo título consecutivo e nono no geral.
A única equipe que não perdeu para a União Soviética
foi o Canadá (empate em 3-3), mas que ficou apenas na quarta
colocação. A Finlândia ficou apenas um ponto atrás
dos soviéticos na classificação final, onde o destaque
absoluto foi o central Raimo Helminen, que estabeleceu o recorde de
24 pontos (11 gols e 13 assistências) em sete jogos. Com inteira
justiça foi eleito o melhor atacante e conseguiu uma vaga na
seleção ideal do torneio. A linha Esa Keskinen-Raimo Helminen-Esa
Tikkanen combinou 47 pontos (23 +24). Por falar na seleção
do mundial, os dois defensores eleitos são figurinhas carimbadas:
Alexei Gusarov, da seleção campeã e Frantisek Musil,
da Tchecoslováquia. Nikolai Borchevsky e Evgeny Belosheiken,
ambos russos, completaram a seleção. Ah... e não
foi ainda desta vez que a Suíça conquistou seu primeiro
ponto na história da competição.
1985 - Se a seleção canadense venceu
o mundial de 1982 após ganhar moral ao golear os soviéticos
por 7-0, o mesmo pode ser dito a respeito desse campeonato mundial júnior
de 1985, realizado na capital finlandesa. A equipe treinada por Terry
Simpson venceu a União Soviética por 5-0 na rota de seu
segundo título na história da competição.
Muitos nomes conhecidos e que jogaram ou ainda jogam na
NHL no elenco: Jeff Beukeboom, Brian Bradley, Adam Creighton, Stephane
Richer, Wendel Clark, Shayne Corson, Bob Bassen, Claude Lemieux e Bobby
Dollas que inclusive foi eleito para a seleção
do torneio. Foram cinco vitórias e apenas dois empates. O goleiro
Craig Billington, recentemente dispensado dos Capitals, foi eleito o
melhor de sua posição no torneio.
A medalha de prata foi para a Tchecoslováquia do central Michal
Pivonka que, em seu segundo mundial júnior, foi eleito o melhor
atacante. Pivonka teve uma longa carreira na NHL defendendo o Washington
Capitals e jogaria ainda o mundial júnior seguinte. A medalha
de bronze foi para a União Soviética. Os Estados Unidos
mantiveram a sexta posição conquistada em 1984 e a Polônia
foi a lanterna. A Finlândia ficou fora do pódio, mas teve
inúmeros destaques individuais. A começar pelo artilheiro
da competição, Esa Keskinen, com 20 pontos. Assim como
em 1984, a linha mais efetiva da competição foi novamente
finlandesa: Esa Keskinen, Mikko Makela e Esa Tikkanen somados obtiveram
52 pontos, cinco a mais que no ano anterior. A única mudança
na linha foi a saída de Raimo Helminen e a adição
de Mikko Makela. E o nosso já conhecido Tikkanen, já em
seu terceiro e último mundial júnior (1983, 1984 e 1985),
somou 19 pontos. O defensor Vesa Salo foi eleito o melhor de sua posição
na competição apesar do sueco Peter Andersson ter estabelecido
um novo recorde de pontos para um defensor na competição,
com 14.
1986 - Shayne Corson, Joe Murphy, Jim Sandlak, Joe
Nieuwendyk e seus companheiros na seleção canadense fizeram
história ao marcar 54 gols nessa edição do mundial
júnior. Mas a melhor defesa venceu o campeonato. A União
Soviética calou a torcida canadense e reconquistou a medalha
de ouro com uma campanha impecável de sete vitórias em
sete jogos, incluindo a última e decisiva partida contra os próprios
canadenses (4-1). Os destaques soviéticos foram o goleiro Evgeny
Belosheiken e o defensor Mikhail Tatarinov, que pela segunda vez consecutiva
foi eleito para a seleção do campeonato. O outro defensor
eleito para o time ideal foi o canadense Sylvain Cote. Jim Sandlak foi
eleito o melhor atacante e a dupla Corson e Murphy liderou a artilharia
com 14 gols cada. A maior surpresa do campeonato foi a Suíça
que, finalmente, conquistou seus primeiros pontos na história
da competição ao vencer a lanterna Alemanha Ocidental.
1987 - A derrota em casa para os soviéticos
em 1986 doeu fundo nos canadenses, nada menos que vingança era
aceitável. No mundial disputado em Piestany, na extinta Tchecoslováquia,
canadenses e soviéticos se encontraram na última partida
da competição, no dia 04 de janeiro. A URSS estava sem
chance de título e os canadenses precisavam da vitória
para conquistá-lo. O jogo começou, mas nunca terminou.
Uma briga digna de WHA, que envolveu até mesmo os jogadores que
estavam nos bancos, paralisou a partida. Nem o policiamento local pôde
separar os brigões. A "batalha" só terminou
depois dos dirigentes da IIHF ordenarem que fossem apagadas todas as
luzes da arena. As duas equipes foram suspensas, o que não prejudicou
os soviéticos em nada, já que estavam eliminados. O Canadá
foi o grande prejudicado e com a suspensão perdeu a chance de
conquistar o título.
Quem se deu bem mesmo foi a Finlândia. Com essa confusão
toda ficou com a medalha de ouro em um mundial de hóquei pela
primeira vez em sua história. O goleiro Markus Ketterer foi o
maior destaque da equipe. O sueco Ulf Dahlen, hoje no Dallas Stars,
foi o artilheiro da competição com sete gols e oito assistências,
mas o tcheco Robert Kron foi eleito o melhor atacante do torneio. O
mesmo acontecendo com o defensor sueco Calle Johansson. Scott Young
foi o melhor jogador canadense. Outro beneficiado foram os Estados Unidos,
que conquistaram sua primeira medalha em mundiais de juniores. Na defesa
estava o texano Brian Leetch, na época do Boston College e que
hoje atua pelos Rangers na NHL. Leetch marcou apenas três pontos
em sete partidas, mas foi eleito para a seleção do torneio.
A Suíça voltou ao seu normal e perdeu todas as sete partidas
que disputou. Jiri Latal e Juraj Jurik foram os destaques da seleção
anfitriã que ficou com o bronze.
1988 - Teppo Numminen, Theo Fleury, Alexander Mogilny
e Sergei Fedorov, todos com vitoriosas e longas carreiras no hóquei
internacional e na NHL, participaram deste mundial. Mas o maior destaque
foi um jogador de quem pouco se ouviu falar após esse mundial
júnior: Jimmy Waite, goleiro do Canadá. Sua carreira na
NHL resume-se a 106 partidas com Blackhawks e Coyotes de 1988 a 1999.
Porém, ele conseguiu uma das maiores vitórias do hóquei
canadense na categoria júnior em sua história.
No primeiro dia de 1988, em Moscou, Canadá e União Soviética
mais uma vez jogaram tudo o que podiam. Os soviéticos mostraram
mais e deram 40 chutes contra o gol canadense, que "retribuiu"
apenas 16. Mas Waite segurou um dramático 3-2, que futuramente
seria o diferencial que daria o título aos canadenses. Os donos
da casa venceram todas as partidas, menos a citada acima. Os canadenses
só perderam um ponto dos 14 possíveis e acabaram conquistando
o título dentro da casa inimiga.
Alexander Mogilny foi o artilheiro da competição com 18
pontos (oito gols e dez assistências). O finlandês Teppo
Numminen foi eleito o melhor defensor e ajudou sua seleção
a obter a medalha de bronze. Jimmy Waite foi o melhor goleiro e Greg
Hawgood, melhor pontuador canadense na competição, fez
parte da seleção do mundial. Theo Fleury contribuiu com
seis gols e duas assistências em sete jogos.
1989 - Anchorage, no Alasca, foi o palco para mais
um capítulo da rivalidade entres russos e canadenses. Os suecos
eram os únicos com chance de tirar o ouro dos soviéticos,
mas era preciso que o Canadá vencesse na última rodada
os tradicionais rivais. Então uma das linhas mais poderosas já
vistas em um mundial júnior esmagou os canadenses e aumentou
ainda mais a distância entre União Soviética e seus
adversários no quadro de medalhas. Pavel Bure, Sergei Fedorov
e Alexander Mogilny comandaram o massacre de 7-2, com direito a hat
trick do atual jogador do Toronto Maple Leafs.
Os Estados Unidos terminaram na quinta posição, mesmo
tendo os dois maiores artilheiros da competição. Jeremy
Roenick foi o maior pontuador do torneio com 16, um a mais que Mike
Modano. John Leclair completava o mortal trio que juntos somaram 41
pontos na competição. O campeão Pavel Bure foi
o terceiro com oito gols e seis assistências e também foi
eleito o melhor atacante da competição. A União
Soviética também teve o goleiro Alexei Ivashkin como melhor
em sua posição e o defensor Aleksey Godynyuk entre os
mais regulares jogadores do torneio. A Suécia, medalha de prata,
teve o melhor defensor, Richard Persson. A Tchecoslováquia ficou
com o bronze e a Finlândia terminou na pobre sexta colocação.
1990 - Mais uma vez Helsinki foi a sede da competição.
A União Soviética deixou o título escapar ao empatar
com a Suécia na última rodada. Com o resultado, os soviéticos
ficaram com 11 pontos, mesmo número alcançado pelos canadenses.
O título foi para o Canadá, treinado por Guy Charron,
pois no confronto direto entre as duas seleções, deu Canadá
por 6-4.
Alexander Godynyuk mais uma vez foi o destaque defensivo dos soviéticos.
No Canadá, Stephane Fiset foi eleito o melhor de sua posição
na competição e Dave Chyzowski o terceiro artilheiro do
torneio e membro do time ideal. A medalha de bronze foi para a Tchecoslováquia,
que teve em quatro futuros jogadores da NHL seus maiores destaques:
Jiri Slegr, Bobby Holik, Jaromir Jagr e Robert Reichel. Esse último
liderou o mundial em pontos com 21 pontos (11 gols e 10 assistências).
Jagr foi o segundo com 18 pontos.
Na próxima edição, o resumo das competições
realizadas de 1991 a 1996, com destaque para quatro dos cinco títulos
consecutivos do Canadá, o quarteto mágico da seleção
sueca em 1992 (Michael Nylander, Markus Naslund, Peter Forsberg e Mikael
Renberg), as participações de Eric Lindros, Manny Legace,
Paul Kariya, Sergei Samsonov, entre outros.
Colaboraram para essa matéria: Humberto Fernandes e Heiko Lundvall.
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Eduardo Costa é o gerente geral do Macaé Oilers,
a Suíça da Liga Brasileira de Hóquei. |
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A HISTÓRIA DOS MUNDIAIS DE JUNIORES |
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