Se Lindy Ruff for eleito o ganhador do Troféu Jack Adams, dado ao melhor técnico da liga na temporada, a honra ainda assim não representará tudo o que ele já passou e conquistou, independentemente de seu Buffalo Sabres ganhar ou não a Copa Stanley.
Ruff, que foi contratado pelos Sabres e, julho de 1997 e é o técnico há mais tempo no cargo na NHL, fez seu time superar dois recordes da franquia, com 52 vitórias e 110 pontos em 2005-06, e ainda levou-o até (por enquanto) as finais da Conferência Leste, contra o Carolina. Ninguém podia esperar por nada parecido com todo esse sucesso antes de a temporada começar. Na verdade, muitos adivinhos de plantão "previram" que os Sabres nem se classificariam para os playoffs. Alguns deles classificaram o time em 12.º ou 13.º na conferência.
Para piorar, os Sabres tinham pedido concordata durante a miserável temporada de 2003-04. Quando algo assim acontece, já é difícil imagi-nar que o time consiga ficar na mesma cidade, quanto mais manter o técnico. Felizmente, as questões referentes à propriedade do clube fo-ram resolvidas da melhor maneira possível, e Ruff ganhou um novo con-trato.
Depois do locaute, o técnico de 46 anos empenhou-se na dura tarefa de cultivar um elenco que tinha alguns jovens promissores, mas poucas estrelas e nenhum goleiro para ser o titular indiscutível. Mas Ruff sabia que seu time e as novas regras da liga poderiam ser uma boa combi-nação. Os jogadores embarcaram no seu pensamento desde o início, e o comandante pôde distribuir bem o tempo no gelo entre seus coman-dados, mantendo a auto-confiança lá em cima apesar de contusões que se seguiram ao longo de toda a temporada.
Em março, com seus Sabres quase no fim de sua caminhada rumo à sua primeira pós-temporada desde 2001, Ruff teve de enfrentar um obstáculo muito mais duro que qualquer incerteza financeira: um tumor foi descoberto no cérebro de sua filha de 11 anos, Madeleine. Feliz-mente, ele foi removido sem complicações.
Como se para demonstrar o quanto Ruff significa para seus jogadores, o Buffalo perdeu seis partidas seguidas naquela época, incluindo uma horrível atuação nos 5-0 impostos pelos Thrashers quando Ruff estava em casa com sua filha. O time que ele moldou, guiou e encorajou sen-tiu a dor dele, mas retomou o caminho quando as notícias sobre Madeleine passaram a ser boas — os Sabres venceram sete dos últi-mos oito jogos e garantiram o mando de gelo.
Aqui estamos no fim de maio, e o time de Ruff ainda está vivo. Não importa o que aconteça daqui em diante, se houvesse um prêmio para o homem do ano na NHL, tenho certeza de que Lindy Ruff seria a escolha da grande maioria dos votantes.
Tom Layberger é jornalista do site SI.com. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.