Por: Eduardo Costa

Impossível não notar similaridades entre essa e a última temporada Habitant. Uma primeira metade muito produtiva, seguida de um restante um tanto conturbado. Assim foi a versão 2005-06 do tricolor da bela província.

Nessa temporada estamos vendo o mesmo filme, só que com contornos bem mais trágicos. É como o Titanic, mas com a Preta Gil no lugar da Kate Winslet.

Com Cristobal Huet impecável, Sheldon Souray dominante nas situações de vantagem numérica e o treinador Guy Carbonneau impondo seus conceitos e idéias, o time chegou ao Natal com a quarta posição da Conferência Leste. A partir daí, a nau de Montreal começou a navegar em mar revolto, até perder o rumo.

Uma epidemia de gripe que atingiu o elenco e o drama pessoal do gerente geral Bob Gainey — que perdeu sua filha em um acidente marítimo — também entram no pacotão de más notícias dos últimos dois meses. Mas o problema tem raízes profundas e estava apenas esperando para vir à tona.

A posição de central é uma carência que só se agravou com a saída de Mike Ribeiro. Apesar de ser um sanguessuga de primeira e um jogador sem raça, Ribeiro pelo menos tinha seus lampejos de craque. O Montreal o despachou em troca de Janne Niinimaa, ou seja, mandou pouca coisa em troca de nada. E um nada com um salário indigesto. Niinimaa assistiu a maior parte dos jogos dos Canadiens da arquibancada, mesmo estando saudável.

Por falar em remuneração acima da realidade, chegamos à aposta mais equivocada da gestão Gainey até agora: Sergei Samsonov. A exemplo de Niinimaa, Samsonov também vem ocupando os assentos destinado aos torcedores no Centre Bell. Está certo que o russo teve boa parcela no sucesso dos Oilers na última pós-temporada, mas não foi nada que justificasse um salário anual de US$ 3,5 milhões, que é o que ele recebe dos Habs.

Recentemente, Samsonov disse publicamente que prefere sair a continuar sendo descartado por Carbonneau. Legal! Agora falta só achar um time com coragem — e folga no teto — para assumir um contrato desse valor de um atleta que não vem jogando nada. Ele foi colocado na desistência e ninguém se mostrou muito interessado. Se alguém deve ter sua culpa eximida aqui é o treinador. Carbonneau testou Samsonov em diversas linhas. E deu tempo para que os trios dessem certo. Até mesmo uma com seus companheiros de seleção russa, Alexei Kovalev e Alexander Perezhogin, foi testada. O elo fraco do trio foi Samsonov.

Já que toquei no nome de Perezhogin, todos sabem como a flecha das estepes tem alto conceito aqui nos inóspitos corredores de TheSlot.com.br, então quando vi que ele... quando vi que... desgraça... me perdoem leitores, é muito difícil dizer isso, mas Perezhogin... é complicado digitar quando suas lágrimas ensopam o teclado... mas eu preciso continuar. Que seja pelo meus três leitores. Mas será que eles merecem? Que seja então pela Ana Hickmann! Sim! Pela Ana Hickmanm eu posso tentar! Bem, Alexander Perezhogin virou moeda de troca em Montreal e também foi descartado em algumas partidas nessa temporada. Isso é brutal. Até Michael Ryder, costumeiro freqüentador da primeira linha do time, já vê seu nome envolvido em boatos de trocas.

Como se falta de profundidade ofensiva e os péssimos resultados desde janeiro não fossem suficientes, nos últimos dias o time perdeu seu goleiro número um e jogador mais habilidoso. Isso mesmo, Cristobal Huet, por tempo indeterminado, e Alexei Kovalev, de duas a três semanas, estão no departamento médico.

Sem eles, Montreal até fez uma apresentação decente contra os Hurricanes, na partida de sábado. Conseguiu chutar 45 vezes contra a meta adversária, uma marca notável em comparação com os jogos anteriores, mas continuou sua sina de perder para os Hurricanes, que, também com sérios desfalques — os mais notáveis Cory Stillman, Eric Cole, Bret Hedican e Justin Williams —, teve a ajuda do impreciso goleiro habitant, David Aebischer. O 5-3 adverso foi a sexta derrota seguida dos Canadiens, o que fez com o próximo embate, contra o Columbus Blue Jackets, ganhasse ares de pós-temporada.

Sem poder contar com Huet enquanto Aebischer honra os famosos queijos de seu país de origem, Carbonneau fez uma aposta arriscada: trouxe do filiado habitant na AHL o goleiro eslovaco Jaroslav Halak. Em seu primeiro jogo na NHL, o jovem de 21 anos foi seguro na vitória por 3-2. Halak é apenas o terceiro goleiro da gloriosa Eslováquia a atuar na maior das ligas, seguindo os passos de Peter Budaj e Rastislav Stana.

Quem voltou a marcar foi Saku Koivu, seu 17.º gol na temporada. Esse tento, para ilustrar a má fase do capitão, foi apenas seu segundo nos últimos 24 jogos. TheSlot.com.br até tentou entrevistar Koivu após sua atuação em Ohio, mas apesar de termos colocado o nome dele no nosso parque gráfico não conseguimos. Não tem problema, o pessoal da Gazeta de Montreal teve acesso ao vestiário e aqui estão as palavras de sabedoria de Saku Koivu. Todos de pé:

"Fizemos o que supostamente deveríamos ter feito aqui — em Columbus —, mas foi apenas um jogo, temos que fazer da vitória um hábito constante". Bem, pelo menos foi isso o que entendi, mas vai saber, esses cursos de Inglês de duração de cinco meses e que custam R$ 45 podem não ser tão confiáveis...

A vitória pode ter sido anêmica e contra um rival débil, mas foi o suficiente para encostar nos rivais de toda a vida, o Toronto Maple Leafs, ganhar fôlego para voltar a fazer parte do grupo dos oito do Leste que vão à pós-temporada e para evitar uma sétima derrota consecutiva, que se tivesse acontecido teria feito esse elenco igualar uma medonha marca alcançada pela última vez na longínqüa temporada 1939-40.

O próximo confronto será contra o Washington Capitals, que sem Olaf Kolzig e contando com um Alexander Ovechkin pouco inspirado ultimamente, é um rival perfeitamente vencível. Sem falar que perder pontos para equipes consideradas fracas não é mais uma opção válida para o tricolor. E mesmo que essa vitória contra os Caps venha, Montreal continuará a ter carências latentes. É preciso que o gerente geral Gainey busque um central o mais rápido possível. È preciso que Koivu e Ryder guiem os novatos. É preciso que o espírito de Vezina paire sobre Aebischer e Halak; e o mais importante, é preciso que alguém ponha um fim na existência desse tal de Edu Ribeiro (?). Não agüento mais essa porcaria de "Me namora...".

Para finalizar, é muito difícil visualizar os Canadiens levantando a 25.ª Copa Stanley ainda nesse ano, mas ficar de fora da pós-temporada depois de um começo promissor provavelmente marcaria o fim da era Saku Koivu na franquia. E perder o capitão logo quando o centenário bate à porta seria desumano.

Eduardo Costa torce pelo HIFK Helsinki.
Jay LaPrete/AP
Que estréia ! Halak impede que o chute de Alexander Semin acabe em gol.
(18/02/2007)
Ryan Remiorz/AP
A decepção: Sergei Samsonov recebe um afago de Wade Redden. Apenas oito gols do moscovita na temporada.
(10/02/2007)
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Página publicada em 21 de fevereiro de 2007.