Por: Alexandre Giesbrecht
Olhando para a classificação da Conferência Leste, começo a questionar as chances de os Hurricanes defenderem seu título. No sábado, eles perderam, na prorrogação, para os Bruins em casa. Logo os Bruins, que, não fosse por essa vitória seriam os lanternas do Leste — sim, estou desconsiderando os Flyers; aquilo não conta. Com esse resultado, os Canes passaram a 0-3-1 em seus últimos quatro jogos e 5-7-3 nos últimos 15. Na terça-feira, eles deram um suspiro que os levou, ao menos momentaneamente, de volta ao grupo dos 8, com a vitória sobre os Canadiens por 2-1 em Montreal. O time de Rod Brind'Amour estava precisando de uma vitória dessas: a última sobre um adversário que estaria nos playoffs foi no ano passado (4-2 sobre os Ducks, em 29 de dezembro).

Não que essa volta tenha animado muito a torcida. Os recentes infortúnios do Carolina colocaram-no em uma situação perigosa. O time tem um ponto a mais que os Leafs, mas também dois jogos a mais. Há desvantagem também em relação ao décimo colocado, o New York Islanders, que tem quatro pontos a menos, mas seis pontos a mais por disputar. Os Rangers, na 11.ª posição, não estão muito atrás.

Moral da história: se os Hurricanes não se recompuserem, e rápido, vão ter de assistir aos playoffs pela televisão. E vocês sabem que não é muito fácil achar a NHL na televisão. Tudo bem, em Raleigh até é um pouco mais fácil, mas a chave dessa frase é "um pouco".

O gerente geral Jim Rutherford parece estar a par da situação. Ele não tem saído do telefone, à procura de uma negociação que dê uma nova vida ao seu time. De acordo com várias fontes, Rutherford está entre a dúzia de clubes que está atrás de Peter Forsberg. Talvez ele possa oferecer o prospecto defensivo Jack Johnson ao Philadelphia. Aí, quem sabe, Forsberg pode vir. Ahn, o quê? Johnson foi para o Los Angeles em outubro? Então, nada feito. (Não que trocar Johnson por Forsberg seja uma decisão sábia, mas Rutherford teria uma bela carta na manga se não tivesse se precipitado diante da decisão do zagueiro de ficar no mínimo mais um ano na universidade. É que, neste instante, ele não tem nenhum prospecto atrativo o suficiente para conduzir uma negociação.)

Faltam apenas oito jogos para os Canes antes do dia-limite de trocas, no próximo dia 27. Se Rutherford não conseguir alguma coisa, seus principais jogadores (Rod Brind'Amour, Eric Staal, Erik Cole e Cam Ward) terão de fazer um esforço extra. A recente volta do veterano defensor Bret Hedican deve ajudar. Ele ficou de fora de 12 jogos por causa de uma contusão no dedo. Outra volta que poderá ajudar é a do também zagueiro Frantisek Kaberle, mas ainda não há previsão de quando isso acontecerá. Ele está fora desde que foi operado, durante a pré-temporada, para resolver um problema no ombro. Desde 15 de janeiro, ele já está liberado para contato nos treinos, mas ainda não se sente à vontade para voltar a jogar. Se tudo der certo, ele deverá estar de volta até o fim do mês.

No ataque, o Carolina adoraria ver uma recuperação do central Staal, que não está produzindo tanto quanto na última temporada. São apenas 23 gols e 47 pontos (além de um mais/menos de -9) em 55 jogos. Um ano atrás, ele fechou a temporada regular com 45 gols e cem pontos. Não há dúvida que ele ficará longe de tais números em 2006-07.

Numa liga competitiva como a NHL, cada time precisa de toda a vantagem que puder conseguir. Isso parece não ter faltado aos Hurricanes na temporada passada. Só que, nesta temporada, depois de conquistar o Santo Graal do hóquei, a magia parece ter acabado. "Magia" é até uma boa palavra neste caso, porque é difícil explicar qual é o problema, embora seja fácil perceber que há alguma coisa errada. Os atacantes Martin St. Louis e Brad Richards, do Tampa Bay, expressaram uma sensação parecida a respeito do Lightning na temporada passada. Àquela época, eles achavam que estavam se esforçando ao máximo, tal como fizeram na campanha do título em 2004. Só que depois perceberam que, na verdade, estavam era esperando que alguma coisa boa acontecesse sem o mesmo esforço. Como que por... "magia"!

É bem possível que seja isso que acontece na Carolina do Norte.

Toda ajuda agora é bem-vinda. Até a do presidente dos EUA, o polêmico George W. Bush. Os Hurricanes, como atuais campeões, seguiram a tradição e foram visitá-lo na Casa Branca e presentearam-no com uma camisa do time com "Arbusto" escrito às costas — por coincidência, "Arbusto" é "bush", em inglês. Será que agora a CIA vai começar a influenciar algo a favor do ex-Hartford Whalers? Eu não contaria com isso, mas um pouco de relações públicas não vai prejudicar.

Os Canes têm mais 26 partidas por jogar. É tempo o suficiente para dar a volta por cima. Eles conseguirão? Durante a maior parte da temporada, eu achei que eles conseguiriam. Mas agora começo a ter minhas dúvidas.
Alexandre Giesbrecht, 30 anos, acabou de ler "Viagens com o Presidente", uma leitura interessante.
Karl B. DeBlaker/AP
Erik Cole e seus Hurricanes caíram frente ao Boston e vão se complicando na classificação.
(03/02/2007)
Mitchell Layton/Getty Images
Brind'Amour presenteia o presidente dos EUA com uma camisa do time, onde se lê "Arbusto".
(02/02/2007)
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Página publicada em 7 de fevereiro de 2007.