Por: Thiago Leal

Esta coluna nasceu de um e-mail do nosso ilustre leitor Leonardo Monteiro, torcedor do Phoenix Coyotes e Gerente Geral do Belo Horizonte Coyotes na Liga Brasileira de Hóquei. Como todo torcedor dos Coyotes, inclusive os brasileiros, Leonardo está preocupado com a situação indefinida da franquia, se continuará ou não em Glendale. Humberto Fernandes, em mais uma coluna originada de um e-mail, já esgotou os possíveis comentários a respeito da questão de Phoenix, possível relocação do time, etc. Então aproveito o gancho desta discussão sobre a manutenção ou não da franquia no Vale do Sol para abordar uma (leve) polêmica: vale a pena ter times no Arizona e estados como o Texas, a Califórnia, a Flórida ou Missouri/Kansas em detrimento do Canadá ou do Norte dos Estados Unidos, regiões que têm bem mais a ver com o esporte?

Antes, um aviso: este artigo será demasiadamente longo e repleto de retóricas. Siga por sua conta em risco.

Glendale, Região Metropolitana de Phoenix, no Valo do Sol, Arizona
Boa tarde, Glendale! Mais um ótimo dia de fim de primavera no Vale do Sol! Clima ameno e agradável, com frentes quentes anunciando o início do verão dentro de alguns dias. Comprem seus protetores solares, as semanas vão esquentar. A temperatura atual em Glendale é de 26°, com variação de máxima de 37° e mínima de 23°. Está uma quinta-feira perfeita para beisebol e logo mais, às 9:40 da noite os D-Backs recebem o Atlanta Braves.

Certamente qualquer programa esportivo de rádio de hoje em Glendale ou outras cidades na Região Metropolitana de Phoenix começam desta forma, com exceção que os graus seriam dados em Fahrenheit, não em Celsius. Glendale fica 14km a noroeste do centro urbano de Phoenix. Possui uma população de aproximadamente 250 mil habitantes, o que, nos Estados Unidos da América, configura uma cidade entre médio e grande porte.

Glendale serve de base de operações para dois times de grandes ligas: o Phoenix Coyotes da NHL e o Arizona Cardinals da NFL. O Los Angeles Dodgers e o Chicago White Sox, ambos da MLB, possuem novo centro de treinamento de pré-temporada na cidade. Mas as atenções dividem-se com o Phoenix Suns da NBA e o Arizona Diamondbacks, mais conhecidos por D-Backs, da MLB, ambas situadas dentro de Phoenix. Ainda há o Phoenix Mercury, da WNBA, e franquias de ligas menores baseadas tanto em Phoenix quanto nas cidades da Região Metropolitana — e aqui podemos citar mais uma de hóquei: o Arizona Sundogs, da Central Hockey League, que fica em Prescott Valley.

Como nosso radialista fictício informou, Glendale possui um clima ameno que se assemelha à maioria das cidades brasileiras. E como em qualquer deserto, chove pouco. Nem preciso dizer que não neva, né? Se compararmos com Winnipeg, antiga base do Phoenix Coyotes, que se chamava Winnipeg Jets, temos uma gritante diferença climática: hoje, a alguns dias do início do verão, fazem 10° na cidade, que é capital da província de Manitoba. Bem mais propícia à prática de hóquei, não? Mas, afinal, o clima tem esse poder de influência sobre a prática do esporte?

As origens do hóquei como esporte de inverno
A prática de hóquei em cidades de clima quente, não apenas em Glendale, costuma ser criticada pelos fãs mais radicais do esporte. E se você colocar na enquete qualquer cidade canadense, mesmo que seja alguma de menor porte, como por exemplo, Thunder Bay, em Ontário, ou Albuquerque, no Novo México, como possíveis cidades para expansão da liga, certamente todos escolheriam Thunder Bay.

É compreensível quando você para e pensa sobre as origens deste que é o melhor esporte do mundo. O hóquei no gelo começou com uma brincadeira canadense de patinar em lagos congelados utilizando um pedaço de pau para bater em bolas de borracha. Era uma alternativa de inverno para se jogar hóquei, que originalmente acontece na grama, calçando-se tênis ou chuteiras específicas. Com os campos todos cobertos pela neve, a alternativa era patinar sobre o gelo e adaptar o jogo, que no início também era conhecido como bandy ou shinny, hoje esportes distintos. Jogos ancestrais indígenas também foram relatados em terras canadenses, e como todo bom esporte, a origem do hóquei em si acaba por ser incerta. Mas fato é que a prática se mostrou bem mais viável que aquele esporte chato onde você corria num campo de futebol dando pauladas numa bola. O disco surgiu adaptado das pastas de estrume de cavalo congelado, que no gelo deslizava bem melhor que uma bola de borracha. O hóquei moderno, por assim dizer, passou a ser organizado no último quarto do século XIX, ganhando regras, associações, jogos oficiais e etc. A origem do hóquei é de um esporte típico de inverno, como o esqui.

A esta altura o hóquei já era jogado na Europa. O Canadá ainda era colônia britânica (na verdade, diplomaticamente falando, ainda é), e foi exportado para a Grã-Bretanha, popularizando-se nas universidades do país, inventor do hóquei na grama moderno. E países como a Suécia e Finlândia já praticavam jogos semelhantes mesmo antes da chegada do hóquei canadense às suas terras. De qualquer forma não demorou para que o hóquei moderno se espalhasse pelo solo europeu, uma vez que o continente é frio e tinha tudo a ver com o jogo.

Mesmo assim, nos primórdios de sua modernização, o hóquei ainda se concetrava basicamente no Canadá. A Copa Stanley originada em 1892 foi disputada pela primeira vez em 1893 com organização da Associação de Hóquei Amador do Canadá (AHAC), vencida pelo Montreal Hockey Club. Entre os participantes estavam o Ottawa Hockey Club, apelidados Ottawa Senators (antiga franquia que inspirou o nome da atual, mas não é a mesma), Montreal Crystals, Montreal Victorians e Quebeck Hockey Club. Ou seja, tudo centrado no Canadá. A primeira temporada da National Hockey Association, a NHA, precursora da NHL, em 1910, teve sete clubes: Montreal Wanderers, Ottawa Hockey Club, Renfrew Creamery Kings, Cobalt Silver Kings, Haileybury Hockey Club, Montreal Shamrocks e Les Canadiens (o atual Montreal Canadiens). Todos canadenses. A primeira temporada da NHL em 1917 tinha apenas quatro clubes, os chamados Quatro Originais: o Montreal Canadiens, o Toronto Arenas, o Ottawa Senators e o Montreal Wanderers. Todas canadenses.

Hoje em dia muita gente guarda essa visão romântica. O hóquei no gelo pertence ao inverno. E pertence ao Canadá.

Mas como a fronteira entre Canadá e Estados Unidos sempre foi tênue e o hóquei sempre esteve presente também do outro lado. Michigan e Minnesota são dois exemplos de estados que praticam o jogo de hóquei no gelo desde suas origens. Logo a NHL começou a se expandir pelos Estados Unidos, em cidades como Detroit, Nova Iorque, Boston, Chicago. Cidades grandes e frias, que têm a ver com hóquei. Com o passar do tempo, muitos dos clubes existentes em Montreal e Toronto foram abandonando a liga, sendo substituídos por outros, até que seis equipes se firmaram: duas canadenses, os Canadiens e o Toronto Maple Leafs. E quatro estadunidenses: Detroit Red Wings, Boston Bruins, New York Rangers e Chicago Blackhawks, à época Chicago Black Hawks. Os chamados Seis Originais. De 1942 a 1967, apenas esses seis disputaram as temporadas da NHL.

A origem do hóquei profissional em cidades de clima quente
A NHL começou a expandir em 1967 e logo de cara, três franquias foram estabelecidas em cidades tidas "quentes": duas na Califórnia, o Los Angeles Kings em Los Angeles e o California Golden Seals, mais tarde renomeado para Oakland Golden Seals, em Oakland; e uma no desértico estado do Missouri, em St. Louis, que não chega a ser tão quente quanto as demais, mas é a porta para o caloroso deserto do meio-oeste estadunidense. St. Louis na verdade estava tendo sua segunda oportunidade, já que anteriormente haviam tido o St. Louis Eagles, que fora uma relocação do... Ottawa Senators. Isso na década de 1930, mais precisamente em 1934, durando apenas uma temporada. A prática de relocar um time canadense para os Estados Unidos, criticadíssima na década de 1990, começou aí.

Os Seals só duraram até 1976, mudando posteriormente para Cleveland, uma cidade fria, e fechando as portas dois anos depois. Kings e Blues, por outro lado, sobreviveram firmes e fortes na NHL, com a coincidência de, décadas depois, o maior jogador da história da liga, Wayne Gretzky, tê-las defendido.

A expansão foi uma necessidade econômica da NHL para se estabilizar como uma grande liga, que não poderia ter apenas seis times e se concentrar basicamente na parte Leste/Norte dos Estados Unidos da América e Canadá. Fora as três franquias já citadas, outras três aderiram na primeira expansão, dobrando o número de franquias. E situar dois times na Costa Oeste foi ideia do então presidente dos Rangers William Jennings. Seu argumento foi de que ligas menores começavam a emergir nos quatro cantos do país. E com o poderio econômico de cidades como Los Angeles e Oakland, uma liga menor poderia muito bem crescer a ponto de se estabelecer como maior e rivalizar com a NHL. Jennings tinha razão e sua ideia foi aceita, embora muito criticada por opositores. O posicionamento de Jennings é o epicentro da questão que abordo em minha coluna: econômico.

Hóquei em cidades de clima quente? Por que não?
Los Angeles e Oakland ganharam franquias na NHL antes mesmo que Vancouver ou Winnipeg. Ottawa e Cidade do Québec já não tinham mais franquia na grande liga há um bom tempo. O hóquei começava a se espalhar pelo território estadunidense e os canadenses, outrora monopolizadores, tornavam-se minoria — enquanto franquia, não enquanto atletas. Mais tarde essa ideia foi posta em prática diversas vezes ao se estabelecer times na Cidade do Kansas, Atlanta (em duas ocasiões diferentes), San Jose, Tampa, Anaheim, Miami, Dallas, Raleigh, Phoenix e Nashville. Destas, três ganharam seus times motivadas por relocação: Dallas, trazendo um time de Minnesota; Raleigh, recebendo um de Hartford; e Phoenix, de uma antiga franquia de Winnipeg. Retirar franquia de Minnesota e de Winnipeg para muita gente foi o fim da picada, principalmente quando elas são levadas a duas cidades quentíssimas e ensolaradas: Dallas e Phoenix, ambas no meio do deserto.

As críticas em relocar franquias canadenses para o Texas e o Arizona se estendem à existência das demais franquias, "vítimas" de expansão, em cidades igualmente quentes: Anaheim, San Jose, Tampa, Miami, Nashville... e até mesmo Los Angeles. Então pergunto: por quê? Pelo simples fato de que nessas cidades a brincadeira não começou com crianças metendo paulada em bolas sobre lagos congelados? Pela ausência de neve? Pelo calor? Tudo isso faz com que sejam cidades que "não têm nada a ver com hóquei"?

Mas e se o esporte for viável nelas? Anaheim, Dallas, Tampa e Raleigh conquistaram suas Copas Stanley, todas recentes, mostrando que cidades quentes também vencem. Os Stars a disputaram, mas não a venceram quando estavam em Minnesota e tinham North no nome. Então só porque estava no apelidado "Estado do Hóquei", a franquia seria melhor que é em Dallas? Anaheim chegou a ter uma temporada inteira de ingressos esgotados. San Jose vem tido boas temporadas nos últimos tempos e mostraram ser uma franquia forte na NHL. E o Los Angeles Kings chegou a ter em seu elenco Wayne Gretzky.O "Grande Um" fez história em Los Angeles também, levou a franquia à decisão de uma Copa e provou que o hóquei funciona em cidades quentes, sim. Os Kings têm história na NHL. Os Ducks, que ainda por cima eram uma franquia da Disney, começam a escrever a sua. Mesmo os Sharks amarelando constituem uma "tradição" na NHL — claro, uma tradição que seus fãs preferiam não ter, mas jejuns e gozações constroem as histórias dos esportes também. Torcedores de Corinthians, Botafogo ou Boston Red Sox e Chicago Cubs que o diga! Mas tudo isso prova que o hóquei é viável, mesmo em cidades que "não têm nada a ver com hóquei". Já outras cidades que tecnicamente têm a ver com o esporte, como St. Paul ou Ottawa ainda não conquistaram Copas. Boston e Toronto não ganham uma há um tempão. New York Rangers e Detroit enfrentaram longos jejuns. Os Leafs vivem em crise e os Senators já chegaram a ameaçar sair da cidade. Os Penguins também. E se os Coyotes saíram de Winnipeg, a viabilidade do esporte lá, economicamente falando, não estava tão maior assim que em Phoenix. Afinal, ninguém muda sua empresa de base para perder dinheiro.

Temos que entender que a NHL é esporte, mas também é negócios. Uma liga com esse porte exige altos custos. Não podemos nos mobilizar pela paixão de que seria mais bonito ver hóquei numa cidade pequena canadense ao invés de uma grande cidade praiana estadunidense, porque economicamente falando isso sim é inviável. Cidades que financeiramente não comportam uma franquia da NHL, como aconteceu nos primórdios da NHA, não podem de fato ter suas franquias de grandes ligas, por mais que tenham a ver com hóquei. Se levássemos as franquias de Anaheim, Dallas, Tampa, Miami, Raleigh, Phoenix, Atlanta, Nashville, San Jose e Los Angeles para London, Halifax, Red Deer, Medicine Hat, Hamilton, Saskatoon, Thunder Bay, Owen Sound, Quebec ou Moose Jaw sem dúvida seria muito bonito, mas seria inviável economicamente. Não pagaria os custos das franquias nem da liga. Seria prejuízo. E o pior: a NHL pederia mercado. O hóquei perderia mercado.

Opa! Mercado! Outro fato a ser levado em consideração. O mercado canadense na NHL está, por princípio, ganho. Um pequeno torcedor em Hamilton vai acompanhar os Leafs, os Canadiens ou os Senators de qualquer jeito, além de acompanhar também os Bulldogs da AHL. O hóquei faz parte daquela gente e é sucesso nas cidades independentemente de qualquer coisa. Então ali vai haver hóquei de qualquer forma. A necessidade de uma franquia na NHL é menor porque ali existe hóquei. Tanto que a maioria dos jogadores da NHL vêm de cidades que não tem franquias nem mesmo nas maiores ligas juvenis do país. Se o hóquei existe ali e já está ganho, então ele tem que procurar outro lugar para conquistar novos clientes. Você não pode concentrar seu produto numa cidade que já consome aquele produto de sobra. Você tem que levá-lo onde ele não existe.

Por outro lado, se a NHL retirar franquias de Phoenix e de qualquer outra cidade quente, como Anaheim, Miami, Tampa ou Dallas, estará perdendo mercado — e o esporte também perde seu mercado. A referência de hóquei para aquelas crianças não é patinar no gelo no inverno, mas sim o que elas veem na TV e nas arenas ao ir assistir aos jogos. A NHL deve querer ganhar mercado. Cidades grandes, como o caso de Phoenix, são exploradas pelas demais grandes ligas. Phoenix tem, como falei, franquias na NFL, NBA, MLB e até na WNBA. Todas exploram devidamente o mercado que a cidade oferece. Por que a NHL perderia esse mercado?

Hoje joga-se hóquei no gelo no Brasil, no México, na África do Sul, na Austrália... se isso acontece é porque um dia provaram que era possível se jogar hóquei em terras escaldantes, quando promoveram a prática na Califórnia e na Flórida. É o hóquei ganhando mercado e é isso que eu, particularmente, quero ver. O futebol e o rúgbi dominam mercado no mundo inteiro. O basquete também. Por que isso não é possível com hóquei, que é um jogo bem mais divertido que todos esses aí citados? Não querer que se jogue hóquei em Phoenix é dizer que ele também não pode e não deve ser praticado no Brasil ou em qualquer país "quente" do mundo, e isso está errado.

Retirar o hóquei de uma cidade quente é tirar do fã a oportunidade de ter acesso ao esporte. É perder aquele mercado. E é bem mais inviável que a prática dele nessas cidades, como muitos julgam. Se você parar para pensar bem, restringir o hóquei ao Canadá seria sufocar o esporte. Não com o calor das cidades quentes como Phoenix, mas por mantê-los num mercado pequeno. Não fosse a ideia de Jennings lá atrás, o hóquei não teria crescido. Não teria conquistado mercados no mundo inteiro e, talvez, nem estaríamos comentando sobre hóquei aqui, porque nosso acesso ao esporte seria bem menor ou talvez nenhum. Esportes só crescem quando ganham o mundo, e o mundo não é formado apenas por cidades gélidas.

Por isso hoje em dia não sou contra a presença de uma franquia na Cidade do Kansas, como era há algum tempo atrás. Mas não quero que os Coyotes saiam de Phoenix. Só que, pensando numa (improvável) expansão... por que não situar uma franquia na Cidade do Kansas, que outrora teve a sua? Só porque lá é um deserto, é quente? Existe um mercado a ser explorado ali. A NFL (Kansas City Chiefs) e a MLB (Kansas City Royals) já o exploram. Por que a NHL não poderia? Não tenho mais esse preconceito. Só espero que esse mercado não seja explorado em detrimento de outro, qualquer que seja.

De qualquer forma, o mais provável é que caso os Coyotes saiam de Phoenix, eles mudem para Hamilton, em Ontário, conforme já abordamos, não para a Cidade do Kansas. Mas tem um barulho antigo sobre a Cidade do Kansas ter sua franquia na NHL, e onde há fumaça, há fogo.

É... e o hóquei em Phoenix?
Aqui estamos entrando em outra questão. Nos parágrafos acima, abordei a viabilidade econômica do hóquei em cidades quentes. E para que a NHL continue tendo uma franquia em Phoenix, o mercado de Phoenix precisa ser viável para tal também. Particularmente sou contra sua saída por uma série de motivos, inclusive por prejudicar os Ducks, que certamente teriam que se deslocar mais para enfrentar o time que o substituísse na Divisão do Pacífico, fosse ele a nova franquia, fosse uma franquia já existente. Até tinha uma visão um pouco diferente e em conversa com Daniel Novais, cheguei a dizer que não me importava com os torcedores dos Coyotes — usando, na ocasião, termos mais grosseiros. E mudei radicalmente de ideia após repensar bastante no caso e chegar à opinião que tenho.

Mas mais que a favor da permanência dos Coyotes em Glendale, sou a favor do que é viável e é isso que a NHL tem que estudar antes de tomar a decisão sobre manter ou relocar a franquia. Caso seja lucrativo ter os Coyotes em Phoenix, que fiquem. Caso não seja, então primeiro deve-se saber a razão da inviabilidade. Temos que entender que uma relocação exige altos custos e esses custos devem ser evitados. E se for possível tornar os Coyotes lucrativos em Glendale? A inviabilidade pode ser decorrente de má gestão e isso pode ser corrigido. Relocar assim, de uma hora para outra, é uma decisão precipitada. Para que seja bem-tomada, precisa ser estudada primeiro.

A franquia declarou falência e isso pode ser decorrente de uma má administração. Caso seja algo contornável, que se resolva sem necessidade de uma relocação.

Em seu e-mail, Leonardo abordou a má gestão da Dewey Ranch Hockey LLC. Até concordo que houve uma má administração, uma vez que Phoenix é uma região propícia aos esportes e as franquias das demais grandes ligas estão bem. Os Suns não vencem o troféu sem nome, mas fazem boas temporadas. Os Cardinals disputaram o último Super Bowl e os Diamondbacks ganharam uma Série Mundial há algum tempo. Para que os Coyotes tivessem o mesmo sucesso dos demais times, precisariam ter boas temporadas. E para isso seria necessário ter uma administração decente.

Mas não concordo com as colocações de Leonardo quanto ao uniforme, a mudança de cores, etc. Particularmente também acho o logo do coiotinho kachina bem mais legal que esse rosto de coiote uivando que temos atualmente. Mas não concordo que mudanças atrapalhem a história de uma franquia. Leonardo citou os Wings... tem coisas que não se podem comparar. As únicas franquias da NHL que não vejo possibilidade de sofrerem essas mudanças são exatamente os Wings, os Leafs, os Canadiens e os Rangers. E olha que os Rangers e os Leafs ainda mudam tonalidades de azul, mudam logo, os Canadiens mudam design de uniforme, e só mesmo os Wings mantém tudo restritamente tradicional - nem logo de ombro eles têm. E não teria como os Wings mudarem de cor, afinal, são os Red Wings. Mas, por exemplo, Penguins não usam as cores originais. Só voltaram a utilizá-la recentemente em caráter comemorativo. Os Kings mudaram de cores e de logo diversas vezes em sua história. E foi com cores diferentes das originais que chegaram a uma decisão de Copa. Os Sabres também, e são uma franquia tradicional. Canucks, idem. Estão hoje bem diferentes de como estavam quando começaram - já mudaram cores, logo... Capitals, outro exemplo. Eu nem vou entrar no mérito de que o Anaheim mudou de nome, logo e cores, porque o time foi obrigado a mudar, já que é outra franquia, não é mais o Mighty Ducks of Anaheim. Mas mesmo com essas mudanças, as tradições do time vêm crescendo. A cor laranja tem se tornado uma das suas marcas registradas. Uma coisa que reforça tradição são resultaos e regularidade, não apenas cores e logos. Vejo algumas mudanças como positivas e isso nem sempre atrapalha tradição. Claro que isso não se aplica a Wings, Leafs, Canadiens e Rangers.

Bom, se você chegou até aqui, meus parabéns e muito obrigado por ter se dado ao trabalho de ler todas essas linhas.

Deixo aqui a única contribuição que posso dar: minha torcida para que os Coyotes fiquem em Phoenix. Mas para Leonardo e para todos os torcedores do Phoenix, dedico uma das mais belas capas de TheSlot.com.br.

Thiago Leal já pensou diferente, mas acredita que hoje é importante para o hóquei que ele não tenha fronteiras, e aconteça tanto em Phoenix quanto em Toronto ou Montreal.

Library and Archives Canada
Primórdios do hóquei no gelo: a origem do esporte foi assim, ao ar livre, sobre lagos congelados, como neste jogo na Universidade McGill, no Canadá.
(1884)

Library and Archives Canada
Fundado em 1884, o Montreal Hockey Club foi o primeiro campeão da Copa Stanley. O hóquei começou no Canadá e era monopolizado pelo país.
(1893)
Library and Archives Canada
Continente frio, a Europa sempre foi propícia à prática do hóquei. A Universidade de Oxford, Inglaterra, vista aqui em jogo contra a Seleção Suíça, foi uma das pioneiras na prática do esporte em solo europeu.
(1922)
Arquivo TheSlot.com.br
Fruto da primeira expansão, em 1967, o California Golden Seals, de Oakland, foi uma das primeiras franquias de clima quente da NHL.
(1967)
Arquivo TheSlot.com.br
Winnipeg Jets em sua última temporada, 1995-96.
(1967)
Jamie Squire/Getty Images
Phoenix Coyotes em sua primeira temporada, 1996-97.
(22/10/1996)
Reprodução
O antigo logo dos Coyotes, em estilo kachina.
Wally Skalij/LAT
O Anaheim Ducks foi uma das franquias de cidades ensolaradas a conquistar a Copa Stanley. Dallas, Tampa e Raleigh já viveram a mesma história.
(06/06/2007)
AP
Jim Balsillie: ele quer levar os Coyotes para Hamilton.
(25/05/2009)
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Página publicada em 28 de maio de 2009.