Quem acompanhou, de perto ou de longe, jamais esquecerá. Foi
um pandemônio, uma balbúrdia. E tudo em nome do hóquei.
Mulheres perdendo a linha, cataratas de cerveja e até mesmo vandalismo
se tornaram a lógica conseqüência de um período
glorioso de nossa existência.
Mas, por mais que pareça, não estou falando sobre a confraternização
da redação da TheSlot.com.br, motivada pelo sucesso colossal
da edição
142 — a que celebrou a sapiência de Darius
Kasparaitis —, em um concorrido prostíbulo paulistano,
no último domingo. Refiro-me ao que acontecia dentro —
e, principalmente nas adjacências — do Rexall Place, em
Edmonton, durante os dois meses finais da última temporada, período
esse que viu a cidade voltar, momentaneamente, a um patamar de respeitabilidade
que não vivia desde o fim dos anos 90. O Rexall Place tremia
até mesmo durante a execução do hino canadense,
e ruas eram tomadas pela insanidade coletiva até altas horas.
Como logo após eles eliminarem os Red Wings, na sexta partida
das quartas-de-final do Oeste.
Porém, como nosso nobre leitor se recorda muito bem, tudo isso
terminou com um sabor agridoce. Amargo por ter chegado tão perto
e não ter concretizado a façanha; por ter ficado a 60
minutos da tão sonhada sexta Copa Stanley. Doce pela inesperada
campanha, pelo arranque final, pela integração entre time
e torcida.
Após o fúnebre final da longa corrida, veio mais uma decepção.
Durante a entressafra da NHL, Chris Pronger mudou de endereço.
Isso foi brutal para a metade azul da província de Alberta. A
atitude de Pronger abriu uma ferida que talvez jamais cicatrize no torcedor
petroleiro. Já faz um bom tempo que isso aconteceu, mas gostaria
de voltar um pouco a esse obscuro assunto. Até porque Pronger
passou a ser um péssimo exemplo para nosso leitores, em especial
os mais jovens, ainda em processo de formação de caráter.
Após uma pós-temporada brilhante — 21 pontos e uma
média impressionante de 30:57 de tempo de gelo —, Pronger
fez à direção dos Oilers um imperial pedido de
troca. E tudo por quê? Porque sua esposa não gostou de
Edmonton! A Sra. Pronger exigiu, e o grande defensor, submisso como
um poodle de madame, buscou uma nova equipe. Ora, é evidente
que apreciamos as mulheres da mesma forma que estimamos hóquei
e cerveja, mas, em se tratando do esporte que amamos, a única
coisa de que elas podem participar é o ato de manter nossos canecões
de cerveja sempre cheios, para que nenhuma ação do nosso
passatempo favorito seja perdida com idas e vindas à cozinha.
Mas Pronger ignorou que é descendente do rústico Homo
sapiens, tendo, portanto, respaldo genético para não
acatar imposições vindas do sexo oposto. E, com isso,
até hoje os Oilers agonizam.
Essa perda significativa, combinada com a saída do cumpridor
Jaroslav Spacek, vem resultando num quadro que já era previsto
antes do início desta temporada: uma defesa sem força
ofensiva, que colabora muito pouco com a equipe de vantagem numérica
e que ainda não está madura o suficiente. É inegável,
porém, que o time de Alberta conseguiu um belo pacote em troca
de Pronger, mas não suficiente para garantir um hoje seguro.
Um dos valores que veio dos Ducks foi o defensor Ladislav Smid. Escolha
de primeira rodada (nona geral) em 2004, Smid tem tamanho e ótimo
controle de disco, mas ainda está a algumas temporadas de chegar
a ser um defensor número 1. Smid necessitaria ter à sua
volta um zagueiro que lhe ensinasse os atalhos para encurtar as distâncias
entre ser um ótimo prospecto e uma realidade. O capitão
Jason Smith, que seria a escolha óbvia para um par interessante,
não vem contribuindo nem mesmo para salvar sua própria
pele, sendo massacrado constantemente pela imprensa local.
Marc-André Bergeron é outro zagueiro relativamente novo,
que, quando ganhava minutos ao lado de Pronger, cumpria com seu papel,
mas agora, fazendo dupla com o pífio Matt Greene, erra constantemente
e em momentos cruciais, como recentemente, contra o Vancouver Canucks,
quando bobeou na frente de Markus Naslund, deixando-o na boa para fazer
o gol da vitória do time da Colúmbia Britânica.
Para quem tem boa memória, Bergeron também foi aquele
indivíduo que se atrapalhou sozinho com o disco, contra o Dallas
Stars, deixando Patrik Stefan com gelo livre e gol vazio. Só
que, como era Stefan, o bizarro aconteceu.
Com a necessidade elementar de adquirir de um zagueiro com um curriculum
vitae decente, não é de se estranhar que o gerente geral
Kevin Lowe esteja acampado na porta do GG do Boston Bruins, Peter Chiarelli.
Como o amigo leitor deve ter conferido na última edição,
a coluna do judicioso (sempre) e sóbrio (quando?) Humberto Fernandes,
fala sobre a
renovação do contrato de Brad Stuart com os Bruins,
que tem tudo para virar uma novela mexicana. E, se eles não chegarem
a um acordo, os Oilers têm atacantes disponíveis e certa
folga no teto salarial para bancar uma troca com o time de Boston.
E é bom, caso esse plano não se concretize, que exista
um plano B. A TheSlot. com.br, utilizando seu caráter humanitário,
indica o Toronto Maple Leafs, que pode se desfazer de um de seus três
caros defensores — Bryan McCabe, Tomas Kaberle e Pavel Kubina.
Mas, para provar que filantropia é mesmo uma das qualidades Thesloteanas
mais latentes, alertamos Lowe que evite Kubina, que, na verdade, não
é nem metade do que os analistas apregoavam e tem um contrato
de cifras obesas.
Essa necessidade urgente de um defensor derruba a teoria, defendida
por muitos antes de a atual temporada começar, de que, com o
ataque que possuem, os Oilers chegariam ao dia-limite de trocas em uma
situação confortável na tabela. Shawn Horcoff,
Ryan Smyth, Ales Hemsky, Jarret Stoll, Joffrey Lupul, Petr Sykora, Raffi
Torres, Ethan Moreau e Fernando Pisani compensariam a defesa inexperiente.
Sem dúvida, trata-se de um fronte com poder de destruição
comparado até mesmo com o dos integrantes da TheSlot. com.br
encostados em um balcão de bar qualquer. Mas esse grupo respeitável
de atacantes vem enfrentando um monstro terrível, peçonhento
e intrépido, um monstro que se apoderou da maioria deles: a inconsistência.
Um belo exemplo é Sykora, que começou a temporada ocupando
a primeira página dos diários locais, cortesia de uma
superprodução. Hoje, Sykora está mais perto das
páginas do obituário do que das manchetes esportivas.
E, o que é pior, a maior parte dos atacantes citados acima está
rendendo ainda menos justamente contra os rivais de divisão.
Com a NHL absurdamente (novidade?) destruindo o bom senso e adotando
a política dos 300 jogos entre times da mesma divisão,
os pontos disputados entre esses times valem muito ao final da temporada
regular. E, dos últimos dez confrontos com os rivais diretos,
os Oilers haviam vencido apenas um. Isso até enfrentarem o Colorado
Avalanche em Denver, no último sábado.
O treinador Craig MacTavish fez os jogadores encararem essa partida
como um legítimo jogo de playoffs. Uma derrota significaria um
abismo entre eles e o dono do oitavo posto até agora (Minnesota
Wild). O mesmo cenário também valia — e ainda vale
— para o time de Denver, que também tentava — ainda
tenta — encurtar a distância que o separa do time de Jacques
Lemaire.
O recado de MacTavish foi entendido e, assim como na pós-temporada
de 2006, contou com a colaboração de Dwayne Roloson, que
foi fundamental, tendo uma atuação alentadora na vitória
por 3-2, em especial no terceiro período. O Avalanche até
chegou mais, deu 39 chutes, levando 28. Os 32 trancos da partida também
colaboraram para a atmosfera de jogo decisivo.
Para iludir um pouco mais, três peças ofensivas que têm
que chamar a responsabilidade nos momentos ímpares assim o fizeram:
Ryan Smyth, Shawn Horcoff e Ales Hemsky foram os autores dos três
gols que vazaram Peter Budaj. Três gols que ilustraram uma vitória
que poderia ter servido como um divisor de águas para o Edmonton.
Poderia, porque na terça-feira eles voltaram a perder para os
Canucks.
Atuando em casa e contra outro rival direto pela oitava vaga, o Edmonton
abusou da indisciplina e teve em Torres o vilão da noite. Durante
dois momentos em que estavam em desvantagem numérica de um homem,
os Oilers cometeram outra penalidade. Em ambas, cortesia de Torres.
Situações de cinco contra três que foram aproveitadas
pela equipe de Vancouver. O prejuízo petroleiro só não
foi maior porque o Minnesota Wild também terminou a noite sem
somar pontos.
Nessas duas últimas partidas analisadas, ficou evidente a má
fase de Lupul. O jovem atleta, que, assim como Smid, também veio
na troca que mandou Pronger para os Ducks, chegou com status de goleador,
ganho durante a última pós-temporada, em especial quando
empalou o Colorado Avalanche com seus quatro gols no terceiro jogo da
série. Lupul, nativo de Edmonton, pouco fez para justificar essa
fama, e atritos com as vacas sagradas do elenco só fizeram com
que sua confiança desaparecesse de vez. Como todos sabemos, um
jogador de hóquei sem confiança é como redator
da TheSlot. com.br sóbrio: simplesmente não produz.
Outra novela em potencial tem como protagonista a alma da franquia,
Ryan Smyth.
O líder do time em pontos (45) e gols (27) está de olho
no último grande contrato de sua carreira e, como não
é mais um garoto, não deve colocar valores emocionais
no prato correspondente aos Oilers na balança. Ou seja, vai pedir
alto para continuar em Edmonton. As negociações já
começaram, e Smyth já tem sobre a mesa a primeira oferta.
Tudo de que os Oilers não precisam é essa novela se tornando
longa e cansativa, contribuindo também para mais resultados negativos
dentro dos rinques.
E pensar que ainda temos na retina a imagem daquele Rexall Place que
pulsava forte nos últimos meses da última temporada. Esta
atual versão dos Oilers praticamente está sem pulso, à
espera de um final trágico, tal como Capitals em 1999, Hurricanes
em 2003 e Ducks em 2004. Equipes que, um ano após ter perdido
as finais da Copa Stanley, sequer terminaram entre as oito melhores
de suas conferências.
Jason Scott/CP/AP Taylor Pyatt vence Dwayne Roloson e sai pro abraço. Derrotas para rivais de divisão têm sido uma constante dramática para os Oilers nesta temporada. Notem também a presença inútil do freezer Petr Nedved, à direita, no lance. |
Richard Lam/CP/AP Dias antes, o mesmo adversário e as mesmas frustrações. Aqui, Joffrey Lupul (15) é atingido por Willie Mitchell. O ex-Ducks é uma das maiores decepções desta temporada. |
Arquivo pessoal (inveja?) Numa sociedade justa e normal, as mulheres têm importância fundamental, como esta beldade, que serve o néctar sagrado aos integrantes da TheSlot.com.br enquanto assistíamos a Los Angeles Kings x Calgary Flames. Mas, no mundo de Pronger, quem manda é a patroa. Azar dos Oilers. |