Por: Marcelo Constantino

Detroit Red Wings (2008), Pittsburgh Penguins (2009) e Chicago Blackhawks (2010) são os três últimos campeões da Copa Stanley e naturais candidatos ao título deste ano. Você particularmente pode discordar disso, ou de um dos três, ou ainda de dois dos três, mas é inegável que todos geralmente aparecem nas listas de favoritos para a Copa desta temporada. Dito isso, verificaremos como cada um dos três times está neste começo de temporada.

Porque somente os três últimos? Porque o campeão de 2007, o Anaheim Ducks, definitivamente não faz parte da suprema maioria de qualquer lista de favoritos.

Vamos a eles, lembrando que os dados foram colhidos até a rodada de quinta-feira passada (inclusive).

Detroit Red Wings
Brigando na equilibradíssima tabela da Divisão Central, o Detroit tem um começo muito melhor do que o da temporada passada: 7-2-1.

O time conta com uma produção ofensiva muito boa, uma boa defesa e times especiais de razoável (VN) para bom (DN).

Um dos pontos mais positivos da equipe é que os jogadores-chave estão dando conta do recado. Para esta temporada, esperava-se que Pavel Datsyuk, Henrik Zetterberg, Nicklas Lidstrom e Johan Franzen liderassem o time. Todos eles estão atuando e produzindo conforme esperado, liderando o time nas principais categorias estatísticas.

Melhor ainda, Lidstrom me parece ter um começo bem melhor que na temporada passada, ainda que o defensor nitidamente esteja num patamar bem abaixo do que há meros dois anos.

Esperava-se que o goleiro Jimmy Howard não sofresse daquela famosa maldição do segundo ano de NHL e ele segue transmitindo confiança ao time. Mais que isso: até quinta-feira não havia perdido sequer uma partida no tempo normal. Chris Osgood, por outro lado, segue oscilando como sempre.

Melhor ainda do que estar vencendo, é que o time esta vencendo de forma convincente. Quem se lembra do começo de temporada passado sabe que esta já é uma diferença e tanto.

Mas há decepções no caminho. O time jogou mal nas derrotas sofridas no tempo normal, é verdade -- mas a vida é assim mesmo. A decepção maior do Detroit nesta temporada vem da terceira linha.

Houve um relativo zum-zum-zum na mídia quando o Dallas Stars dispensou Mike Modano e o Detroit ofereceu-lhe um contrato. De um modo geral, o entendimento era que o Dallas não tinha sido, digamos, correto em deixar sair sua estrela maior (não do time naquele momento, mas da franquia) e que Modano ainda tinha muito o que dar. O Detroit apostou nisso e trouxe o veterano norte-americano, especificamente para atuar na terceira linha e na equipe de vantagem numérica. Até aqui, as atuações de Modano não têm sido comprometedoras, mas tampouco têm dado razão para os sorrisos abertos em Detroit quando de sua chegada. Sua linha, ao lado de Jiri Hudler (meras 3 assistências em -6 até então) e Dan Cleary (o mais efetivo da linha), parece não ter dado química.

Pittsburgh Penguins
O time que, quando foi campeão, parecia talhado para tentar tornar-se uma dinastia, faz um começo razoável de temporada (6-6-1). Brigando no meio da tabela da Divisão do Atlântico, já enfrentou tr~es vezes o arqui-rival Philadelphia Flyers, tendo perdido duas vezes por 3-2 (com Marc-Andre Fleury no gol) e sapecado uma goleada de 5-1 (com Brent Johnson no gol).

A equipe tem times especiais variando de razoável (DN) para muito ruim (VN, ainda que seja duro de engolir essa deficiência num time que conta com Sidney Crosby e Evgeni Malkin), uma produção ofensiva razoável e defesa idem.

Um dos pontos comumente atribuídos ao começo no máximo razoável de temporada é a contusões de jogadores importantes, o que realmente faz sentido.

A defesa andou combalida em função da contusão de dois de seus mais importantes jogadores: o xerife Brooks Orpik (que já se recuperou no fim de outubro e, paradoxalmente, o time desandou a perder depois de seu retorno) e o recém-contratado Zbynek Michalek (que retornou somente agora em novembro). Mas nada disso se compara a Jordan Staal, que parece ter uma nuvem negra pairada sobre sua cabeça. Mal se recuperou de uma infecção no pé, e o jovem já quebrou a mão. Só deve voltar lá pelo fim do ano.

Mas não são apenas as contusões. Fleury vive mau momento, reforçando as críticas de um segmento que o considera um jogador sobrevalorizado na liga. Com uma mísera vitória até aqui (na prorrogação, contra o Nashville), tem sido constantemente preterido pelo suposto reserva, Brent Johnson, que faz uma temporada muito melhor. Outro que vive mau momento é outro contratado como agente livre (além de Michalek), Mike Comrie, que não conseguiu balançar a rede até agora, mesmo jogando eventualmente ao lado das grandes estrelas do time.

Chicago Blackhawks
O atual campeão, ainda que fortemente enfraquecido pela revoada de jogadores nas férias (em função do teto orçamentário), segue na briga da já citada equilibradíssima Divisão Central.

A campanha até aqui é razoável (7-7-1), mas o retrospecto mais recente acende a luz vermelha: 2 vitórias nos últimos 7 jogos. O estranho é que o time tinha tantos pontos quanto o Detroit depois da rodada de quinta-feira -- a diferença era a quantidade de jogos: os Hawks já tinham 15, contra 10 dos Wings.

Os times especiais, principalmente o de vantagem numérica (um significativo progresso em relação à temporada passada), melhoram uma produção ofensiva apenas boa e uma defesa bem inferior à do ano passado. Custo a crer que o fato de a defesa permitir mais disparos a gol (e mais gols, claro) seja conseqüência direta de ausência de Brian Campbell (que esteve contundido durante todo o mês de outubro), como já li em alguns cantos. Campbell não é tão fundamental assim quando se trata de simplesmente defender, ainda que seja um jogador importante para o time.

O problema seria no gol? O goleiro Marty Turco fez boas partidas, mas já foi sacado do time em duas delas. De um modo geral ele está bem, mas ainda lhe falta a regularidade necessária para transmitir confiança à equipe.

Alguns paradoxos do time talvez ajudem a explicar porque o time vem razoavelmente bem, mas que chama a atenção (ao menos para mim) a queda de rendimento no setor defensivo. O craque Patrick Sharp, por exemplo, lidera o time com folga em gols e pontos, mas tem um indecente -10 (um dos piores da liga) para compensar.

Comparativamente ao mesmo período do ano passado, a campanha dos Blackhawks até aqui não fica muito a dever. Ou seja, apesar das baixas no elenco, o caminho trilhado até aqui é bem parecido com o do ano passado.

Marcelo Constantino ainda joga o milenar F1GP, da Micropose.

Jonathan Daniel/Getty Images
O Chicago Blackhawks de Patrick Kane faz uma temporada parecida com a do ano passado até aqui.

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Página publicada em 7 de novembro de 2010.