Dia-limite de trocas: o New York Islanders adquire o craque Ryan Smyth. Promessa de gols, raça, liderança e dedicação. Esperança de classificação tranquila aos playoffs e de uma boa corrida na pós-temporada.

Último dia da temporada regular: os Islanders se classificam na última posição graças a uma dramática vitória na disputa de pênaltis sobre o New Jersey Devils.

Entre um evento e outro, diversos momentos bons e outros tantos ruins. Da certeza da classificação à eliminação iminente. De "eliminado" — como afirmava a página da ESPN.com no sábado — a classificado, graças a uma grata surpresa. O New York Islanders é um exemplo de superação.

Até o fim de fevereiro estava tudo bem em Long Island. Naquele mês a equipe venceu nove dos 13 jogos que disputou, estabelecendo-se como nome certo nos playoffs. Nesse cenário otimista, o gerente geral Garth Snow trouxe Smyth, e os Isles ganharam respeito e crédito como há muito não recebiam. Porém, em março, a equipe perdeu oito vezes antes de descobrir que Rick DiPietro, nocauteado por Steve Begin, do Montreal Canadiens, mas que voltara a jogar, estaria fora por tempo indeterminado sofrendo com síndrome pós-concussão.

DiPietro fazia ótima temporada e era seguramente o jogador mais importante do time. Em seu lugar entrou Mike Dunham, que não vencia um jogo desde 1.º de fevereiro — e antes disso, desde novembro.

Na última semana do mês, os Islanders perderam para New York Rangers (último jogo de DiPietro), Devils e Buffalo Sabres (com Dunham). Nesse momento o treinador Ted Nolan tomou a decisão mais certa de sua carreira: escalou Wade Dubielewicz (quem?), que havia substituído Dunham durante as duas partidas, como titular.

Logo na sua estréia como titular nessa temporada, Dubielewicz encarou o Ottawa Senators e foi massacrado com 46 chutes a gol, dos quais defendeu 42. Com a 11.ª derrota no mês a equipe afastou-se da classificação, ficando quatro pontos abaixo do oitavo colocado, faltando apenas quatro jogos.

O mês de abril começou com o clássico diante dos Rangers. Após empate na prorrogação, as equipes foram para a disputa de pênaltis. Miroslav Satan marcou para os Isles e Dubielewicz defendeu os chutes de Michael Nylander, Brendan Shanahan e Jaromir Jagr. Com 36 defesas, sem contar os pênaltis, o goleiro foi escolhido como a estrela da partida e recebeu elogios de seu treinador.

Dois dias depois, o jogo-chave da caminhada rumo aos playoffs: os Isles recebiam o Toronto Maple Leafs em New York. No terceiro período, com o empate no placar, Jason Blake marcou seu 40.º gol na temporada, abrindo caminho para a vitória, garantida pelas 28 defesas de Dubielewicz, que afirmava ao final da partida: "Se nós jogarmos como jogamos hoje, podemos ganhar de qualquer um".

Com os resultados daquela noite, o Tampa Bay Lightning asseguraria a sétima vaga da conferência, restando apenas uma a ser disputada entre Islanders, Maple Leafs e Canadiens. Seria necessária uma série de eventos para que os Isles se classificassem, a saber: eles teriam que derrotar o Philadelphia Flyers na tarde de sábado, torcer para que o clássico canadense entre Leafs e Canadiens terminasse com vitória do Toronto e por fim, no domingo, vencer os Devils.

Diante da necessária combinação de resultados, os Islanders batalharam para continuar tendo chances de classificação. Contra os Flyers, a equipe abriu 3-0 no placar, mas permitiu que o adversário encostasse, sofrendo dois gols. Tom Poti marcou em rede vazia e selou a vitória. Dubielewicz, com 28 defesas, foi novamente a estrela da partida.

Feita a parte que cabia ao time, era hora de torcer pelo Toronto no clássico canadense. Com um agravante: toda a mídia dava como certa a classificação do vencedor desse jogo, desconsiderando a possibilidade de classificação dos Islanders.

Maple Leafs e Canadiens protagonizaram um verdadeiro espetáculo. Normalmente a "Noite de Hóquei no Canadá" é disputada com muita intensidade pelas equipes, proporcionando ótimos jogos. Valendo uma vaga nos playoffs, tornou-se ainda mais emocionante.

O primeiro período foi dominado pelos Leafs, que massacraram o goleiro Cristobal Huet com 23 chutes. Entretanto, a vantagem no placar foi de apenas um gol, mas parecia questão de tempo para que a equipe abrisse maior vantagem, da forma como o jogo estava a seu favor. No segundo período, os Leafs chegaram ao terceiro gol e então os Canadiens acordaram. Michael Ryder marcou um hat trick natural em menos de seis minutos, virando o jogo para 4-3. Mais tarde, em vantagem numérica, os Habs abririam dois gols de vantagem, mas os Leafs descontariam pouco depois. Agora o Montreal tinha a vaga nas mãos, até que Begin, o mesmo que nocauteou DiPietro, cometeu uma penalidade estúpida por taco alto, sendo punido por quatro minutos. O terceiro período começaria com os Leafs em vantagem numérica de dois homens, devidamente aproveitada para empatar a partida, com Bryan McCabe. Begin ainda cumpria seu castigo quando o capitão Saku Koivu foi penalizado, gerando nova oportunidade de dois homens para o adversário. O gol da vitória veio nessa situação e foi belíssimo. A câmera registrava as ações por trás do gol, quando dois jogadores dos Leafs cruzaram em frente ao gol, bloqueando toda a visão de Huet. Tomas Kaberle chutou da linha azul e Kyle Wellwood desviou para a rede. Os Canadiens lutaram pelo empate, em vão.

A derrota dos Habs era o segundo passo dos Islanders rumo aos playoffs. Faltava o último: vencer os Devils.

Apenas cumprindo tabela, o New Jersey optou por não escalar Martin Brodeur, recordista de vitórias em uma única temporada da NHL — um alívio para os fãs dos Isles. Brodeur venceu seis das sete partidas entre as equipes na temporada, sendo três sem tomar gol, e é contra os Islanders que o goleiro mais venceu em sua carreira.

Os playoffs surgiram no horizonte quando Richard Park abriu o placar no primeiro período. E daí em diante a partida esfriou, já que para os Devils não valia nada. Os Islanders controlavam o jogo e esperavam o avançar do relógio. No terceiro período Park ampliou a vantagem, praticamente garantindo a classificação. A equipe estava a 12 minutos dos playoffs. Faltando pouco mais de quatro minutos para o fim, John Madden descontou e o jogo tornou-se dramático. No último segundo, com um atacante a mais no gelo, os Devils empataram, novamente com Madden. Os Islanders estavam a oito décimos de segundo dos playoffs e agora disputariam a prorrogação.

Sem gol no tempo extra, a última vaga nos playoffs seria decidida na disputa de pênaltis. Satan converteu para os Islanders. Zach Parise empatou para os Devils. Viktor Kozlov marcou. Dubielewicz defendeu o chute de Brian Gionta. Smyth perdeu. Último pênalti: Brylin tenta um movimento e Dubielewicz usa seu taco para impedi-lo. Os Islanders vencem o jogo e se classificam para os playoffs.

Dubielewicz foi reconhecido como o herói da classificação. Não foi por menos: o goleiro de 28 anos, com apenas 12 jogos de experiência na NHL, entrou numa fogueira e venceu quatro das cinco partidas que disputou como titular, mantendo a equipe na disputa e aumentando as esperanças de todo o elenco a cada vitória. Com esse retrospecto, foi eleito o jogador da semana pela NHL, mas em Long Island, a casa dos Islanders, Dubielewicz é o jogador do ano, pois foi ele quem garantiu a continuidade da temporada, pelo menos por mais quatro jogos.

• Capa
• Editorial
• Umas poucas linhas
• A três passos do paraíso
• Foi por pouco
• Uma realidade breve, um sonho eterno
• Maldito segundo lugar!
• Descansem em paz, Habs (e Leafs)
• Um louco fim de temporada do passado
• Primeira fase no Leste: nossos pitacos
• Primeira fase no Oeste: nossos pitacos
• Ranking da TheSlot.com.br