Jovens times como o Pittsburgh Penguins precisam aprender uma ou outra lição durante o caminho para se tornar uma equipe com calibre para lutar por títulos. O problema é que o primeiro jogo das finais da Copa Stanley é uma hora meio ruim para pegar umas dicas.
Depois de tomar um vareio por 4-0 nas mãos do Detroit Red Wings em um jogo que o técnico Michel Therrien classificou como "nossa pior atuação nos playoffs", os campeões da Conferência Leste encontram-se atrás em uma série pela primeira vez desde que os playoffs começaram.
"Não competimos como deveríamos", reclamou ele à imprensa após o jogo. "Essa foi uma boa lição para nós."
Também é uma lição que eles poderiam ter evitado se ao menos tivessem prestado mais atenção ao que esses Wings fizeram ao Dallas na fase anterior. O Detroit é um time que tem talento para derrotar qualquer um. Mas, como aprenderam os Stars, o Detroit não ganha na base do talento. Eles ganham com esforço e intensidade ao longo de todas as zonas do gelo.
Os Pens perderam ontem à noite porque lutaram menos, simples assim. Especialmente no segundo e no terceiro períodos, quando o Detroit controlou o jogo completamente, limitando o ataque estelar do Pittsburgh a apenas sete chutes a gol e talvez — talvez — três chances decentes.
Ainda assim, o jogo podia ter sido ganho, ou ao menos controlado, em um primeiro período que deveria servir como algo de positivo a ser destacado em uma derrota digna de um pesadelo. Enquanto os veteranos Wings começaram o jogo tropeçando (não tão literalmente quanto Marc-André Fleury ao pisar no gelo antes do início da partida), os Penguins estavam voando. Sua velocidade deixou os Wings apreensivos, sua marcação estava criando contra-ataques e forçou o Detroit a cometer quatro penalidades seguidas. No fim do período, os Pens tiveram um homem a mais por seis minutos em um espaço de 7:18.
Para uma equipe de vantagem numérica que chegou a esta série com um aproveitamento de cerca de 25%, deveriam ter sido chances o bastante para abrir o placar. Isso poderia ter virado o jogo a favor deles, já que a campanha do time quando sai na frente nesta pós-temporada é de 10-0. Com o atacante a mais, eles deram nove chutes a gol e ao menos mais três que passaram perto, mas nenhum passou por Chris Osgood.
E encerrou-se por aí.
O que os Stars finalmente aprenderam, mas tarde demais, como se pôde ver, é que esses Wings não dão muitas chances. Quando eles controlam o disco durante boa parte do jogo, como fizeram ontem, eles conseguem chutar muito a gol. Conseqüentemente, o outro time não consegue. E isso significa que, quando você vê uma abertura logo no começo, como Marián Hossa viu e como Sidney Crosby viu duas vezes, você tem que capitalizar em cima delas e então tentar agüentar a pressão. Essa é a lição número 1. Quando você tem uma chance, é melhor aproveitá-la.
Ao invés disso, foram os Wings que marcaram primeiro. Duas vezes, na verdade. Pavel Datsyuk, de longe o melhor jogador no gelo, com cinco trancos para igualar seus cinco chutes, achou Nick Lidström vindo da linha azul e deu a ele a oportunidade de mandar uma bomba para dentro do gol de Fleury aos 15:20 do primeiro período. Mas, depois de outra cruel interferência no goleiro marcada em cima de Tomas Holmstrom — cuja reputação é mais perigosa que suas ações —, o gol foi anulado.
Depois disso, os Wings começaram a se acertar fisicamente, liderados por Datsyuk, de 1,78 metro e 81 kg, e Niklas Kronwall, que se parece cada vez mais com Vladimir Konstantinov. Eles finalmente marcaram um gol que valeu no meio do segundo período, depois que quatro turnos dominantes consecutivos culminaram em um gol por trás das redes de Mikael Samuelsson, sem assistência. E, quando eles começaram a ditar o jogo, a atuação dos Pens começou a ruir. Eles começaram a correr atrás do disco. Começaram a cometer penalidades. E, apesar de os Wings terem marcado em apenas uma de suas seis chances em vantagem numérica, eles se beneficiaram de cada oportunidade. Todo esse tempo com um homem a mais assegurou que tanto Crosby como Evgeni Malkin ficariam plantados no banco, um lugar de onde eles podem fazer muito pouco estrago.
Isso significou que Jordan Staal, que engordou suas estatísticas durante desvantagens numéricas, passou mais tempo no gelo que qualquer outro atacante do Pittsburgh. E, como todo o respeito ao impressionante pivô de 19 anos, isso é uma bela de uma garantia de derrota. E essa é a lição número 2. Você tem de ficar fora do banco de penalidades, e você consegue isso mantendo seus pés em movimento.
A lição número 3? Este time não é só feito de Datsyuk, Henrik Zetterberg e um elenco de figurantes. Apesar de os Pens terem conseguido segurá-los até Zetterberg marcar um gol pouco importante nos últimos segundos do jogo, eles foram derrotados por jogadores que dão profundidade ao adversário, como Samuelsson (que dobrou seu total de gols nestes playoffs com outro gol sem assistência no começo do terceiro período) e Daniel Cleary, que ganhou na corrida de Kris Letang e pegou um disco solto para marcar um gol em desvantagem numérica no fim do período. Com esse tipo de profundidade, não dá para tirar o pé do acelerador nem por um segundo, mesmo quando os números 13 e 40 estão recuperando o fôlego.
Perder um jogo das finais da Copa Stanley é um preço caro demais para aprender essas lições. Vamos saber no jogo 2 se vai ter valido a pena.
Allan Muir é colunista do site SI.com. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.