Nessa altura dos acontecimentos, todo o mundo já sabe que a final da Conferência Oeste da National Hockey League será entre o Vancouver Canucks e o San Jose Sharks. Mesmo assim, é bastante válido fazer um resumo do que aconteceu de melhor (e de nem tao bom assim) na série entre Vancouver Canucks e Nashville Predators pelas semifinais do Oeste.
Depois de praticamente fazer história da maneira errada contra o Chicago, os Canucks esperavam uma série mais tranquila contra o surpreendente Nashville. Do outro lado, os Predators ainda comemoravam o fato de a franquia ter vencido a sua primeira série de playoffs na sua história, então não importava verdadeiramente contra quem eles jogariam.
Na partida um, os dois goleiros jogaram muito, principalmente Pekka Rinne com suas defesas fantásticas, mantendo os Preds vivos na partida. Foram 29 defesas, e a única vez que ele não conseguiu pegar o disco foi quando Christopher Higgins marcou o único gol da partida, com assistências de Maxim Lapierre e Kevin Bieksa, aos 12 minutos do segundo período. A partir daí os Canucks deram a impressão que já estavam satisfeitos e passaram a concentrar os seus esforços na defesa e em fazer o tempo passar. Tanto é que no terceiro período os donos da casa deram apenas quatro disparos a gol. Os Preds não conseguiram reagir e empatar na partida, então a vitória dos Canucks foi garantida pelo shutout de Roberto Luongo.
Com 1-0 na série os Canucks receberam novamente os Predators em c asa na continuação da série. Dessa vez os Predators entraram com muito mais vontade, depois de terem visto que o bicho não era tão feio assim, afinal de contas eles não foram goleados no jogo 1 e na verdade tiveram até chances de buscar um resultado melhor.
Atacando mais e defendendo melhor, os Predators tomaram conta da partida. Depois de dois períodos os Preds já tinham dado 21 chutes a gol contra apenas dez dos Canucks, mas era o Vancouver que liderava a partida por 1-0 graças ao gol em desvantagem numérica marcado no começo do segundo período por Alex Burrows. Dessa vez era Luongo quem tinha a maior carga de trabalho.
Os Canucks caminhavam para o que parecia ser uma vitória certa, mas aconteceu novamente o que já tinha se passado no jogo 7 contra o Chicago. O time não soube segurar a vitória e graças a mais um erro defensivo agora era o Nashville Predators quem conseguiu achar um gol com Ryan Suter faltando um minuto para o final da partida. Resultado: prorrogação. E foram necessárias duas prorrogações para que a partida tivesse um desfecho.
Se no tempo regular os Predators dominavam as ações mas eram os Canucks que lideravam, na prorrogação os papéis se inverteram e enquanto os Canucks dispararam 18 chutes a gol, os Preds deram dez. Mas tudo bem, afinal de contas com oito chutes a menos eles conseguiram fazer o que o adversário não fez em 18. Aos 14:51 da segunda prorrogação Matt Halischuk deu a vitória para os visitantes e empatou a série em 1 a 1.
Agora a séria seguia para Music City, onde a torcida local teria a oportunidade de presenciar mais um ponto inédito na história da franquia: os Preds sediavam duas partidas seguidas na segunda rodada dos playoffs. Como diz o mote da NHL, a história estava sendo feita.
Apesar de toda a empolgação da torcida, era o time visitante quem tomava conta das ações no começo da partida. Foram 15 chutes a gol apenas no primeiro período contra oito dos Preds. Entretanto, para a alegria da torcida amarelada de Nashville, aos dez minutos do período inicial David Legwand colocava o time local na frente e, melhor ainda, quando eles estavam em desvantagem numérica. Não apenas os Canucks não conseguiram marcar com um homem a mais, eles ainda tomaram um gol!
Festa em Nashville. Pelo menos até o primeiro minuto do segundo tempo, quando o melhor jogador da série e mais forte candidato a MVP dos playoffs, Ryan Kesler, empatou a partida, agora sim aproveitando uma vantagem numérica. Os Canucks tomaram conta da partida em todos os três períodos e queriam buscar a vitória no tempo regular. Christopher Higgins deu a liderança para os visitantes no começo do terceiro, mas os Preds buscaram o empate com Joel Ward.
Final do tempo regular e os Canucks tinham uma vantagem em chutes a gol de 40 a 26, mas a partida seguia para a prorrogação. Pekka Rinne mais uma vez dava uma chance para que o seu time pudesse buscar a vantagem na série. Mas foram os Canucks com Ryan Kesler que marcaram na prorrogação, aproveitando-se de uma vantagem numérica que foi bastante contestada pelos Preds. Agora os Canucks lideravam a série por 2 a 1, garantindo pelo menos uma vitória na casa do adversário.
No jogo 4, novamente em Nashville, a torcida resolveu pegar no pé de alguns jogadores dos Canucks, entre eles Kesler. Mas é difícil quando esse jogador é o principal jogador do time adversário, o melhor jogador da série e um dos melhores de todos os playoffs da NHL.
Assim como fizera na série contra o Chicago, em que ele simplesmente parou Jonathan Toews, Kesler agora ofuscava e apagava os principais jogadores do Nashville, como Mike Fisher e Shea Weber, que não conseguiam parar o jogador do Vancouver, que além de ser fundamental no ataque, era um astro de maior grandeza defensivamente.
Novamente os Canucks dominaram as ações na partida e deram oito chutes a gol a mais que os Preds no jogo. Kesler marcou um gol e teve mais duas assistências, incluindo o gol da vitória. No final o Vancouver ainda marcou com o gol do Nashville vazio, fechando o placar em 4-2.
Voltando para Vancouver, os Canucks tinham a chance de fechar a série em 4-1 jogando em casa, mas o Nashville se recusava a jogar a toalha e pela primeira vez na sua história os Preds conseguiram vencer uma partida em que eles enfrentavam o risco de eliminaçao dos playoffs. Aproveitando-se de grandes atuações e dois gols de David Legwand e Joel Ward, os Preds conseguiram segurar a vitória por 4-3, mesmo dando 23 chutes a gol contra 34 dos Canucks.
Jogo 6 em Nashville. Cenários extremamente opostos. Enquanto os Predators tentavam mais uma vez evitar a eliminação e provocar um jogo 7, os Canucks queria afastar e entrerrar os fantasmas do passado, evitando a todo custo um novo jogo 7, depois de estar liderando a série em 3-1.
Os Canucks foram praticamente perfeitos na defesa depois de abrir 2-0 na partida ainda no primeiro período. Mais uma vez Kesler foi o nome da partida, com um papel importantíssimo defensivamente, matando penalidades e vencendo a maiorida dos faceoffs decisivos da partida, fosse na zona defensiva, fosse na zona de ataque. Kesler ainda teve mais duas assistências na partida que garantiu os Canucks na final da conferência pela primeira vez desde 1994.
No final da partida, os jogadores dos Predators estavam visivelmente cansados e exaustos. Vale registrar a frase do treinador chefe dos Predators dita pessoalmente a Ryan Kesler quando do cumprimento das equipes no centro do gelo: “Você jogou demais, estava incrível. Nós não conseguimos parar você”.
Foi mais difícil do que deveria ter sido para o Vancouver, mas o que importante para o único canadense sobrevivente nos playoffs é o fato de estar no top 4, na final da conferência e a 4 vitórias de disputar a Copa Stanley. Sao apenas 8 vitórias para erguer o troféu mais desejado do gelo.
Alessander Laurentinoprefere ver os jogos pela CBC do que pela TSN.