Por
Eduardo Costa
1991 - Eric Lindros provou porque era considerado um
dos mais promissores jogadores do hóquei no início dos
anos 90. Com seis gols e 11 assistências, foi um dos principais
responsáveis pela conquista da medalha de ouro por parte dos
anfitriões canadenses. A competição foi realizada
na província de Saskatchewan, no Canadá, sendo que União
Soviética e Canadá tiveram campanhas idênticas (5-1-1),
mas a equipe da casa venceu no confronto direto 3-2, com John
Slaney marcando o gol da vitória.
Pavel Bure foi o goleador, marcando 12 vezes. O russo, em sua terceira
e última participação no torneio, ainda detém
o recorde de gols na história da competição, com
27 entre 1989 e 91. Apesar da marca de Bure, foi Lindros quem ficou
com o prêmio de melhor atacante da competição, no
primeiro de seus três mundiais. Os 17 pontos do atual jogador
dos Rangers é a segunda melhor marca alcançada por um
canadense, ficando atrás apenas de Dale McCourt e seus 18 pontos
em 1977.
A Tchecoslováquia ficou com o bronze, tendo como destaque Jiri
Slegr, eleito melhor defensor da competição. A Suíça
ficou com penúltima colocação e, mesmo sofrendo
48 gols em sete partidas, teve seu goleiro Pauli Jaks como o melhor
em sua posição no torneio.
Os Estados Unidos ficaram em quarto lugar. Doug Weight alavancou a quarta
posição na artilharia, com 19 pontos. Seu recorde de 14
assistências somente seria superado alguns anos depois, por Peter
Forsberg. Sem dúvida alguma, esta foi a melhor atuação
individual de um americano na história dos mundiais de juniores.
1992 - Uma situação curiosa ocorreu em
Fussen (Alemanha). Os soviéticos começaram o torneio como
União Soviética e terminaram como Comunidade dos Estados
Independentes, após o fim do império socialista em 1º
de janeiro de 1992. Apesar da mudança, os jovens jogadores não
se importaram com os problemas extra-gelo e conquistaram mais um ouro.
Do elenco russo, um total de 15 jogadores, mais tarde, fariam carreira
na NHL. A equipe teve a melhor defesa da competição, com
apenas 11 gols sofridos.
A Suécia, com o melhor ataque, teve os quatro maiores pontuadores
do torneio: Michael Nylander, com 17 pontos, foi eleito o melhor atacante
da competição; Peter Forsberg, com 11; Markus Naslund
e Mikael Renberg, com dez. Apesar deste quarteto fantástico,
os suecos conquistaram apenas a prata.
O bronze dos Estados Unidos foi conquistado graças ao esforço
do goleiro Mike Dunham, eleito o melhor de sua posição
no torneio. O único consolo pra os bicampeões canadenses,
que amargaram uma humilhante sexta posição, foi Scott
Niedermayer, eleito o melhor defensor da competição.
1993 - Novamente a Suécia mostrou uma fantástica
capacidade ofensiva, mas morreu na praia de novo, ficando apenas com
a medalha de prata. Atuando em casa, na cidade de Glave, os suecos bateram
diversos recordes da competição. Peter Forsberg assombrou
ao marcar 31 pontos em apenas sete jogos, recorde absoluto que dificilmente
será batido. Os 13 gols de Markus Naslund formam uma marca que
também ainda não foi superada. Naslund e Forsberg tinham
a química perfeita, já que jogavam juntos desde crianças
na cidade onde nasceram Ornskoldsvik e depois atuaram
pelo Modo AIK, nos juniores e na liga adulta. Os 69 pontos da linha,
que contava também com Niklas Sundstrom, superou a marca do trio
Esa Keskinen-Mikko Makela-Esa Tikkanen 52 pontos em 1985.
Em suas duas participações nos mundiais de juniores, Forsberg
acumulou 42 pontos. Na segunda, foi eleito o melhor atacante, superando
seu companheiro Naslund e o canadense Paul Kariya. No ano seguinte,
Forsberg marcaria o gol que resultou na medalha de ouro nos Jogos Olímpicos
de Lillihammer (Noruega), justamente contra os canadenses. O detalhe
é que, dos 31 pontos de Forsberg, dez foram contra a seleção
do Japão, estreante em mundiais. Na partida em questão,
a Suécia venceu por 20-1, constituindo a segunda maior goleada
da história dos mundiais sub-20. Os orientais terminariam a competição
com sete derrotas em sete jogos e assustadores 83 gols sofridos.
O ouro ficou com o Canadá, graças a um herói que
a cada dia ganha mais espaço na NHL: Manny Legace. O goleiro
defendeu 50 tacadas contra os suecos, na vitória canadense por
5-4 no terceiro jogo da competição. Na partida seguinte,
foram 60 defesas contra a Finlândia. Canadá e Suécia
terminariam com o mesmo número de pontos, mas o título
ficou com o Canadá por causa da vitória no confronto direto.
Obviamente, Legace foi eleito o melhor goleiro da competição.
Um fato que demonstra a importância do goleiro dos Red Wings é
a ausência de seus jogadores da lista dos dez maiores pontuadores
do torneio, apesar de contar com Paul Kariya, Martin Lapointe, Chris
Gratton, Rob Niedermayer, Tyler Wright, Alexandre Daigle, e os defensores
Chris Pronger, Adrian Aucoin e Mike Rathje. O defensor finlandês
Janne Gronvall foi eleito o melhor de sua posição, apesar
do tcheco Jan Vopat ter marcado 10 pontos seis gols e quatro assistências
e igualado o recorde de pontos por um defensor na história
da competição.
1994 - Mais uma vez o trio Canadá-Suécia-Rússia
dominou o torneio. Para variar, a Suécia ficou com a prata pelo
terceiro ano seguido. Foi a segunda de cinco conquistas consecutivas
dos canadenses. Combinadas com as vitórias de 1990 e 1991, o
Canadá venceu sete títulos em oito disputados durante
os anos 90. Apesar do título em 1993, Perry Pearn não
prosseguiu como treinador da equipe, função que foi dada
a Joe Canale. Terminaram invictos, vencendo seis partidas e empatando
uma, essa contra os russos.
Quatro canadenses ficaram entre os dez primeiros em pontos. Entre eles,
Martin Gendron, dono de uma carreira ridícula na NHL, com apenas
30 partidas por Capitals e Blackhawks. No gol, Jamie Storr foi um dos
destaques. Niklas Sundstrom liderou o torneio com 11 pontos e foi eleito
o melhor homem de ataque. Seu compatriota, Kenny Jonsson, foi eleito
o melhor defensor. No gol, a honra foi para o russo Yevgeny Ryabchikov.
A seleção local, a República Tcheca, amargou um
decepcionante quinto lugar. Os Estados Unidos tiveram a defesa mais
vazada da competição e também decepcionaram.
Na próxima edição: o Canadá mantém
seu domínio; destaques individuais para David Aebischer, Maxim
Afinogenov, Matthias Ohlund, entre outros.
Colaboraram para essa matéria: Humberto Fernandes e Heiko Lundvall.
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Eduardo Costa não se conforma por ter elogiado Peter Forsberg
neste artigo. |
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HERÓI SUECO Em 1993,
Forsberg marcou 31 pontos, incluindo o recorde de 24 assistências,
sendo eleito o melhor atacante da competição (Arquivo
The Slot BR) |
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A HISTÓRIA DOS MUNDIAIS DE JUNIORES |
Parte I (edição
28) |
Parte II (edição
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Parte III (edição 30) |
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