Estou de volta após muito tempo, um recesso não intencional. Não sei
se alguém sentiu falta, mas terão que me agüentar com mais freqüência
nos próximos tempos. E, claro, o assunto sobre o que vou falar, e creio
que ninguém sentiu falta também, é o New York Rangers. Para aqueles
que reclamaram que apenas algumas equipes são analisadas pela TheSlot.com.br,
bem, dos Rangers ninguém pode falar muita coisa, já que eu não vinha
escrevendo sobre eles.
Na temporada passada os Rangers finalmente voltaram à pós-temporada,
após uma ausência gigantesca. Má gerência, jogadores muito caros produzindo
pouco, pratas da casa sendo mandados embora por medalhões improdutivos.
Enfim, nenhuma reconstrução, mas também nenhum jogador de valor, até
que Jaromir Jagr veio para Manhattan. Eu fui um dos que mais adorou
esta troca, pois sei que o tcheco não é o tipo de jogador que dá trabalho,
como um Eric Lindros ou um Theo Fleury, e produz. Aliás, produz muito.
A partir de Jagr, Glen Sather construiu uma equipe em torno dele, trazendo
o escudeiro Martin Straka e o subvalorizado central Michael Nylander.
Os três juntos formam uma das melhores linhas da NHL. Jagr terminou
em segundo lugar em pontos na temporada passada e a equipe terminou
varrida pelos Devils na primeira rodada da pós-temporada. Avanços? Na
teoria, sim.
Aquela equipe era formada por essa primeira linha, mais um monte de
jogadores esforçados, como a surpresa Petr Prucha, Michal Roszival (que
teve a melhor temporada de sua carreira), Steve Rucchin, além de Martin
Rucinski e Petr Sykora, que participaram de partes da temporada, mas
que trouxeram bons números para a equipe. Para muitos, com a adição
de nomes como Brendan Shanahan, Matt Cullen e Adam Hall, a equipe nova-iorquina
finalmente desafogaria a primeira linha e teria uma segunda unidade
que contribuiria. Mas, aqui começa mesmo meu artigo.
Shanahan tem marcado gols, isso é fato. Tem 27, mas quem acompanha sua
temporada, sabe que ele começou com tudo, liderando a liga por várias
rodadas e, de repente, começou a parar. Importante: 13 de seus gols
são em vantagem numérica, numa linha que ele joga com Jagr, Nylander
e Straka. Ou seja, apenas 14 desses são com outros companheiros de linha.
Nas últimas rodadas, parece que a linha dele com Cullen e Prucha tem
jogado melhor, mas ainda não é o suficiente para evitar que a linha
de Jagr seja perseguida no gelo. Aliás, Jagr também vinha liderando
a pontuação, mas é visível que todo o time sofreu uma queda de produção,
exatamente por ter apenas uma linha perigosa.
Um outro ponto importante: além de Marek Malik e do ainda surpreendente
Rozsival, a defesa tem se portado horrorosamente. Os Rangers trouxeram
Aaron Ward do campeão Carolina Hurricanes a preço de ouro, repatriaram
o obscuro Karel Rachunek, mas de nada adiantou. Até o grande prospecto
defensivo da equipe, Fedor Tyutin, está tendo uma péssima temporada.
Isso, é claro, sem falar no sempre tão temido Darius Kasparaitis que,
incrível, foi passar uns dias no Hartford Wolfpacks, sendo até mandado
para a desistência, mas ninguém o quis. Claro, isso por
conta de seu salário enorme.
Aí, vamos entendendo porque a equipe está em 11.º primeiro lugar no
Leste e cada vez mais caindo, mais distante da zona de classificação.
Porém, para mim, o grande fator atende por Henrik Lundqvist. Porque
é fácil sempre culpar a defesa. É algo que eu sempre fiz, quando Mike
Richter ainda era o goleiro blueshirt. Mas o sueco-sensação provou
que não precisava de grande coisa à sua frente para brilhar e conduziu
a equipe até a pós-temporada, com números e atuações fantásticas. Parecia
que finalmente a equipe tinha encontrado um goleiro que poderia ganhar
sozinho vários jogos, assim como Tomas Vokoun, por exemplo, fez algumas
temporadas atrás com o Nashville Predators. Aí, como sempre acontece
com todo e qualquer "segundanista", ele começou pessimamente a temporada.
Sim, horroroso. Percentual de defesas menor que 90%, após os 92,2% da
temporada passada. Melhorou alguma coisa nos últimos jogos, mas ainda
assim, não está fechando o gol como antes. É justo culpar o goleiro?
Não, mas esperava-se muito de Lundqvist para esta temporada.
Bem, o que têm os Rangers que fazer, então? Pra começar, continuar a
investir na garotada, especialmente com o central finlandês Jarkko Immonen,
que tem as qualidades para ser o central que Shanahan precisa. Além
dele, os promissores Daniel Girardi e Nigel Dawes. Tá, mas até a garotada
desenvolver, precisa-se de outro plano. Claro, eu já pensei nisso. Uma
coisa a ser feita é trazer alguém que realmente produza ou que ao menos
dê uma segunda opção visível. Então, Glen Sather traz (som de tarol)
Sean Avery! Sim, o desbocado, enérgico e porradeiro Sean Avery! Não
acho ruim, não. Mas conversando com Humberto
Fernandes ontem, ele me apontou algo importante: os prospectos envolvidos
na troca. À primeira vista, Avery por Jason Ward é uma troca ótima para
os Rangers. Mas talvez não seja, no longo prazo. Avery traz energia,
algo que realmente faltava. Porém, mandando dois jogadores de futuro,
como Marc-Andre Cliche e Jan Marek por John Seymour, acaba não fazendo
muito sentido. Claro que, para agora, Avery vai com certeza incendiar
a equipe, que realmente precisava de um agitador que ainda saiba pontuar.
Entretanto, mais pra frente, sei não, acho que vamos nos arrepender.
Ou seja, ainda não tivemos a necessidade de um jogador pra jogar com
Shanahan atendida. Aí, estou eu lendo alguns rumores, e o que vejo?
Aliás, dois rumores impressionantes: a possibilidade de Brian Leetch
voltar e (pausa para o engasgo), Keith Tkachuk sendo sondado. Meu Deus.
Lembram como comecei este artigo? Falando sobre veteranos caros e que
não produziam nada? Tá, pode ser que Tkachuk clique com Shanahan. Mas
fico imaginando os dois numa mesma linha, disputando quem chuta mais
a gol. Na verdade, o problema mesmo é se sobra espaço no gelo para 12
patinadores com os egos desses dois entrando ao mesmo tempo no rinque.
O mesmo boato de Tkachuk fala também sobre dois outros jogadores que
fariam mais sentido: Bryan Smolinski (sou fã dele) e Josef Vasicek (que
nem sei como vem jogando). Não faz sentido trazer mais um tiozão caro
e que com certeza iria custar uma penca de escolhas no recrutamento,
além de prospectos, para jogar o final da temporada e depois ir para
o mercado, deixando a equipe de mãos abanando. Sobre o Leetch, sem comentários.
Sou fã dele, mas voltar pra o New York Rangers? Sinceramente, não. Muito
obrigado pelos serviços prestados, mas chega de veteranos. Como comentei
com alguém esses dias, o mais novo da linha 1 dos Rangers tem 34 anos.
O que me preocupa é que o elenco atual não está nem próximo de uma classificação
à pós-temporada. Se trouxermos mais veteranos, talvez consigamos chegar
numa segunda rodada, mas não temos força para rivalizar com equipes
como o New Jersey Devils, o Atlanta Thrashers ou o Buffalo Sabres. Gastaríamos
escolhas e prospectos por jogadores, mas ainda assim não estaríamos
nem próximos do título. Falta um defensor de qualidade à equipe e mais
um atacante. Mas será que precisa ser Leetch ou Tkachuk?
Mary Altaffer/AP Quem te viu, quem te vê: Henrik Lundqvist está acostumando a levar desses. |
Mike Carlson/AP Videocassetada. Após uma temporada surpreendente, os Rangers estão se resumindo a isso agora. |