Por
Eduardo Costa
1999 -- Nos playoffs de 1985 da NHL, os torcedores
do Winnipeg Jets, em resposta à torcida dos Flames que
sempre transformava o Saddledome num mar vermelho , deu início
ao famoso "White Out". Ou seja, todos de branco nos playoffs,
uma tradição que se manteve mesmo com a franquia se mudando
pra Phoenix. No mundial júnior de 1999, os torcedores em Winnipeg,
já sem os Jets, aproveitaram para apoiar sua seleção
e ao mesmo tempo "matar" a saudade do "White Out".
A cidade canadense bateu todos os recordes de público na história
da competição e, se fosse possível medir, de empolgação.
O Canadá realmente precisava de algo assim depois do péssimo
mundial anterior.
A final foi disputada entre Rússia e Canadá. Treinados
por Peter Vorobiev, os russos mais uma vez apostaram suas fichas em
talentosos e velozes jogadores, como Maxim Afinogenov, Roman Liashenko,
Maxim Balmotchnykh e Denis Arkhipov. O Canadá chegou à
final após atuações impressionantes do goleiro
Roberto Luongo. Na defesa estavam o "brasileiro" Robyn Regehr,
Brad Ference e Brad Stuart. No ataque, jogadores que hoje também
já possuem seu espaço na NHL como Brendan Morrow, Simon
Gagne, Kyle Calder e Daniel Tkaczuk.
Na final, a tática "dump-and-chase" dos canadenses
definitivamente não funcionou. Talvez a energia tivesse se esgotado
após jogar sua terceira partida em quatro dias. Entretanto, os
russos estavam em situação idêntica e mesmo assim
"metralharam" o gol de Luongo com 40 chutes, enquanto o seu
goleiro sofreu apenas 18. Depois de defesas milagrosas no início
do tempo extra, Luongo não pôde impedir que o chute de
Artem Chubarov vazasse sua meta. A vitória por 3-2 deu à
Rússia sua primeira medalha de ouro na competição
desde 1992.
A Eslováquia, penúltima colocada em 1998, fez uma excelente
campanha em Manitoba e conquistou a medalha de bronze. A equipe, que
contava com Marian Gaborik, Marian Hossa, Ladislav Nagy e Branko Radivojevic,
sofreu uma única derrota na competição, justamente
contra os russos nas semifinais, pelo apertado placar de 3-2. Na disputa
pelo bronze, os eslovacos venceram a Suécia, dos gêmeos
Sedin, por 5-4. O Kazaquistão também surpreendeu ao ficar
à frente dos Estados Unidos e da República Tcheca. O maior
destaque Kazaqui foi o central Nikolai Antropov recrutado um
ano antes na primeira rodada da NHL pelo Toronto Maple Leafs ,
com oito pontos em seis partidas, três a menos que o artilheiro
da competição.
Luongo, na época um prospecto do New York Islanders, foi escolhido
como o melhor goleiro da competição. O russo Vitali Vishnevsky,
jogador do Anaheim Mighty Ducks, foi eleito o melhor defensor e seu
compatriota Maxim Afinogenov, do Buffalo Sabres, o melhor atacante.
2000 -- Se o público compareceu em grande número
em 1999, em 2000 as arenas em Skellefte a Umea, na Suécia, não
receberam mais do que mil pessoas por partida nos jogos da primeira
fase, exceto quando a seleção sueca estava no gelo. Seleção
esta que também decepcionou. Apesar de Henrik Sedin (13 pontos)
e seu irmão Daniel Sedin (dez pontos) terem terminado em primeiro
e terceiro, respectivamente, na artilharia da competição,
a Suécia amargou a quinta posição e teve a segunda
pior defesa da competição.
Pelo terceiro ano consecutivo o sonho canadense de reconquistar o ouro
parou nos russos, que venceram a semifinal por 3-2. Mesmo contando com
uma equipe talentosa, com jogadores como Dany Heatley, Jason Spezza
e o defensor Jay Bouwmeester, o Canadá não foi páreo
para a poderosa linha de Alexei Tereschenko e Evgeny Muratov. O outro
finalista foi a República Tcheca, que eliminou os Estados Unidos
nas semifinais.
Na final pelo terceiro ano seguido, a Rússia enfrentava uma seleção
que buscava seu primeiro título em mundiais sub-20. Após
o tempo regulamentar e os 20 minutos de prorrogação terminarem
sem gols, a final foi decidida nas cobranças de pênaltis,
pela primeira vez na história da competição. No
shootout, os tchecos abriram uma preciosa vantagem ao marcarem
dois gols, cortesia de Milan Kraft e Libor Pivko, em seus três
primeiros chutes. O treinador russo, Petr Vorobiev, trocou o goleiro
Ilia Bryzgalov por Alex Volkov. Volkov defendeu as cobranças
restantes, mas os russos só conseguiram vazar o goleiro tcheco,
Zdenek Smid, em uma oportunidade.
A medalha de bronze também foi decidida na disputa de pênaltis.
O Canadá, na época comandado pelo atual treinador dos
Canadiens, Claude Julien, contou com cobranças perfeitas de Jamie
Lundmark, Brandon Reid e Dany Heatley para vencerem os Estados Unidos
após empate de 3-3 no tempo regulamentar. A Ucrânia foi
a lanterna da competição e a Eslováquia não
repetiu a boa campanha do ano anterior, ficando com o penúltimo
posto.
O goleiro americano Rick Dipietro ficou com o título de melhor
em sua posição. Assim como Luongo, DiPietro também
foi recrutado pelo NY Islanders. Ele foi a primeira escolha geral de
2000, o primeiro goleiro a ser selecionado na mais alta posição
do recrutamento da NHL. O russo Alexander Riazantsev foi escolhido como
o melhor defensor e representou bem a defesa russa, que sofreu apenas
seis gols em sete partidas, a melhor marca da história dos mundiais
sub-20. O tcheco Milan Kraft foi escolhido como o melhor atacante. Kraft,
jogador selecionado na primeira rodada do recrutamento de 1998 pelo
Pittsburgh Penguins, ficou em segundo na artilharia da competição
com 12 pontos em sete jogos, um a menos que o líder Henrik Sedin.
2001 -- Sediando a competição pela primeira
vez desde 1988, a Rússia dependeu de lampejos de Ilya Kovalchuk,
o que não foi suficiente. Kovalchuk teve participação
no lance mais polêmico da competição, ocorrido no
confronto entre Rússia e Canadá na primeira fase. A jovem
estrela dos Thrashers partiu, sem marcação alguma, rumo
à rede vazia do Canadá, que tentava o empate no desespero.
Ilya, antes mesmo de mandar o disco para a rede, já tinha erguido
os braços e comemorado o gol que ainda estava por acontecer.
Mais um capítulo na rica história entre essas duas seleções.
Fora esse momento de êxtase da torcida moscovita, o resto da campanha
russa foi medíocre. A equipe perdeu até para a Suíça
e no final acabou na sétima posição.
O título foi para a República Tcheca pelo segundo ano
consecutivo. Radim Vrbata, Vaclav Nedorost, Pavel Brendl e Rostislav
Klesla foram os principais destaques da campanha que culminou com a
vitória de 2-1 sobre a Finlândia na final, com gol de Nedorost.
Os prêmios individuais também foram todos para jogadores
tchecos: Klesta foi eleito o melhor defensor, Tomas Duba o melhor goleiro
e Brendl o melhor atacante.
O Canadá, que contou com vários jogadores remanescentes
do torneio anterior, como o goleiro Maxime Ouellet, os defensores Barret
Jackman e Bouwmeester e os atacantes Spezza, Heatley e Brandon Reid,
venceu o bronze ao derrotar a Suécia por 2-1, com gol da vitória
marcado por Raffi Torres na prorrogação.
Brendl foi o artilheiro da competição com dez pontos em
sete partidas. A seguir, ficaram quatro jogadores com nove pontos: o
finlandês Jani Rita, os americanos Jon Disalvatore e Andrew Hilbert,
e o tcheco Nedorost.
Veja como foi o torneio de 2002
e 2003.
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Eduardo Costa agradece à The Slot BR pela oportunidade
de falar sobre hóquei internacional. |
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DISPUTA ACIRRADA Radim Vrbata,
jogador do Colorado Avalanche, representando a seleção
Tcheca na vitória por 4-2 sobre os Estados Unidos de David
Hale (7) (Ivan Sekretarev/AP) |
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A HISTÓRIA DOS MUNDIAIS DE JUNIORES |
Parte I (edição
28) |
Parte II (edição
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Parte III (edição
30) |
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