Por: Alessander Laurentino

Depois de entrar nos playoffs pela porta dos fundos, o Chicago Blackhawks comemorou muito o fato de não ter entrado para a história como um dos raros campeões da Copa Stanley que conseguiram a proeza de ficar de fora dos playoffs seguintes. É claro que eles também divulgaram publicamente que era muito bom pegar o Vancouver Canucks logo de cara, afinal de contas eles se enfrentaram também nos últimos dois playoffs, ambos confrontos vencidos pelo Chicago por 4 a 2.

Mas será que internamente eles realmente comemoravam? Ninguém gosta de pegar logo na primeira rodada o melhor time da liga inteira na temporada regular, então parecia mais uma forma de tentar aumentar a pressão em cima dos jogadores do Vancouver do que realmente uma expressão de satisfação do Chicago.

O time do Vancouver Canucks dessa temporada é muito superior ao dos últimos dois anos. Um time que amadureceu bastante e conta com o melhor ataque e a melhor defesa da liga. Não, não é fácil jogar contra um time assim, mesmo que o histórico dos anos recentes demonstre uma vantagem histórica para os adversários.

As duas primeiras partidas da série foram em Vancouver, onde os Blackhawks ganharam os três confrontos disputados nos playoffs da última temporada.

Excetuando a importante ausência de Manny Malhotra, contundido e provavelmente fora do hóquei pelo resto da vida, o time do Vancouver Canucks estava completo. O que foi uma coisa muito rara durante toda a temporada regular. Os Canucks chegaram inteiros nos playoffs, podendo contar com os seis melhores defensores do time para colocar no gelo, além dos seus principais atacantes e pontuadores.

Na primeira partida a torcida deu espetáculo na Rogers Arena, mais uma vez lotando o estádio e com quase vinte mil toalhas brancas sendo agitadas na hora da entrada do time no gelo. Um momento realmente ímpar e que significava um novo começo para um time que espera levantar a Copa Stanley há 40 anos. Mais significativo ainda sendo feito aquele show das toalhas na cidade que criou a tradição das toalhas na NHL.

Os Canucks foram superiores na maior parte da partida e logo no começo mostraram ao Chicago que não estavam para brincadeiras. Aos 7 minutos do primeiro período Christopher Higgins abriu o placar para os donos da casa e três minutos depois Jannik Hansen ampliou a vantagem dos Canucks, fazendo a torcida gritar em coro "Crawford! Crawford!".

Dominando as ações desde o começo, os Canucks também foram superiores defensivamente, nos trancos e na finalização das jogadas. Quando os Hawks conseguiam vencer tudo isso, esbarravam nas traves do gol defendido por Roberto Luongo.

Isso tudo sem ainda ter falado na grande atuação do goleiro dos Canucks. Luongo foi perfeito na partida e como todo bom goleiro que quer ser campeão, contou com a sorte. Mais precisamente em quatro lances em que sendo batido foi salvo pelas traves. Mas a defesa mais importante dele foi quando faltavam pouco menos de dois minutos para o final do primeiro período e ele conseguiu realizar uma fantástica defesa no que era um gol certo de Brian Campbell.

Apesar do domínio inicial dos Canucks, o time do Chicago conseguiu equilibrar um pouco na segunda metade da partida e levou muito perigo em alguns lances. Mesmo assim, a vitória coube aos donos da casa. E não foi uma vitória qualquer. Quebrando o jejum de vitórias em playoffs jogando em casa, os Canucks conseguiram bater o seu carrasco por dois a zero, com direito a shutout de Roberto Luongo em uma partida emocionante.

Não se enganem os que acham que o fato do Chicago ter entrado pela porta dos fundos o torna um time menos competitivo ou um oitavo colocado tradicionalmente mais fraco. O Chicago é o atual campeão da Copa Stanley e na concorridissima Conferência Oeste as coisas não são tão simples como um mais um igual a dois.

Na segunda partida, o confronto foi mais equilibrado, com o Chicago defendendo melhor e atacando com mais eficiência. Crawford, o goleiro estreante em playoffs, novamente jogou bem e os seus companheiro se portaram de maneira mais física no gelo. Os donos da casa novamente saíram na frente no placar com Jannik Hansen aos 7 minutos do primeiro período. No segundo, Daniel Sedin fez o seu primeiro nos playoffs aproveitando vantagem numérica e fazendo a torcida cantar em coro "MVP! MVP!". Depois de passar em branco nos primeiros quatro períodos da série, os Hawks saíram do zero com o novato Ben Smith. Nos últimos segundos do segundo período Alex Edler colocou os Canucks na frente com o placar mostrando 3 a 1.

Foi um gol importantíssimo porque os Blackhawks simplesmente não desistiam da partida e continuavam dando trabalho, buscando diminuir a diferença na partida e tentando inverter o resultado final para empatar a série.

No começo do terceiro período Luongo falhou e o Chicago encostou no placar com 3 a 2. Os Canucks responderam com Daniel Sedin marcando o seu segundo na partida aos 10 minutos e nessa hora muita gente achou que a fatura estava fechada.

Ledo engano, caros leitores. O Chicago não é um simples oitavo colocado. Eles são os atuais campeões e não chegaram lá à toa ou sem esforço, e como tal, merecem respeito e muita dedicação dos Canucks. Para comprovar isso, o novato Ben Smith aproveitou um rebote de Luongo e colocou o Chicago de volta na partida quando faltavam sete minutos para o final.

Com o placar de 4 a 3, o Chicago sabia que tinha chances de buscar o empate e quem sabe a vitória. Eles bem que tentaram e os últimos minutos da partida foram emocionantes e de tirar o fôlego. Resultado final, Canucks lideram a série por 2 a 0. Os próximos dois confrontos serão em Chicago e o campeão sabe que não pode perder nenhuma das duas partidas, porque se ele perder o jogo 3, vai jogar a quarta partida com risco de ser eliminado. Se vencer o 3, mas perder o 4, a série vai para Vancouver com o time da casa precisando vencer em casa para encerrar a série.

Dois a zero é uma vantagem importante e estatisticamente um time que faz 2 a 0 em uma série vence a série em mais de 70% das vezes, mas ainda falta um longo caminho antes que os Canucks possam realmente comemorar alguma coisa.

É claro que o desempenho de jogadores como Ryan Kesler, Kevin Bieksa, os Sedins e Sami Salo são compatíveis com um time que pode e deve ir mais à frente nos playoffs, mas uma série só está vencida quando você conquista quatro vitórias.

O Chicago precisa melhorar e pode melhorar. O seu técnico Joel Quenneville sabe disso, tanto que depois da segunda partida ele afirmou: "Nós precisamos de mais dos nossos melhores jogadores".

Até aqui os Canucks mostraram que são um time diferente, mais inteligente e melhor. Agora eles precisam confirmar isso com um resultado final diferente do das duas últimas vezes em que Chicago e Vancouver se enfrentaram em séries eliminatórias.

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Página publicada em 17 de abril de 2011.