A sétima parte do nosso Diário do Torcedor começou na quinta-feira, já que na quarta não havia jogos agendados. Melhor para o colunista, que pôde descansar um pouquinho (e ver seu Flamengo perder na Copa do Brasil...). Enfim, o assunto é hóquei, e sem perder tempo, Penguins e Hurricanes se encontraram para o segundo jogo da série, e antes de terminar esta frase Crosby já fazia 1-0, e a torcida já começava a prever o melhor. Mas o melhor não veio assim tão fácil, tanto que LaRose, um dos surpreendentes destaques dos Canes logo empatou o jogo. Isso com apenas quatro minutos de jogo. E com oito, mais gols. Malkin fazia 2-1 para o time da casa, mas logo Jokinen calava a torcida de novo. E um belo jogo, com nada menos de 26 chutes a gol nos primeiros 20 minutos, ainda reservava a virada do Carolina, com Seidenberg, após receber um “passe” de Letang, que ao tentar tirar o disco de sua área, o passou diretamente para o defensor adversário, que não perdoou. Um belo jogo, um placar nem tanto. Mas veio o segundo período, e com três minutos, e a dupla dinâmica no gelo, Malkin e Crosby assistiram no gol de Max Talbot, seu terceiro nos playoffs, mas sempre em momentos-chaves. Enquanto Carolina começava a se perder com a velocidade dos Penguins e sem o poder ofensivo do período anterior, Pittsburgh continuava a fuzilar Cam Ward, que a oito segundos do final, não pode evitar o gol de Kunitz, seu primeiro em muito tempo. Penguins na frente indo para o terceiro período, e Ward sendo testado a exaustão, mostrando seu lado humano.
No terceiro período, os Canes sabiam que precisavam produzir no ataque para superar os problemas na retaguarda, e assim como nos primeiros períodos, um gol logo no início do período, mas desta vez Eaves fez para os Canes, que empatavam em 4-4 em um dos melhores jogos dos playoffs. Mas foi quando Malkin resolveu dar um ponto final na gangorra do placar, e definir logo a parada. Um gol aos 8 minutos colocou os Pens de novo à frente, e aos 12, uma obra-prima garantia de vez a segunda vitória dos Penguins na série, e deu ao vencedor do Art Ross da temporada seu primeiro hat trick em playoffs, observados atentamente por seus pais na Mellon Arena. No desespero, Carolina ainda partiu para o ataque com um atacante a mais, só que com o gol vazio, Kennedy não perdoou e marcou o sétimo gol do Pittsburgh. Uma vitória emocionante, daquelas que dá moral para a equipe e desanima o time perdedor (vide o hit de Bayda em Letang no final do jogo, meramente para tentar algum clima para os jogos em Raleigh, mas que sinceramente, não parece ser o suficiente para superar os Penguins, que ainda contaram com Satan brigando — ou ao menos tentando —, prova que o time está unido). Em dois dias, os times se encontram na Carolina, onde o time da casa precisará desesperadamente da vitória.
Depois das emoções do jogo de ontem, foi a vez de o Chicago receber o jogo 3 da final do Oeste, onde os Blackhawks precisariam mostrar sua força contra os Red Wings, vencedores nos dois primeiros jogos da série. E assim foi, mais uma vez, Chicago saiu na frente, pressionando mais, dando mais chutes, e com gols aos oito e aos nove minutos, abriu 2-0, com Sharp e Ladd, e parecia que dominaria a partida. Foi quando aconteceu um tranco de Kronwall em Havlat, que foi logo defendido por Byfuglien, e uma confusão generalizada no gelo, com Havlat desacordado. Um tranco que à primeira vista foi até desleal, até pelo impacto visual, mas que no fundo foi apenas um tranco violento. Tarde demais para rever os conceitos, no entanto, pois o defensor dos Wings foi expulso da partida no lance. Àquelas alturas, os Red Wings já começavam a questionar a arbitragem da partida, que marcava mais penalidades contra os visitantes. O clima estava armado, e a rivalidade incendiou de vez.
E logo no início do seugndo período, Pahlsson marcou o terceiro, Osgood e a defesa dos Wings parecia atordoada. Mas o tempo passou, e a experiência dos Wings começou a falar mais alto, e a empolgação dos Hawks foi esfriando, e em cinco minutos, com gols de três defensores, Lidstrom, Rafalski e Ericsson empataram o jogo para Detroit. No terceiro período, a grande novidade foi a saída de Khabibulin , que acusou um mal-estar, e a entrada de Huet em seu lugar. E o jogo ficou mais cadenciado, com menos oportunidades criadas, também porque possivelmente quem fizesse o próximo gol venceria a partida, já que as defesas começavam a sobressair, especialmente a do Chicago, que não queria expor seu goleiro reserva. E assim foi até o final dos 20 minutos, e pelo segundo jogo seguido, uma prorrogação seria necessária para definir o vencedor. Sabendo que a derrota seria fatal para suas pretensões na série, os Blackhawks partiram para o ataque, e logo aos dois minutos, Sharp, que abrira o placar, fechava o jogo com um 3-2 que manteve Chicago vivo na série, e deixou Detroit fumegando de raiva com as marcações da partida. E no domingo o jogo 4 promete depois de tanta polêmica no jogo de hoje.
Depois da vitória nos dois primeiros jogos, os Penguins visitaram os Hurricanes pela primeira vez neste sábado, que para este colunista não começou muito bem, com a chegada de um resfriado, mas quando tem jogo à noite, a gente esquece tudo. Voltando ao jogo, e como previsto, o time da casa começou partindo para cima, apoiado por uma barulhenta torcida em Raleigh, e o jogo teve um início muito mais dinâmico que os anteriores. E aos 4 minutos, Cullen abria o placar. Mas ao que parece, a onda de gols do jogo 2 quer continuar. Na primeira vantagem numérica, Malkin, mais uma vez, aparece livre no meio e marca o empate em um Ward que nada pode fazer. O ritmo do jogo seguiu assim até o final do período, boas chances de lado a lado, torcida animada. Isso até o último dos vinte minutos. Primeiro, o eterno Guerin, pela esquerda cruza na medida para Crosby ganhar na corrida de Pitkanen e mandar para o fundo do gol: 2-1. E pela enésima vez nesses playoffs, os Penguins marcam um segundo gol em questão de segundos, agora com Malkin, seu segundo no jogo, que corta para o meio e supera Ward mais uma vez. Penguins 3-1 ao final do primeiro período.
Começou o segundo período e a torcida seguiu fazendo sua parte, mas uma bela chance para Talbot, que não conseguiu converter o presente de Malkin, com Ward desequilibrado, poderia ter selado a partida. Não selou. E em uma vantagem numérica dos Penguins, os Canes chegaram bem perto de marcar, mas também não marcaram. Ao menos cresceram no jogo, criando chances, atacando mais, ainda que parando na defesa dos Pens ou em Fleury. O jogo segue intenso, acho até que o mais intenso da série, embora não tenhamos visto nenhuma jogada espetacular, ou uma defesa daquelas de tirar o fôlego. De mais destacado mesmo apenas uma boa intervenção de Ward no último minuto do período contra a linha de Crosby, Guerin e Kunitz, que poderia dar algum ânimo à torcida — que já começava a parecer mais apreensiva que incentivadora — para o período final. E apreensão parecia a palavra mais apropriada, já que a entrevista de Corvo ao final do período mostrava um time que parecia começar a desanimar.
Mas veio o terceiro e o desânimo parece ter ficado no vestiário. Dois minutos, Samsonov desconta. Um minuto depois, Talbot em contra-ataque é parado por Ward (lembre que no último jogo um lance similar resultou em gol). A torcida volta a jogar junto, os Hurricanes crescem, e em um estalo de dedos, é um novo jogo. Pressão dos Canes, Penguins se defendendo. Vantagem numérica para os Canes, nada feito. 11:30 de jogo, Malkin no gelo, uma deixada para Fedotenko, um tiro forte, 4-2 Penguins. Faltando menos de quatro minutos para o final, momento de susto, quando Malkin e Cullen trombam no meio do gelo e o russo dos Penguins sente uma pequena lesão. Na sequência, vantagem numérica para o time da casa. Que dura pouco com a penalidade de Whitney. 4 contra 4, Ward deixa o gelo e deixa os Canes com um homem a mais no gelo novamente. E em um faceoff na zona neutra, Jokinen parece vencer Adams na disputa, mas o disco caminha caprichosamente ao fundo de seu próprio gol, vazio, ainda que Adams tenha levado o crédito. É o quinto gol dos Penguins, que determinaria o placar final, não fosse o desânimo que pairou sobre o RBC Center, permitindo a Guerin marcar mais um gol, e fechar o placar em 6-2. Ryan Bayda, o mesmo cone que tentou brigar no final do jogo 2, tenta mais uma vez, agora com Boucher, levar algum ânimo para o jogo 4. Se tivesse se preocupado em produzir ofensivamente, talvez animasse mais sua equipe. Mas a verdade é que os Hurricanes vão precisar de muito mais do que a valentia de Bayda se quiserem prolongar um pouco sua vida nessa série. Os Penguins se aproximam de sua segunda final consecutiva, com os famosos "praticamente insuperáveis 3-0 na série", e o sábado que começou mal, terminou bem, muito bem.
A notícia do domingo em Chicago era a ausência de Khabibulin, Datsyuk e Draper, e principalmente, de Lidstrom, o capitão dos Red Wings, que daria lugar ao interminável Chris Chelios. Também foi comemorada pelos torcedores da casa o retorno de Havlat, que quase foi dizimado pelo hit de Kronwall no jogo 3. Com Huet no gol, os Hawks tentariam manter o momento adquirido no jogo anterior. A partida começou mais estudada que as outras, e o primeiro momento de perigo veio em uma penalidade de Zetterberg, que culminou com um chute dos Hawks que explodiu na trave, e o gol em desvantagem de Marian Hossa, que finalmente achou o caminho do gol, e frustrou a torcida da casa. O jogo continuou morno, até um pequeno desentendimento entre Byfuglien e Holmstrom. Com um jogador a menos de cada lado, Toews e Campbell tiveram belas chances, mas parados por Osgood. Já com cinco de cada lado, Franzen pela direita mandou cruzado no alto de Huet, 2-0. E Kronwall, de novo, quase desferiu mais um de seus trancos antes da sirene, faltando muito pouco para Kane ser a vítima da vez.
No começo do segundo período, uma vantagem numérica trazida do anterior, fez a torcida não entrar no clima, e os Wings aproveitaram a passividade em Chicago, com Filpulla convertendo um rebote de Hossa, e o 3-0 começa a fazer pensar numa histórica revanche nas finais. Outra vantagem, agora para os Hawks, e Toews aproveita um rebote na frente da área e carimba o gol de Osgood. Mas o que parecia o início da reação mostrou ser apenas uma breve alegria, já que 12 segundos depois, Hossa a seu melhor estilo, fez o quarto gol, terminando a tarde infeliz de Huet. Com um novato no gol, Crawford, os Hawks parecem condenados a enfrentar a eliminação em Detroit na quarta-feira. Não bastassem todos os problemas, uma vantagem de dois jogadores deu a Zetterberg espaço para marcar o quinto gol. Depois disso, o jogo caiu muito, nada muito importante aconteceu, apenas o retorno de Huet no início do terceiro período, assim como a entrada de Conklin no lugar de Osgood do outro lado. Para completar o massacre, Zetterberg converteu mais um gol em vantagem numérica a sete minutos do final, fechando o placar em 6-1. Como era previsto, nada mais relevante aconteceu, no que foi o jogo mais insosso até agora nessas finais de conferência. E agora, tanto Penguins quanto Red Wings estão a uma vitória de repetirem a final de 2008.
Com o descanso no calendário na segunda, o próximo jogo seria na terça-feira, quando Pittsburgh tentaria a varrida contra Carolina, que jogaria contra a história, mas principalmente pelo orgulho de não sofrer um 4-0 em final de conferência, ainda mais na sua casa. Mas foram os Penguins que começaram mais dispostos, contra um Canes que parecia querer cadenciar o jogo. A primeira chance do time no entanto, só surgiu com mais de 5 minutos passados, com Fedotenko. Antes disso, no segundo minuto, a linha principal dos Canes finalmente mostrou algo na série, quando Samsonov e Cole assistiram no gol de virada de Eric Staal, o que trouxe um incentivo a mais à equipe. Eric parecia mesmo disposto, após tantas críticas, tanto que logo depois tentou jogada similar. E quando finalmente alguma coisa parecia tomar o rumo do time vermelho, um chute despretensioso de Boucher pega Ward muito a frente do gol e Fedotenko por trás de todo mundo aparece sozinho para desviar para o gol vazio, 1-1, silêncio na arena. Uma vantagem numérica para cada lado, sem sucesso. Mas quando a coisa vai mal, dá tudo errado. Um chute desequilibrado de Talbot, desvia no taco de um Hurricane, e simplesmente encobre Cam Ward, que tenta sem sucesso pegar o disco com sua luva. 2-1 Penguins, agora a 40 minutos de um retorno às finais.
O segundo período começou com um bom ritmo também. Mais uma vez os dois times tiveram mas não converteram suas vantagens numéricas. Na verdade, Eric Staal teve a melhor chance de marcar, e isso durante a vantagem dos Penguins. O jogo continuou bem veloz, como aliás passaram a ser os jogos da série. Na metade do período, LaRose teve mais uma boa chance em desvantagem, mas ao menos fez com que Guerin cometesse uma penalidade, acabando com a vantagem dos Penguins. E no 4 contra 4, Staal teve a chance do empate, Fleury impediu. Eaton teve a chance do 3-1, Ward impediu. Aos 12 minutos, Babchuk, o defensor dos chutes violentos, mas que não vinha jogando na série, vacilou e perdeu o disco para Crosby, que partiu em contra ataque, e encontrou Guerin bem posicionado para marcar o terceiro gol do Pittsburgh. Com dois gols a menos e a sobrevivência a perigo, os Canes partiram para cima, mas foi a vez de Fleury aparecer com boas e importantes defesas para manter a vantagem ao final do período. 3-1 Penguins, agora a 20 minutos de um retorno às finais.
Carolina começou o terceiro período sabendo que poderia ser seu último da temporada, e pressionou o gol de Fleury, e conseguindo uma vantagem numérica depois de bela jogada de Cullen. Mas o goleiro dos Pens continuou com sua sólida atuação, impedindo os Hurricanes de reduzir sua vantagem. Quando não era ele, era alguém da defesa bloqueando os chutes, àquelas alturas, o importante era não deixar Carolina se motivar na partida. Fazendo um jogo inteligente, Pittsburgh começava a consumir o relógio. Aos 9 minutos, dois momentos de perigo, Talbot com um chute que explodiu no poste, e Cole trombando com Malkin,ficando algum tempo deitado no gelo, mas felizmente não pareceu ser nada mais sério. Uma longa vantagem numérica dos Penguins, que incluiu duas penalidades e alguns segundos de 5 contra 3 não produziu nada. Não importava, já que o que valia era ganhar tempo, e tempo foi ganho (já que quando os Canes voltaram a ter 5 patinadores, o relógio já marcava 14 minutos). E 15, 16, 17, 18... Eric Staal com uma bela chance, Fleury disse não. Alguns lances que poderiam ser penalidades, não foram. Ward no banco, patinador extra. Talbot acha Crosby, que passa para Adams, gol na rede vazia. Penguins 4-1 no jogo, 4-0 na série. E depois de 25 anos, o time que perde na final da Copa Stanley volta a decidir a Copa. Esse mesmo time que três meses atrás andava pelos confins da décima posição no Leste, virtual eliminado, vítima de goleadas humilhantes, está a quatro vitórias de conquistar o título da temporada. Amanhã podemos conhecer o adversário, o mesmo de 2008. E Let's Go Pens!
Detroit recebeu na quarta-feira o quinto jogo da série entre os Blackhawks e os Red Wings, que em casa poderiam liquidar a fatura, como os Pens fizeram ontem. Os Blackhawks continuavam sem Havlat e sem Khabibulin, ou seja, o inconstante Huet seguiria no gol. Outra performance similar à de domingo e os Hawks estariam fritos. No lado dos Wings, os problemas também se acumulavam. Sem Datsyuk, Draper e Lidstrom desde domingo ou até antes, agora foi a vez de Ericsson ser o desfalque. No final das contas, se Chelios teria mais tempo de gelo, os desfalques do Detroit deveriam ser menos sentidos. E no primeiro período foi isso que se viu. Chicago dominado por Detroit, que desferiu nada menos de 21 chutes contra Huet, que mostrou firmeza dessa vez e não deixou o disco passar. Além disso, a disciplina do Detroit, que não cometeu penalidae alguma no período. O segundo período foi ao menos mais equilibrado, nos chutes e nas penalidades. Um jogo corrido, como tem sido esta série, onde o Chicago precisava melhorar seu jogo para seguir vivo, e Detroit se dando ao luxo de administrar sua liderança. Mas ao final de 40 minutos, os heróis da partida foram mesmo os desacreditados Osgood e Huet, que já contablizavam 51 defesas neste tempo.
Veio o terceiro período, e o jogo começava a ficar mais tenso, embora aberto e limpo, sem nenhuma penalidade cometida. Aos 6 minutos finalmente a barreira foi quebrada, quando um chute de longe de Lebda, outro dos menos famosos dos Wings, desvia em Cleary, o nome da série, que marca o primeiro gol do jogo. Com o 1-0 e a temporada indo embora, Kane, o jovem craque que andou sumido nessa série, apareceu em grande estilo, marcando um belo gol quando faltavam pouco mais de 7 minutos para o final do jogo. 1-1, e embora os chutes continuassem saindo de lado a lado, os goleiros continuavam sendo os nomes do jogo, e assim, fomos à terceira prorrogação em cinco partidas desta final do oeste. E como nas outras duas, não demoraram muito em resolver. Sem sequer dar um chute a gol, Chicago foi derrotado mais uma vez, quando Holmstrom serviu Helm, que marcou com o gol aberto. Festa em Detroit, mais uma vez campeões do Oeste. Finais definidas, mais uma vez Red Wings e Penguins disputando a Copa Stanley. Se não chegaram os melhores da temporada, chegaram os melhores dos playoffs, que mostraram firmeza para vencer as séries difíceis, e mostraram instinto matador para vencer as séries fáceis sem problemas, qualidades indispensáveis para quem quer ser campeão. Revanche, comparações, histórias. Há 25 anos não havia uma final repetida. O torcedor aqui só espera que o final seja diferente do ano passado. A partir de sábado vamos saber. Até lá amigos!
Jim Prisching/Getty Images |
AP |
AP |
AP |
AP |
Claus Andersen/Getty Images |
AP |
Claus Andersen/Getty Images |