Por: Jacy Borreaux

Diretamente de Cartierville, Canadá.

Eu sei que essa é a edição comemorativa dos cinco anos da TheSlot.com.br e que o Brasil celebra entusiasticamente esse feito, mas tenho que começar essa coluna assumindo algo terrível que fiz assim que coloquei os pés na bela província de Quebec: eu li a concorrência. Sim, amigo leitor, Jacy Borreaux, neto de Yves-Jaques Borreaux, fã de Maurice Richard, Guy Lafleur e Saku Antero Koivu, e ídolo de milhões, conferi o que nossos inimigos históricos escreveram nessa última semana. Se isso parece uma blasfêmia para meus amigos de redação, preparem-se para cair da cadeira com o que escreverei agora — portanto, coloquem suas cervejas em um lugar plano e seguro. Eu gostei do que li nas páginas rivais! Eles tiveram sucesso. Estão interessantes.

Essa melhora era, até certo ponto, previsível. Mas demorou a acontecer.

Desde que o parque gráfico Sloteano começou a trabalhar a todo vapor há cinco anos, os indigentes da The Hockey News tiveram que lidar com a nossa meteórica ascensão. Foram privados de boa parte do prestígio que possuíam ao perderem o posto de revista sobre hóquei no gelo mais influente do globo terrestre. Gastaram milhares de dólares em projetos buscando resgatar a liderança. Mas as falhas foram sucessivas e o prejuízo beirou o faraônico.

Esfalfados de tantos fracassos, resolveram copiar o estilo provocativo e fanfarrão da sua TheSlot.com.br.

Hoje, quando abri a THN, vi algo que o leitor brasileiro já conhece bem. Um revista informativa e divertida. É sinal que essa sua revista semanal tupiniquim sobre hóquei vem servindo de influência para uma publicação que existe desde 1947. Mas um fator negativo continua enraizado na The Hockey News: a promiscuidade.

Não sei se o amigo já reparou, mas não existem marcas estampadas em nossas imaculadas páginas. A Bauer chegou a oferecer um contrato vitalício para seu logotipo fosse associado ao Disco Riscado. Nada feito. Nossos editores não querem que o leitor pense que elogiamos Brian Rolston porque ele é um atleta patrocinado pela Easton ou que Vincent Lecavalier foi capa da nossa revista por usar patins CCM. O leitor da The Hockey News não tem essa certeza de imparcialidade.

Ah, outra vantagem Sloteana. Uma assinatura, mesmo que digital, da THN é mais cara do que passar uma semana orgíaca com as mais exclusivas garotas de programa do Rio de Janeiro (dado fornecido por um dos membros cariocas da nossa revista, cujo nome não vou dizer, vamos chamá-lo apenas de M.C.), enquanto isso, ler TheSlot.com.br é grátis — embora doações sejam bem-vindas.

Bem, já que a The Hockey News vem utilizando de nossa linguagem aprimorada, vou comentar sobre uma das mais bacanas matérias dessa edição deles que tenho em mãos.

Uma super pesquisa feita com 283 jogadores da NHL, com representantes de 29 times e alguns atletas do Columbus Blue Jackets. Não é a primeira vez que fazem esse tipo de abordagem, já uma tradição de nossos arquiinimigos. O resultado final foi um belo termômetro do pensam os atletas, sobre a liga.

Algumas coisas permanecem na mesma. O mais odiado jogador da liga, na opinião de seus colegas (?) de profissão, foi mais uma vez Sean Avery (66,4% dos votos), com grande vantagem para nosso amigo inuit Jordin Tootoo (5,5%). Darcy Tucker (3,5%) completa o previsível pódio. Dois Penguins estão entre os dez mais votados. Jarkko Ruutu era esperado, assim como, de certa forma, a presença de Sidney Crosby (1,9%) também, afinal Maxim Lapierre e o patim de chumbo Derian Hatcher participaram da pesquisa. Além desses dois, mais três jogadores votaram no fenômeno do time de Pittsburgh. Crosby recebeu mais votos do que gente hedionda de baixa linhagem — leia-se Matthew Barnaby.

Pelo menos a inveja não se abateu sobre a maioria na hora de dizer quem eles consideram o melhor jogador dessa temporada. Além do Art Ross e do Hart Memorial, Crosby (56% dos votos) deve levar também o Lester B. Pearson — isso se a opinião de seus colegas de profissão se mantiver a mesma na hora de eleger o melhor da liga. Thornton e Lecavalier vêm a seguir. Ainda nesse quesito, alguns brincalhões votaram em Eric Goddard, Josh Green e Rory Fitzpatrick (um voto cada). Darius Kasparaitis, ídolo absoluto Sloteano, foi proibido de ser uma das opções já que é um indivíduo superior. Seria covardia colocá-lo no mesmo patamar de meros mortais.

Justiça em relação ao mais respeitado pelos seus companheiros de NHL: Joe Sakic (63%), com o sueco Nicklas Lidstrom (11,4%) vindo em uma distante segunda colocação. Sakic, além de ser um jogador excepcional, tem uma índole inquestionável. O mesmo pode ser dito sobre o defensor dos Red Wings.

A polêmica ficou em torno do simbólico título de atleta mais sobrevalorizado. Em uma disputa acirrada, Sean Avery levou outra "estatueta". Se o polêmico jogador dos Rangers ficou orgulhoso por ter sido escolhido mais uma vez para a categoria "mais odiado", ele não entendeu como pôde ter sido eleito sobrevalorizado: "Você deve estar brincando comigo. Eu nunca escutei alguém dizer que eu era um bom jogador." Em seguida ainda disse que achava um absurdo que Shane Doan não tenha vencido nessa "categoria". Esse é o Avery que conhecemos.

Brad Richards ficou em segundo; até aí, nada de mais, só que, dos 16 votos que o representante dos Bolts recebeu, 14 vieram de um mesmo time. A única coisa que a THN deixou escapar é que essa equipe é da Conferência Leste. Eu seria capaz de empurrar um torcedor do Toronto Maple Leafs em um precipício para descobrir que equipe é essa que tanto odeia Richards. Ei, espere, eu não precisaria de um motivo como esse para empurrar um torcedor do Toronto Maple Leafs em um precipício!

O resultado de algumas outras perguntas poderia ser enviado para Gary Bettman, assim ele veria que os jogadores, em sua grande maioria (89%), gostariam de atuar mais contra times de outras conferências e que instalar gols maiores é uma idéia estúpida (desaprovada por 84% dos votantes).

Já outros não deveriam ser sequer divulgados. Quando perguntaram por qual time gostariam de atuar, excetuando o seu atual, lógico, 14,4% deles disseram Maple Leafs. Nada de mais, considerando-se que vem de Ontário a maior parte dos atletas da NHL e é sempre bom poder atuar pelo time pelo qual você provavelmente sofreu quando menino. A grande maçã, Nova York, fascina pelos seus encantos, e, basicamente por isso, 12,3% escolheriam os Rangers. Talvez Osama Bin Laden possa mudar essa opinião novamente — antes que me critiquem, eu não torço para que isso aconteça! Completa o pódio o Detroit Red Wings.

Segundo a mesma pesquisa, o Edmonton Oilers é uma franquia de que poucos atletas gostariam de fazer parte. Um motivo: Craig MacTavish. Outro motivo: o frio quase ártico de Edmonton. Apenas um jogador respondeu Oilers, mesmo número de atletas que gostariam de vestir as cores do Carolina Hurricanes. Em um palavrão: Peter Karmanos! Mas algumas equipes sequer receberam votos. Obviamente o New Jersey se encontra nessa lista.

A Joe Louis Arena é a arena mais complicada para se obter um resultado positivo frente aos donos da casa, de acordo com a turma da NHL. O Pengrowth Saddledome vem em segundo e o glorioso Bell Centre em terceiro. Eu não entendo como uma arena (JLA) em que os torcedores usam pompons pode ser considera mais hostil do que uma (BC) em que ninguém usa. Sei que pode parecer algo sem importância, mas pompons são coisa de programa infantil. Você me respeitaria se me visse com pompons nas mãos em um jogo de hóquei? Obvio que não, e isso jamais aconteceria. Sou completamente anti-pompons.

Essa pesquisa da THN está sendo bem comentada por aqui, mas não tanto quanto as manchetes que falam sobre os dois maiores times do país. E isso é muito justo. Por isso mudo o foco da minha conversa.

O assunto predominante aqui nos últimos dia é o último Hockey Night in Canada do ano, quando veremos um confronto entre Montreal Canadiens e Toronto Maple Leafs, que pode decidir qual dos dois rivais avança à pos-temporada e qual deles vai chorar suas mágoas em um maldito campo de golfe.

Mas isso será no sábado, porque na quinta-feira os times vão enfrentar os dois representantes de Nova York: os Canadiens estarão em Manhattan, e os Leafs, em Long Island. E, dependendo do que acontecer por lá, existe a chance de o tão comentando dérbi do final de semana não servir para muita coisa.

Os Habs vêm quentes, mas isso perto de sua torcida, e agora terão que encarar um Madison Square Garden cheio e excitado com a possibilidade de ver os Rangers carimbando sua passagem para os playoffs. Para isso acontecer, basta levar o jogo para a prorrogação. Já para os Habs garantirem sua vaga hoje, terão que vencer os Rangers e torcer para os Islanders derrotarem os Leafs. Se essa última possibilidade acontecer, os Rangers também se classificam, mesmo se forem derrotados no tempo regulamentar pelos Habs.

Mas se o roteiro perfeito, traçado pela CBC, acontecer, os times canadenses vencerão hoje, fazendo com que no próximo sábado tenhamos um clássico com a importância monumental de outrora.

Ah, antes de me despedir, digo que nunca fui um grande fã do Claude Julien, ex-treinador Habitant e recém-desempregado. Mas foi lamentável ver o que aconteceu com ele em New Jersey. Mas uma coisa é certa: nem a pau Lou Lamoriello (versão treinador) leva esse time dos Devils ao título. Se isso acontecer, mudo meu nome pra Celine Dion.

Jacy Borreaux saúda os cinco anos da TheSlot.com.br e diz que gostaria de ter participado da confraternização da equipe. E ele também se orgulha de ser o primeiro colunista de hóquei do mundo a usar a palavra esfalfados em uma matéria.
Fonte: TheHockeyNews.com
A revista The Hockey News orgulhava-se de seu predomínio absoluto nos lares dos fãs de hóquei no gelo em todo mundo. Até que surgiu a publicação abaixo...
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Página publicada em 4 de abril de 2007.