Por: Marco Aurelio Lopes

Chegamos à décima segunda edição do nosso diário esperando que seja a penúltima, afinal, uma vitória de Detroit hoje na Mellon Arena signifcaria o título dos Wings, e a botafoguização dos Penguins, ao ser o famoso “vice de novo”, e por tabela, o encerramento das atividades deste diário nesta temporada aqui na TheSlot.com.br. Enfim, como a torcida é pelos Penguins, e a realização do sétimo jogo, enquanto a Copa não estiver sendo erguida por Lidstrom, vou assumir que está é realmente a penúltima edição. Como hoje pode ser o final, precisamos apelar para qualquer superstição que possa ser útil. Então, Jim HUghson, hoje vou te dar folga, e vou ficar com o sinal da NBC, e o estridente Doc Emrick (não que ele tenha trazido nenhuma leva de grandes vitórias, mas precisamos fazer alguma coisa não é?). Nada de foto do colunista no MSN, volta o avatar do BuddyPoke que deu certo contra os Capitals. Tudo pronto aqui, tudo pronto lá. Mas como temos que ser imparciais, vou convidar meu amigo colunista Humberto Fernandes, companheiro de outras batalhas nos playoffs, e usar seus comentários aqui também (afinal, ele também é um torcedor, só que do outro time). No fundo, mais uma mudança aqui para ver se dá sorte ao Penguins (mas isso ele só vai saber depois desta coluna publicada).

No jogo, Sykora voltou ao time dos Penguins no lugar de Satan, e Crosby e Malkin começam juntos. Os Wings, como previsto, sem mudanças. Os Penguins tentaram as primeiras ações ofensivas, criando tacadas a Osgood. Mas os Wings também tiveram suas oportunidades, mas geradas em parte pelos erros da defesa dos Pens, que começa um tanto insegura. Tanto que Zetterberg teve grande chance, que foi defendida por Fleury, e na sequência o sueco acabou indo ao encontro do goleiro do Pens, ainda que empurrado por Staal. Enfim, vantagem numérica para o Penguins, que como de costume, não dá em nada. Até a primeira parada, com cerca de 9 minutos, dá para ver os Penguins mais nervosos, especialmente na defesa, mas ainda assim arriscando mais as tacadas. Osgood parece seguro, mas a defesa dos Wings vem dando espaços.

A segunda vantagem numérica do jogo também foi a favor dos Penguins, quando Filppula acabou interferindo em Guerin no meio do gelo, uma penalidade evitável segundo Humberto. E embora mais uma vez os Penguins tenham criado alguma confusão na frente de Osgood, mais uma vez os Wings saíram ilesos da penalidade. Aos 18, uma bela combinação de Datsyuk, com direito a finta à la Garrincha (por Humberto Fernandes) e a finalização de Zetterberg que acabou defendida por Fleury levou perigo ao gol de Pittsburgh. E assim acabaram os primeiros 20 minutos da partida. Um bom jogo, tenso, com chances de ambos os lados. Se não teve finalizações espetaculares ou defesas inesquecíveis, ao menos teve toda a emoção de um jogo de final. Ao menos por enquanto, os Penguins não são os mesmos de sábado.

Enquanto o buffer roubava a cena no meu monitor (e roubava a minha transmissão), meu colega de transmissão me fala que na CBC o polêmico Don Cherry entra na discussão sobre a deselegância de Malkin e Crosby no jogo 5, mas isso eu deixo para ele mesmo comentar. Começando o segundo período, o buffer continuava sendo a atração, o que me obrigou a abrir mão da superstição e assistir o jogo na CBC, e logo a primeira jogada é um contra ataque de Staal, tacada, defesa, rebote, GOL! GOL! GOL! 50 segundos e o Penguins marca o primeiro! Superstição? Eu nunca fui disso mesmo... Agora é manter a sequência. Beto diz que odeia o Staal, Marco diz que Jordan Staal é melhor que Eric Staal. Sentindo a coisa feia, Osgood inventa um defeito no capacete para ganhar um tempo, mas nada que vá mudar a cotação do dólar, muito menos o que vai acontecer na série. Minha família pergunta do jogo (devem ter ouvido a vibração do colunista, que por alguns minutos foi só torcedor). Não gosto muito de falar, mas não podia ser mal educado. Falo da maneira mais breve possível, e torcendo para que isso não influa no resultado (a superstição voltou?).

Aos 7, novamente a linha da energia dos Penguins volta a atacar, Staal foi “roubado” por Osgood, Cooke dando tranco em Datsuyk. No turno seguinte, Crosby serve Guerin, que tenta 3 vezes mas não vaza Osgood. O jogo virou, os Pend dominam o gelo, mas os Wings devem agradecer a Osgood por ainda estarem no jogo, e assim, tudo está em aberto. E justamente Detroit teve as boas ações na sequência, mas um velho aliado dos Penguins, os bloqueios de tacadas, funcionou e bem desta vez, algo que andava meio ausente do lado de Pittsburgh. Humberto reclama da falta de perigo dos Wings, que concentram seu jogo nas bordas ou atrás do gol, mas concordamos que estamos vendo um ótimo período, melhor ainda que o primeiro (e eu me lembro que não mudei a foto no MSN...). O próximo lance quase acabou comigo. Numa troca errônea de linhas, Holmstrom achou Zetterberg apenas com Gill à sua frente. O camisa 40 protege bem o disco e manda na trave de Fleury, que sabe-as lá como vê o disco de volta após o mesmo passar por baixo dele. No último minuto, Malkin teve duas boas chances, mas Osgood mais uma vez faz as defesas. Humberto define o jogo com um palavrão (no bom sentido, claro), e acaba se rendendo à grande atuação até agora de Staal. Uma pausa para um copo d´água, respirar fundo, e se preparar para 20 dos mais importantes minutos do ano, para mim, para Humberto, e para todos que estão envolvidos nesta final.

O terceiro período começou com pressão dos Red Wings, e ao contrário dos primeiros períodos, testando mais Fleury com mais tacadas, inclusive uma sequência de três tacadas da linha de Helm. O jogo não está bom a essas alturas, os Penguins parecem assistir demais e agir de menos. Mas quem diria que Lidstrom iria perder uma dividida para Fedotenko, e na continuação, o “pobre coitado” Talbot acharia Kennedy, e este acharia um cantinho no gol de Osgood para marcar o segundo dos Penguins. Agora, faltando 13 minutos, 2 a 0, o jogo 7 começa a ficar mais visível. Mas a pressão dos Wings uma hora acabaria rendendo frutos, e o veterano Kris Draper livre em um rebote acaba reduzindo pela metade a vantagem dos Penguins. Mais uma jogada estranha atrás do gol de Fleury que quase resultou no empate, uma penalidade de Malkin em Filppula, e o jogo volta a pender para Detroit. E não fosse o taco salvador de Scuderi durante estes dois minutos, o jogo estaria empatado. Matamos a primeira, veio a segunda. Guerin com taco alto dá aos Wings nova vantagem numérica, a pouco mais de 7 minutos do final.

E os dois minutos pareceram uma eternidade, tacada de tudo quanto era lado, o disco não saía da zona defensiva dos Penguins. Obra divina, o empate não saiu. Os Penguins finalmente se aveturaram, ainda que modestamente, ao ataque, mas sem perigo algum, um pequeno desentendimento entre Kunitz e um defensor dos Wings, e o relógio parado a 5 minutos do final. A 2:30, Kunitz não consegue combinar com Crosby o que seria o terceiro gol, na melhor chance desde então. Os segundos pareciam estar em lag, como custaram a passar. Ainda faltam 110 segundos! No faceoff, Orpik vacila e Cleary entra cara a cara com Fleury, que faz uma defesa que pode ter garantido mais uma viagem dos Penguins a Detroit. A torcida grita o nome do goleiro, ainda que de forma tímida, já que a tensão é tão grande que até as forças para gritar parecem sumir. Tempo de Detroit, Osgood no banco, rede vazia. Detroit no ataque, Penguins não conseguem se livrar, Scuderi, mais uma vez aparece para salvar os Penguins, fazendo as defesas quando Fleury não conseguia. Uma pilha com os 12 jogadores se forma na área, mas é Fleury quem tem o disco. Os Wings ganham outro faceoff, mas não conseguem uma tacada definitiva, e finalmente os Penguins confirmam a vitória. Uma grande vitória em um grande jogo, o melhor, por muito, desta série.

Mas não dessa vez, Wings. Não dessa vez, amigo Humberto (aliás, por onde você se escondeu no terceiro período?). Seria doloroso demais perder outra vez a Copa em casa. Jogo 7, aí vamos nós! Pela quinta vez na temporada, os Penguins visitam os Wings. E quem sabe, a última repita o resultado da primeira, quando Staal brilhou como brilhou hoje, e os Penguins saíram com sua única vitória da Joe Louis Arena. Não dá para dizer que a vantagem é dos Penguins, mas certamente o time irá com outra postura para o último jogo da temporada. O jogo 7. Da final da Copa Stanley. Não posso pedir mais nada. Ao menos, eu estava certo, hoje não era a última edição do Diário.

Marco Aurelio Lopes quer a Copa Stanley de presente no Dia dos Namorados

Jamie Sabau/Getty Images
Vai que é tua Scuderi! O defensor dos Penguins brilhou na partida com suas defesas incríveis, como esta sobre Franzen, que selou a vitória de Pittsburgh.
(09/06/2009)

Bruce Bennett/Getty Images
Jordan Staal teve a missão de parar os atacantes dos Wings. De quebra, ainda marcou o gol que abriu o caminho da vitória, e saiu ovacionado pela torcida, e por um certo colunista adversário...
(09/06/2009)

Harry How/Getty Images
No último jogo da temporada na Mellon Arena, sua torcida não merecia viver o mesmo drama do ano passado. Let´s Go Pens!
(09/06/2009)

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Página publicada em 10 de junho de 2009.