Faltou muito pouco para que o Colorado Avalanche conseguisse o grande
prêmio para a sua sensacional arrancada de final de temporada. Muito
pouco mesmo — a rigor, apenas um mísero ponto os separou do oitavo colocado
e último classificado da Conferência Oeste, o Calgary Flames.
É bem verdade que os 95 pontos dos Avs na temporada são a maior pontuação
já obtida por um time não classificado, mas não podemos compará-los
com os anos em que não havia disputa de pênaltis e/ou ponto extra por
derrota na prorrogação — e esse tem sido um erro muito comum atualmente.
É bem verdade também que a diferença de apenas um ponto se deu em grande
parte por conta do último jogo da temporada, justamente contra o Calgary,
que já não valia mais nada. Os Flames apenas cumpriam tabela e pouparam
alguns jogadores importantes, mas os Avs queriam mostrar alguma coisa,
mostrar que eram realmente merecedores daquela última vaga. E mostraram.
Uma vitória de 6-3 naquele que deveria ter sido o jogo da classificação,
o jogo em que os dois times definitivamente disputariam a vaga final
da conferência. Mas os Avs já estavam eliminados por conta da derrota
na partida anterior, contra o Nashville Predators.
Até o segundo período tudo estava mais do que ótimo. Os Avs venciam
o seu jogo ao passo que os Flames, numa semana ruim, apenas empatavam
com o paupérrimo Edmonton Oilers. Mas veio o terceiro período e os Preds
viraram o jogo. Pior ainda, quem marcou o gol da virada, o gol que selou
a eliminação dos Avs dos playoffs, foi Paul Karyia, ex-jogador dos Avs.
Quem contribuiu decisivamente para a eliminação do time de Denver foi
o antigo ídolo Peter Forsberg, com duas assistências — uma delas para
o gol de Karyia. Destino cruel.
Os Preds massacraram o gol de Peter Budaj no terceiro período, disparando
15 vezes a gol. Foi o suficiente para marcar duas vezes, virar o jogo,
vencer e eliminar o time da casa. E esse é outro ponto que fez doer
ainda mais: além de ter sido de virada e a partir de ex-jogadores, o
Colorado foi eliminado em casa, diante de sua torcida. Mas não houve
revolta alguma, houve tristeza, decepção, mas também reconhecimento
pelo sensacional esforço do time. No jogo seguinte jogadores e torcida
saudaram-se uns aos outros no fim.
De nada adianta agora olhar para trás e atentar para derrotas frente
a times-picaretas ao longo da temporada. São 82 jogos e sobressaltos
são comuns. A campanha dos Avs é que deixou a desejar de um modo geral,
especialmente até meados de fevereiro. De um determinado ponto em diante,
ela transformou-se abruptamente e a equipe tornou-se uma das mais eletrizantes
da liga. O objetivo final não foi alcançado, mas ficará na memória de
cada torcedor dos Avs a bela arrancada. Segundo Terri Frei, foi uma
das mais sensacionais arrancadas da história do Colorado Avalanche.
Do dia 27 de fevereiro até o jogo contra os Flames no último domingo
foram 19 partidas. Apenas quatro derrotas.
O pior é que, se tivesse conseguido a classificação, os Avs teriam boas
chances de avançar ao menos uma fase. Encarando o Detroit Red Wings
na primeira fase dos playoffs, seria a batalha de um time jovem, rápido,
franco-atirador, sem nada a perder e mais do que embalado contra um
time que carrega um enorme peso nas costas, o de ser um grande time
na temporada e um fiasco nos playoffs — e agora com muita gente descrente
e apostando e mais um fiasco, o que só aumenta ainda mais o peso. Enfim,
um time leve contra um time pesado — e não pela estatura dos jogadores.
Mas não, teremos Wings contra os Flames e os Avs estão de férias mais
cedo.
É estranho ver playoffs sem o Colorado Avalanche. Eu nunca vi. Nunca
houve, aliás.
Jack Dempsey/AP Aos 37 anos de idade, Joe Sakic, o jogador mais respeitado da liga, conforme Jacy Borreaux nos relatou na semana passada, chegou à marca dos 100 pontos na temporada. Apenas Gordie Howe chegou aos 100 pontos com mais idade que ele (marcou 103 aos 40 anos de idade em 1968-69). Símbolo maior da franquia e um raro símbolo de jogador que passa a carreira inteira num mesmo time, o capitão dos Avs renovou contrato por mais um ano. |