Por: Humberto Fernandes

Naquele que foi o melhor jogo da Copa Stanley 2009, o Pittsburgh Penguins derrotou o Detroit Red Wings por 2-1 e adiou a definição do campeão da Copa Stanley para o jogo 7.

A NHL é a única grande liga norte-americana que tem escrito no livro de regras uma vantagem competitiva para o mandante do jogo: o direito de escolher por último qual linha enviar ao gelo. Esta vantagem se junta às demais, todas não escritas e um tanto subjetivas, como apoio da torcida. E então, depois de seis jogos, cada duelo do confronto teve como vencedor o time que atuou em casa.

No jogo 6, com as costas contra a parede, não interessava aos Penguins perder o jogo e ver os Red Wings novamente festejarem a Copa Stanley na Mellon Arena. Uma derrota e "se arrependeriam por todo o verão", como disse um dos jogadores. Outro atleta questionou a postura do time no jogo 5. Eles entraram no gelo e jogaram sabendo que não teriam outra chance.

Logo aos dois minutos, Sidney Crosby recebeu passe de Evgeni Malkin e perdeu clara chance de gol, em um vacilo da defesa dos Red Wings que deixou o capitão dos Penguins sozinho contra Chris Osgood. Típico lance que nasce daquela pressão inicial, da agressividade do time nas bordas. Os Pens finalizavam todos os seus trancos, o que no mínimo deixava um jogador do adversário atrasado no lance ou fora de posição.

Pouco depois, Pavel Datsyuk deixou Henrik Zetterberg com o disco contra Marc-Andre Fleury, sem ninguém intrometido entre eles. O sueco caprichou, mas o goleiro foi ainda mais preciso, impedindo o gol. Mais tarde, já no fim do período, com a mesma combinação "Datsyuk para Zetterberg", o camisa 40 chutou em cima de Fleury. A beleza do lance esteve no drible do russo em Crosby, o que "quase quebrou o tornozelo" do jogador dos Penguins, segundo o comentarista da TSN.

Apesar de todo o domínio dos Penguins, o intervalo chegou com o jogo empatado. Mau sinal para a equipe, que desperdiçou duas oportunidades em vantagem numérica.

Sem o gol no começo do jogo, o ideal seria marcar no começo do segundo período. E foi o que eles fizeram. Jordan Staal, sempre ele, recuperou o disco na zona neutra, avançou e chutou duas vezes para marcar o primeiro gol dos Penguins. O gol de Staal foi a coroação do bom trabalho de Dan Bylsma, que aumentou o tempo de gelo do terceiro central do time e o escalou contra a linha de Zetterberg. Na noite em que Crosby e Malkin não foram nem coadjuvantes, Staal roubou a cena.

O jogo já era ótimo e ficou ainda melhor quando os Red Wings acordaram, após sofrer o gol. O time melhorou significativamente, contudo não levava muito perigo ao gol dos Pens. A maioria de seus ataques morriam atrás do gol ou nas bordas laterais graças ao esforço defensivo do Pittsburgh, que não permitia avanços dos atacantes adversários pela faixa central do gelo. De trás do gol ou colado nas bordas ninguém faz gol.

Em um dos raros ataques pelo centro, Zetterberg aproveitou-se da avenida Hal Gill e bateu Fleury, mas não a trave.

Osgood manteve os Red Wings no jogo, principalmente no fim do segundo período, com duas grandes defesas. Àquela altura, os Penguins venciam por apenas um gol porque o goleiro do Detroit jogava para ser campeão. Seus companheiros não.

No terceiro período, Fleury salvou os Penguins com três defesas em um único lance.

Não demorou muito para o trabalho duro premiar o time. A disputa nas bordas terminou no taco de Tyler Kennedy. Chute, defesa, chute, gol. Porque quando você não desperdiça parte do jogo dando tacada no tornozelo dos outros e gasta esse tempo no ataque, o resultado positivo aparece.

O jogo parecia decidido, mas Jonathan Ericsson acertou o peito de Fleury com um chute da linha azul e o disco sobrou para Kris Draper marcar seu primeiro gol nos playoffs. Os Wings estavam de volta ao jogo com pouco menos de 12 minutos para o fim.

Duas vantagens numéricas desperdiçadas depois, faltavam menos de seis minutos e o placar se mantinha favorável aos Penguins.

No penúltimo minuto de jogo, Datsyuk fez mágica novamente e lançou Dan Cleary em velocidade. Era um contra-ataque, Cleary contra Fleury. O atacante dos Wings demorou demais para finalizar e quando o fez optou pelo lado da luva, onde o goleiro sempre tem a vantagem.

Com um atacante a mais no gelo, o Detroit tentou empatar o jogo na pressão, mas as únicas coisas que entraram na rede foram os jogadores. O disco explodiu em um defensor, bateu na cabeça do goleiro, rondou a área mas não entrou.

Jogo 7, aí vai a Copa Stanley.


Jogo 7
Na história dos jogos 7, o mandante tem retrospecto de 80 vitórias e 48 derrotas, com 12-2 nas finais. O último time da NHL a perder o jogo 7 das finais em casa foi o Chicago Blackhawks, derrotado pelo Montreal Canadiens em 1971.

O Detroit venceu os últimos três jogos 7 que disputou, elevando seu retrospecto para 12-7 no geral e 11-4 em casa. Os Penguins também venceram os últimos três jogos 7, têm retrospecto de 6-4 e fora de casa venceram todos os quatro jogos 7 que disputaram.

Agora a Copa Stanley será decidida no último instante. Qualquer um pode ganhar.

Humberto Fernandes vai passar a noite dos namorados assistindo ao jogo 7 com sua namorada.

Harry How/Getty Images
Rob Scuderi faz a defesa que Pelé não fez.
Obs: o que o taco de Marc-Andre Fleury faz no seu pescoço?
(10/06/2009)

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Página publicada em 10 de junho de 2009.