São cada vez menos. Estão cada vez mais distantes.
Foi-se o tempo em que a torcida do Chicago Blackhawks era conhecida
por seu fanatismo e pelo barulho que fazia. Sua antiga arena —
o hostil e acanhado Chicago Stadium — não raro balançava
durante momentos de grande excitação. Sempre abarrotado por gente
do povo, trabalhadores com proeminentes panças de cerveja e com
disposição para xingar até a quinta geração da família de árbitros
e adversários. Até mesmo quando a reservada e fria arena United
Center virou a casa do cacique, em janeiro de 1995, públicos acima
dos 20 mil eram uma constante. Eram.
Então, os preços dos ingressos elevaram-se absurdamente. O investimento
feito na bilheteria não foi proporcional ao que foi feito pela organização
na equipe e, progressivamente, o cenário foi se agravando, até termos
o trágico panorama atual. O torcedor sofre no bolso (pagam, em média, US$ 50 para acompanhar sua equipe, o oitavo ingresso
mais caro da NHL) e na paixão, já que convive há uma década
com resultados mesquinhos no gelo, com a saída de ídolos, contratações
sem nexo e um descaso desumano que vem do topo da hierarquia da
organização.
A TheSlot.com.br, tal qual urubu em busca de uma suculenta e fétida
carniça, dá um vôo rasante nessa crise que já dura um bom tempo
e expõe a agonia do time da terceira maior cidade dos Estados
Unidos. Não vamos sequer precisar fazer uma viagem longa no tempo,
embora seja bom lembrar que desde 1961 o time não vence a Copa
Stanley, o que constitui o maior jejum atualmente na NHL.
A última série de playoffs que o time venceu foi em 1996 — contra
os Flames —, e, de lá para cá, os Hawks venceram apenas um
jogo de pós-temporada, contra os Blues, em 2002. Aliás, essa foi
a única aparição do Chicago nos playoffs nos últimos nove anos.
Por algumas dessas temporadas, o craque do time foi Eric Daze.
E quando o melhor jogador do seu time é tão somente o frágil e
inconsistente Daze você sabe que há algo de podre no ar.
Com tantos fracassos e o alto custo já citado de se assistir a um
jogo, o United Center anda tão vazio quanto as sextas-feiras em
Brasília. Cansados, muitos torcedores agora seguem firme as patinadas
do Chicago Wolves — afiliado ao Atlanta Thrashers —,
que tem uma das melhores médias de público da AHL.
A Allstate Arena, casa dos Wolves, inclusive já
teve, em 29 de fevereiro de 2004, mesma data em que os Hawks atuavam
em Chicago contra os Panthers, um público maior do que
o presente à partida do vizinho mais famoso. A indiferença, um
dos sentimentos mais terríveis que um ser vivo pode sentir, também
vem crescendo em relação a uma das franquias mais antigas da NHL.
O vilão dessa triste história tem nome e sobrenome, e para os
seguidores do cacique de Illinois esse sujeito figura na lista
dos mais perversos e mesquinhos de quem se tem notícia: Bill Wirtz.
Apresentando o hediondo Sr. Wirtz
O bilionário Bill Wirtz comanda a Wirtz Corp., que por cálculos
recentes vale entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões! Dinheiro
suficiente para comprar o continente africano, pagar o contrato
integral de Alexei Yashin e Rick DiPietro, ainda sobrando um troco
para bancar todo os muitos litros de cerveja consumidos diariamente
na cantina da TheSlot.com.br.
Incrível que, mesmo com tanta grana, o Sr. Wirtz se negue a liberar
transmissões de jogos locais dos Hawks para Chicago. Também não
se abala em cobrar US$ 250 pelos ingressos mais próximos ao gelo,
mas considera altos investimentos — como o feito por Mike
Ilitch nos Red Wings para a vitoriosa temporada 2001-02 —
um absurdo. Foi o responsável também pelo distanciamento de Bobby
Hull e Stan Mikita, provavelmente os dois maiores atletas que
já vestiram a camisa do time e heróis do título de 1961.
Sua mão fechada também fez com que Ed Belfour procurasse novos
ares. O mesmo aconteceu com Jeremy Roenick. E Tony Amonte
saiu em troca de nada. E ainda Chris
Chelios, nativo de Chicago, foi parar no maior rival.
O que o Sr. Wirtz talvez não saiba é que existe uma ala especial
no inferno, reservada para pessoas que atrapalham o desenvolvimento
e degradam nossa tão amada NHL — apenas para constar, Gary Bettman,
Bobby Holik, Claude Lemieux, Quique Wolff e o (ir)responsável
pela programação da ESPN para a América Latina quando a emissora ainda
detinha direitos televisivos da liga, seja ele quem for, também estão com seus assentos
reservados por lá.
Mas a saída de gente com longa história dentro da franquia não
se restringe apenas a atletas. Pat Foley, narrador dos Blackhawks
por 25 anos, que saiu escorraçado por Wirtz & cia. da organização,
agora está trabalhando para os Wolves. Foley é uma das vozes que
garantem que o barulho que o time da AHL vem fazendo em Chicago
fira fundo o orgulho e o caixa eletrônico que bate no peito esquerdo
de Wirtz. Talvez seja por isso que o sovina dono do time tenha
aberto a carteira algumas vezes nas últimas temporadas. Na maioria
das vezes, errando a mão e contratando a peso de ouro gente problemática
(Theo Fleury), em decadência (Alexei Zhamnov) ou tornando multi-milionários
jogadores apenas bons (Adrian Aucoin).
Quando aparentemente deu um disco dentro, faltou sorte. Ou alguém
poderia prever que Nikolai Khabibulin se tornaria um imenso elefante
branco na cidade dos ventos?
Na próxima edição da sua TheSlot.com.br veremos como está o atual
elenco dos Blackhawks. Seus pontos fortes e suas carências. Do
fantasma das contusões que tira o sono do treinador Trent Yawney
e das boas promessas que estão no sistema. E da volta do cruel
Martin Havlat, é claro.
EXTRA! EXTRA! EXTRA! EXTRA! EXTRA! EXTRA!EXTRA!
No exato momento em que esta coluna estava sendo finalizada, recebemos
em primeira mão (junto a milhões de outras pessoas, através da
TSN) a notícia da demissão do treinador Trent Yawney. O novo comandante
será novamente Denis Savard. Em breve, traremos mais detalhes sobre
essa bombástica notícia!
Eduardo Costa gasta 31% de
seu tempo de Internet no YouTube. Ele indica as seguintes buscas:
"Don Cherry", "Nelson Piquet", "Dion Phaneuf",
"Tiririca" e "For Whom The Bell Tolls".
MALVADÃO
Eduardo Costa usa todo seu largo conhecimento no Paint. Wirtz
é um cara mau!
(Arquivo TheSlot.com.br)
EX-SÍMBOLO
Esse cara já foi o símbolo Hawks nas antigas batalhas
contra os Red Wings. Hoje está do outro lado. Muchas
gracias, Señor Bill Wirtz.
(Arquivo TheSlot.com.br)