Teemu Selanne, um dos principais atacantes do Anaheim, cometeu uma penalidade boba a 1:43 do terceiro período, ao segurar o taco do defensor adversário Chris Pronger, a mais de 50 metros do gol dos Ducks. Com isso, acabou com a vantagem numérica de que seu time dispunha no momento. Foi o tipo de penalidade que teria sido ignorada em 2004, mas mereceu um silvo do apito do juiz agora.

Alguns minutos depois, durante a seqüência em que os Oilers dispararam no placar, Scott Niedermayer (que, junto com Joe Thornton, dos Sharks, foi o melhor jogador da liga nas últimas rodadas da temporada regular) foi pego com uma penalidade também boba, que fez com que seu time ficasse com dois homens a menos.

Em ambos os lances citados, saíram gols dos Oilers — o terceiro e o quarto, que deram uma vantagem de 4-0. Esse foi o retrato desta série, que, depois de três jogos, deixou os Ducks com a corda no pescoço. Parece que, a cada erro do time de Anaheim, o adversário capitalizava.

Pode-se citar vários, como o primeiro gol dos Oilers no jogo 2, um chu-te de longe, com visibilidade total para Ilya Bryzgalov. Um chute que, na série contra os Avs, teria sido parado sem dificuldade alguma, não só pela facilidade, mas pelo embalo em que o russo vinha. Mas, não. Nesta série o chute estufou as redes.

E que tal o primeiro gol do jogo 3, quando o mesmo Bryzgalov se atra-palhou atrás do gol e perdeu o disco para Toby Petersen? (Quem?) O único trabalho de Petersen foi patinar até o gol vazio e abrir o placar.

Ou talvez o segundo gol nesse mesmo jogo 3, quando o incansável Michael Peca bloqueou um passe de Ruslan Salei na sua linha azul e disparou sozinho contra Bryzgalov, vencendo-o com um chute por sobre o ombro?

Com esse time dos Oilers é difícil brincar. Eles ficam só esperando por um errinho que seja e tiram fôlego da sua fonte inesgotável. Sim, ines-gotável, porque um time que se supera como eles se superaram na pri-meira fase não deveria ter muito mais fôlego no tanque, e isso pareceu comprovado depois que eles perderam os dois primeiros jogos da série seguinte.

Mas, não. Eles nem pareceram ter entrado na reserva nos quatro jogos seguintes e despacharam os Sharks com o que pareceu ser uma facili-dade impressionante. Era para acabar ali, não? Em teoria, era, porque pegariam um time descansado e embalado por uma varrida de propor-ções épicas. Mas o descanso acabou por virar ferrugem, e os Oilers continuam se esbaldando em seu poço sem fundo de fôlego.

"Nós temos uns dez caras no nosso time jogando o melhor hóquei de suas carreiras", explica o técnico Craig MacTavish.


ALÍVIO Fernando Pisani comemora o quinto gol dos Oilers, o que acabou com a ressurreição dos Ducks no jogo 3 (Harry How/AP - 23/05/2006)

Não se engane com o placar da série: os Ducks não estão sendo domi-nados. Pelo contrário: eles chutaram mais a gol em cada um dos jogos. No total, foram 104 chutes contra 73 dos canadenses. E, ao mesmo tempo, apenas 6 gols marcados contra 11.

"É absolutamente vergonhoso que não tenhamos ganho esses jogos", lamenta Selanne. "Temos que consertar algumas coisas e não cometer tantos erros."

Não cometer quase nenhum erro deve ser a única maneira de vencer esses Oilers. Porque os Ducks já tentaram o domínio absoluto e não deu certo. No jogo 3, tentaram o desespero, e até deu certo — mas só começou a dar certo quando os Oilers já tinham 4-0 no placar, e, por isso, não foi o suficiente.

Os Sharks já tinham sido vítimas desse mal. Não só cometeram erros demais, boa parte deles aproveitada pelos Oilers, como também não souberam se aproveitar quando o adversário bobeava. É só olhar para a patética vantagem numérica dos Sharks nas semifinais de conferên-cia: anêmicos dois gols em 35 oportunidades.

Só um desastre de proporções cataclísmicas tira a vaga dos Oilers na final, como o primeiro oitavo colocado a chegar às finais da Copa Stanley — eles já são o primeiro oitavo colocado a chegar às finais de conferência. É bom lembrar que, até o fechamento desta edição, a última vez que os Ducks ganharam em Edmonton foi no longínquo dia 24 de fevereiro de 1999.

Sim, no milênio passado. Tão distante como agora parece estar aquela brilhante série contar os Avs.

Quando venceram o jogo 1 em Raleigh, os Sabres automaticamente roubaram a vantagem do mando de gelo na série. Mas isso só servi-ria para alguma coisa se eles vencessem ambos os jogos em casa. A primeira parte da tarefa eles cumpriram com maestria no jogo 3, mesmo tendo saído atrás. Empataram antes de o primeiro período terminar, viraram o jogo e depois seguraram a forte pressão que os Canes exerceram em busca do empate.

A segunda parte da tarefa promete ser complicada, pois o equilíbrio é o substantivo que melhor define esta série, onde cada jogo foi decidido por apenas um gol de diferença. (Esta, aliás, é a marca dos Sabres: seus últimos oito jogos foram decididos por um gol de dife-rença, e eles ganharam seis desses jogos.) Mas as contusões, que tanto atormentaram Buffalo durante a temporada regular e pareciam ter dado um tempo nos playoffs, voltaram e ameaçam pender a ba-lança para o lado da Carolina do Norte.

Primeiro foi o defensor Dmitri Kalinin, que se contundiu no tornozelo durante a fase anterior. Depois foi Teppo Numminen, um dos princi-pais defensores do time, que caiu no jogo 1 desta série. E, no jogo 3, como se a defesa já não estivesse desfalcada o bastante, foi outro bastião, Henrik Tallinder, que se contundiu. Não há previsão de quando Kalinin voltará a jogar; os outros dois poderão talvez estar de volta já no jogo 4. Talvez.

Os Canes não querem nem saber, e devem manter a pressão que exerceram no início e no final do jogo 3, tentando intimidar fisica-mente o diminuto time do Buffalo. E contando que a excelente fase de Eric Staal continuará. Já são 13 jogos consecutivos pontuando (seis gols e 12 assistências nesse período). Ele está a cinco jogos de igualar o recorde nos playoffs, detido por Bryan Trottier, dos Islanders, em 1981. (A.G.)


Alexandre Giesbrecht, 30 anos, está adorando o frio que anda fazendo em São Paulo ultimamente.
DUCKS AOS PÉS DOS OILERS Com 3-0 na série, os Oilers de Jason Smith colocaram a corda no pescoço dos Ducks (Tim Smith/Getty Images - 23/05/2006)
E NO LESTE... O equilíbrio é a marca da final do Leste, e o goleiro Ryan Miller é um dos responsáveis por isso (/Don Heupel/Getty Images - 24/05/2006)
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Página publicada em 25 de maio de 2006.