Por: Eduardo Costa

Repetir nas finais da Copa Stanley o sucesso que quase sempre obtém na temporada regular e nas fases iniciais dos playoffs parece ser um desafio histórico para o Boston Bruins.

Apenas o Montreal Canadiens somou mais pontos e vitórias que o time de Massachusetts desde a criação da NHL em 1917. Os quebequenses também são os únicos em um degrau superior ao dos Bruins no quesito idas à pos-temporada. Ainda assim o terceiro time mais antigo da liga viu ao longo dos anos os rivais Canadiens, Maple Leafs e Red Wings ganharem boa vantagem na tabela mais importante: a de copas vencidas.

Depois da conquista de 1972 os Bruins tiveram cinco chances em finais para obterem sua sexta copa, mas pararam nos físicos e competentes Flyers em 1974, nos Habs de Guy Lafleur e Scotty Bowman em 1977 e 1978, e nos Oilers de Wayne Gretzky de 1988 e 1990 - esse último ano já sem o Great One, mas ainda com Mark Messier e Jari Kurri.

Os insucessos diante do time de Alberta deram aos Bruins o pouco benquisto histórico de cinco conquistas em 17 finais disputadas ao longo de sua história.

Em 1979 o time esteve muito perto da copa. Duelaram contra os rivais de sempre, os Canadiens, em um decisivo sétimo jogo no Fórum de Montréal. O vencedor teria amplo favoritismo contra os NY Rangers nas finais. Menos de três minutos para o fim do jogo os Bruins estavam na frente e parecia mais perto do 4º gol do que sofrer o empate dos anfitriões. Foi quando o time treinado pelo colorido Don Cherry foi penalizado por ter um jogador a mais no gelo. Lafleur empatou o jogo com praticamente um minuto por jogar. Na prorrogação Yvon Lambert colocava os Habs nas finais, onde, como esperado, bateram os Rangers.

Outras notáveis braçadas que pararam perto do objetivo final foram as finais de conferência de 1991 e 1992 quando ótimos elencos que possuíam atletas como Ray Bourque, Cam Neely, Andy Moog, Craig Janney, Bobby Carpenter e Adam Oates não foram suficientes para parar os Penguins de Mario Lemieux, Ron Francis e Jaromir Jagr.

A derrota nas finais de 1990 viria ser a última aparição na SC até essa recém-terminada temporada. Até mesmo a fantástica marca de 29 temporadas seguidas indo à pos-temporada foi quebrada em 1997.

Essa inaptidão em brigar pela conquista máxima dos esportes fez com Ray Bourque buscasse novos rumos. Em Março de 2000 foi reforçar o já rico elenco do Colorado Avalanche. Uma temporada e meia no time de Denver foram suficientes para vencer o troféu que não veio em mais de duas décadas defendendo o preto e dourado.

Ver ex-capitão levantar finalmente o cálice sagrado teve um sabor agridoce para a torcida dos Bruins. Doce pelo momento de glória do dono da eterna camisa 77, mas amargo por ver isso acontecendo em outra freguesia.

Nesse período de seca outro reconhecido talento — embora ano-luz em idolatria em relação à Bourque — foi incapaz de colocar o time nos degraus mais altos. Joe Thornton foi despachado para o San Jose Sharks no meio da temporada 2005-06.

Após duas temporadas decepcionantes a organização foi buscar Claude Julien em 2007. O treinador foi ripado do comando dos Devils na temporada anterior nas portas dos playoffs — apesar de uma campanha de 47 vitórias em 79 jogos.

Em sua primeira temporada veio o retorno dos Bruins aos playoffs. Em sua segunda temporada na franquia o troféu de melhor treinador da temporada foi parar em sua estante.

Nos playoffs de 2010, os comandados por Julien estiveram no lado ruim de umas das maiores viradas da história da liga, com os Flyers entrando pela porta da frente na história e os Bruins amargando uma dolorosa e humilhante eliminação.

Os Bruins perderam uma série em que venceram os primeiros três jogos e em que abriram 3-0 no jogo sete em pleno TD Banknorth Garden. Mas após a maior das tempestades veio a temporada da redenção.

O gerente geral Peter Chiarelli não tomou decisões drásticas após a virada sofrida. Manteve Julien e o núcleo intacto. Buscou reforços como Nathan Horton e Greg Campbell. No último dia limite de trocas foi atrás do central Chris Kelly para suprir um décimo da ausência do talentoso Marc Savard. Também adicionou o linha azul Tomas Kaberle, que se não contribuiu o esperado – em especial nas oportunidades de vantagem numérica – teve seu grau de importância na conquista.

Como vimos há poucos dias, a teimosia de Chiarelli foi recompensada. A seca de 39 anos virou passado. E a atual geração, mesmo não tão talentosa quanto algumas que não conseguiram guiar o time para a conquista maior, entraram para a história da organização original.

Zdneno Chara pode nunca alcançar o patamar de um Bourque no coração dos torcedores. Milan Lucic, apesar do estilo parecido, também não deve nunca chegar ao mesmo poder de destruição apresentado por Neely. O talentoso David Krejci ainda tem muito a batalhar para ser um membro do salão da fama como Jean Ratelli. Mas esses três ajudaram a levar Bruins onde os citados ex-ídolos não foram capazes. Ao olimpo do esporte. E isso não é pouca coisa.

Eduardo Costa tem preguiça de escrever, mas fala pelos cotovelos.

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Página publicada em 19 de junho de 2011.