Antes
de a temporada começar, Marian Gaborik indagava se realmente devia
se comprometer a ficar no Wild. Apesar do relativo sucesso da
franquia sob o comando de Jacques Lemaire, uma estrela do calibre
do eslovaco tem uma saudável vontade de alçar vôos mais altos,
buscando atuar em um time que tenha possibilidades reais de chegar
ao desejo máximo de qualquer jogador: a Copa Stanley.
Curiosamente, essa ambição de Gaborik pode ter sido o marco de
surgimento do Wild como um dos favoritos ao título. Com a ameaça
de perder sua maior estrela ao fim da temporada, os donos de mão
fechada da franquia resolveram abrir suas carteiras. Nada mais
justo, já que o Wild, desde seu surgimento, em 2000, sempre manteve
seu estádio entre os mais lotados da NHL. Só não se esperava que
essa abertura viesse de forma tão contundente. A folha salarial
do Wild saltou da casa dos US$ 25 milhões anuais para em torno
de US$ 40 milhões.
Vieram de uma vez só o perigoso Pavol Demitra, capaz de marcar
regularmente 50 pontos ou mais por temporada, Mark Parrish, sólido
e forte atacante para gerar uma boa terceira linha, e o agitador
Branko Radivojevic, especialista em mudar o embalo a favor de
seu time.
Some-se a eles Gaborik e Wes Walz, para formar a primeira linha
com Demitra, além da perigosa segunda linha, com Pierre-Marc Bouchard,
Brian Rolston e Todd White, todos capazes de marcar mais de 40
pontos por temporada, e tem-se um bom conjunto ofensivo para trabalhar.
A defesa não fica muito atrás. Os reforços de Petteri Nummelin
(por quem o Wild entrou em um ferrenho leilão para obter os direitos),
Kim Johnsson e do ex-líder da vitoriosa defesa dos Ducks, Keith
Carney, ajudam a formar um forte corpo defensivo. Adicionamos
ainda a esse grupo os competentes Kurtis Foster e Martin Skoula,
para efeito de profundidade. Para fechar a defesa, o goleiro Manny
Fernandez assume os deveres por completo, com a partida de Dwayne
Roloson ainda em 2005-06.
Essas contratações ainda ajudam a superar uma das maiores fraquezas
do time: a falta de um grupo de veteranos capaz de auxiliar a
franquia em momentos de crise. Um bom exemplo veio a temporada
passada: apesar de brigar por uma vaga nos playoffs até o fim
da temporada regular, o Wild ficou de fora por oito pontos, graças
a uma má reta final.
Apesar de aparentemente randômicas, o técnico Lemaire afirma que
há uma lógica por trás de cada contratação. “Esse é um grupo selecionado
a dedo. Tínhamos um grupo bastante quieto e coeso, e esses [jogadores]
vêm para agitar um pouco o clima, dar mais vida ao nosso vestiário.”
Lemaire salienta ainda que não pretende modificar seu estilo de
jogo só por causa das contratações. A falta de compromisso defensivo
seguirá sendo punida com a diminuição de tempo no gelo. Apesar
disso, Lemaire promete arriscar um pouquinho mais, e permitirá
que o talentoso e jovem grupo ofensivo atue com mais liberdade.
Atitude acertada, especialmente na competitiva Divisão Noroeste.